A bacia leiteira do Rio Grande do Norte registrou um
aumento na produção de leite em 2024, chegando a fazer uma média de 500 mil
litros por dia, ante os 450 mil registrados na média de 2023. O crescimento é
de 11%. Comparando com 2022, quando o número era de 420 mil litros/dia, o
crescimento chega a 19%. Os dados são do Sindicato das Indústrias de Laticínios
e Produtos Derivados do RN (SindLeite-RN), que espera crescer a produção em
pelo menos 10% no ano de 2025.
Segundo o presidente da entidade, Túlio Veras, o
aumento da produção leiteira é fruto de uma série de parcerias e avanços da
cadeia do laticínio no Estado. Na semana passada, o SindLeite promoveu a
primeira reunião entre os associados tendo como um dos primeiros pontos
discutidos a ampliação da parceria com o projeto Leite e Genética, do Sebrae,
que envolve consultorias com foco no melhoramento genético dos rebanhos bovinos
de leite e corte.
“Esse aumento é que, com o sofrimento dos ciclos da
seca, tenho frisado muito isso, os produtores mudaram muito a mente de que
precisam se organizar melhor para conviver com essa seca, que nos ensinou muito
a estruturar as nossas bases, seja com palma forrageira, capins perenes mais
produtivos, tecnologia na ordenha mecânica. A inseminação artificial tem
ajudado muito. Temos uma excelente parceria com o Sebrae através do Leite &
Genética. Na minha região inseminamos 500 animais ano passado, por exemplo. E isso
estamos levando para as demais regiões”, exemplifica Tulio Veras.
Apesar do crescimento, o presidente do SindLeite
cita que o RN ainda está atrás se comparado a outros estados do Nordeste. Para
superar os gargalos, o setor aposta em melhoramento genético, investimento em
tecnologia e parcerias para ampliar os números.
De acordo com Edilson Trindade, empresário do setor
e diretor-presidente da Clan, as expectativas para este ano são de melhorias.
“Através do Sindicato, estamos buscando alternativas fora do Estado, como uma
consultoria que possa trazer técnicas mais modernas e eficientes para termos um
desenvolvimento maior na bacia leiteira. As empresas vêm crescendo e existe uma
necessidade grande de melhorarmos a captação e produção de leite no RN”, aponta
Trindade.
Ainda de acordo com Túlio Veras, o sindicato tem
buscado fazer um levantamento da pecuária potiguar para entender o tamanho da
cadeia, que envolve ainda a produção de derivados do leite, como queijos,
iogurte, entre outros.
“O SindLeite tem buscado um diagnóstico da pecuária
do leite do RN para entender o porquê que ela tem crescido e a forma desse
crescimento. Temos somado esforços com a Fiern através do Mais RN, que tem
muita informação e estamos nos debruçando, enxergando que precisamos buscar o
leite competitivo. Há quatro pilares primordiais: o melhoramento genético, a
sanidade – principalmente porque temos queijos fabricados de leite cru, então
precisamos de animais saudáveis que não transmitam doenças; a nutrição é um
ponto fundamental, porque com fome o animal não produz, e aí vêm os sistemas
adequados de produção de leite, que englobam gestão, conhecimento, treinamento,
aperfeiçoamento e inovação”, acrescenta Túlio.
“O que falta é acompanharmos as inovações no setor
leiteiro. Para se ter ideia, hoje já existem robôs que estão sendo instalados
na bacia em Sergipe. Já existem Compost Barn, que é um sistema de confinamento
de animais com alta produção em pouco espaço. E isso temos ido buscar,
conhecer, mas é uma mudança de cultura”, sinaliza Veras, apontando para a
necessidade de investimentos no segmento para se ampliar os números.
Faern ajuda a aumentar produção no
interior
Com o intuito de expandir a bacia leiteira potiguar
e capacitar produtores e criadores no RN, a Federação da Agricultura e Pecuária
do RN (Faern), junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem
investido num projeto intitulado Assistência Técnica e Gerencial (ATEG). Numa
das ações mais recentes, cerca de 90 produtores de leite foram beneficiados,
aumentando suas rendas em cerca de 40%.
Segundo o presidente da entidade, José Vieira, os
produtores recebem toda uma assistência técnica do Senar-RN, tendo acesso a
conhecimento de manejo sanitário, sanidade, alimentação, gestão e genética.
Isso aumenta a qualidade do leite e, consequentemente, as vendas. Uma dessas
ações recentes aconteceu na região do Mato Grande.
“No Mato Grande, temos uma turma de assistência
técnica pecuária de leite. O que fazemos é acompanhar o produtor de leite
dentro da metodologia do Senar, em que temos metas e objetivos com aquele
produtor, trabalhando a genética, manejo e melhorando a produtividade para que
esse produtor melhore sua renda. E isso tem surtido um efeito muito positivo
para os produtores assistidos”, explica José Vieira, acrescentando que cada
turma tem assistência por dois anos.
De acordo com a Faern, cidades como Poço Branco,
João Câmara e Bento Fernandes foram beneficiadas com tanques de resfriamento em
parceria com a Clan. Em João Câmara, a produção é de 1.800 litros de leite a
cada 3 dias, e em Bento Fernandes, 4.800 litros no último mês, por exemplo. A
cidade de Jardim de Angicos deverá ser beneficiada nos próximos meses.
“Tivemos essa parceria com a Clan, porque precisamos
de uma usina para comprar o leite. Não adianta o produtor simplesmente aumentar
sua produtividade e não ter para quem vender”, aponta Vieira.
O presidente do SindLeite, Túlio Veras, aponta que a
ação é um dos alvos da cadeia leiteira potiguar, que é de “levar conhecimento
ao homem do campo”. “Eles têm feito uma assistência técnica em todo o Estado e
estamos tentando ampliar para que, quando tiver mais chuva, que o produtor
saiba aproveitar; quando tiver menos, que ele saiba conviver. Essa parceria é
importantíssima”, finaliza Veras.
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