O setor de energia solar distribuída no Rio Grande
do Norte cresceu 52,5% em 2024, superando a média nacional de 33,4% e a
regional de 36,1%. O estado atingiu 86.073 sistemas conectados à rede, sendo
29.651 apenas no último ano, o maior volume anual já registrado. Esse
crescimento foi impulsionado por investimentos de R$ 550,2 milhões.
Segundo o relatório “Evolução da Energia Solar
Distribuída no RN – 2013 a Dez 2024”, elaborado pelo Observatório da Energia
Solar com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a potência
instalada no estado chegou a 800.017,88 kWp em dezembro de 2024, um avanço
expressivo em relação aos 560.779,50 kWp do ano anterior.
“O
crescimento é impulsionado pela vocação do estado para energias renováveis,
pelo apoio de instituições como Sebrae e SENAI, pelo aumento da confiança na
tecnologia e pela queda nos preços, que tornou o retorno do investimento mais
atrativo”, afirma o economista José Maria Vilar, criador do Observatório da
Energia Solar.
A maior concentração de conexões ocorre na Região
Metropolitana de Natal e nos polos econômicos do Médio Oeste e Alto Oeste.
Natal lidera o ranking estadual com 16.626 conexões (19,3%), seguida por
Mossoró (14.943 – 17,4%), Parnamirim (9.876 – 11,5%), Caicó (3.052), Apodi
(1.939) e Pau dos Ferros (1.689). Em termos de penetração mercadológica,
Mossoró (16,2%), Pau dos Ferros (15,7%), Apodi (15,0%), Caicó (13,8%) e
Parnamirim (11,0%) são os municípios com maior percentual de sistemas por
domicílio.
A energia solar distribuída no RN é
predominantemente residencial, com 83,9% dos sistemas instalados. O setor
comercial aparece em seguida, com 12,2% das conexões, mas responde por 30,3% da
potência instalada, enquanto os consumidores residenciais acumulam 57,0%. Outros
segmentos também avançaram. A classe industrial possui uma potência instalada
de 44.494,91 kWp, com uma média de 104,45 kWp por sistema. O setor rural
responde por 3,1% das conexões e 5,5% da potência total. “Estima-se que a
atividade esteja gerando cerca de 5 mil empregos no RN”, comenta o economista.
Apesar do avanço expressivo, o setor enfrenta
desafios como a dificuldade na obtenção de crédito e entraves burocráticos.
Empresas relatam demoras na aprovação de projetos, prazos prolongados para
vistorias e problemas na contabilização de créditos energéticos. “Alguns dos
principais gargalos são os riscos de eventuais mudanças na legislação,
relacionamento junto às concessionárias, envolvendo desde a aprovação dos
projetos até sua conexão à rede, entrada em funcionamento e computação dos
créditos”, aponta Vilar.
Expansão
Mesmo com os desafios, o mercado ainda tem grande
potencial de expansão. Apenas 7,5% dos domicílios potiguares possuem sistemas
fotovoltaicos, indicando uma ampla margem para novas instalações. Entre as
oportunidades futuras, destacam-se sistemas híbridos com baterias, carregadores
para veículos elétricos e o ingresso no mercado livre de energia. “Acreditamos
que bateremos novos recordes. Ninguém vai querer continuar pagando energia cara.
A ordem é ser um prossumidor de energia, e esse recurso está aí para todos, uma
prova de liberdade econômica”, afirmou Williman Oliveira, presidente da
Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER).
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