O dólar voltou a operar em forte alta nesta
terça-feira (17) e ultrapassou a marca de R$ 6,20, registrando um novo valor
recorde.
A disparada da moeda norte-americana afeta a vida do
brasileiro de todas as classes sociais, na medida em que piora a inflação,
torna importações mais caras, encarece viagens e comprar para o exterior, mas,
por outro lado, torna mais rentáveis as vendas do exportador.
Entenda os efeitos abaixo:
Reflexo na inflação e nos preços
A alta do dólar tem impacto direto nos preços dos
produtos no Brasil, especialmente nos bens essenciais. Quando a moeda
norte-americana sobe, itens importados ou que dependem de insumos
internacionais, como combustíveis, eletrônicos e até alimentos, sofrem aumento.
Mesmo produtos nacionais, como a soja, podem ficar
mais caros: os produtores preferem exportar, recebendo em dólar, e isso encarece
o abastecimento interno. Especialistas alertam que o efeito pode se
intensificar nos próximos meses, resultando em maior pressão inflacionária.
Para o brasileiro comum, um dólar alto significa um
aumento nos preços de produtos como alimentos, combustíveis, eletrodomésticos e
até passagens aéreas. Com a inflação pressionada, o poder de compra diminui e,
muitas vezes, consumidores recorrem a produtos de marcas mais baratas ou
reduzem gastos não essenciais. O setor de supermercados, por exemplo, já
observa uma preferência crescente por itens de marca própria, como alternativa
para driblar os preços elevados.
Viagens e compras ao exterior
O dólar em alta tem um impacto direto no bolso dos
brasileiros que planejam viagens internacionais ou já estão com passagens
compradas. Com a moeda norte-americana cotada acima de R$ 6,20, os custos de
hospedagem, alimentação, passeios e compras fora do país aumentam consideravelmente,
uma vez que grande parte das despesas no exterior é calculada em dólar ou
outras moedas indexadas a ele.
Além dos gastos no destino, o aumento do câmbio
também afeta a compra de passagens aéreas, que são majoritariamente
precificadas em dólar. Isso tende a desestimular o turismo internacional,
levando muitos brasileiros a adiar suas viagens ou buscar alternativas dentro
do país. Para quem já adquiriu pacotes turísticos, o impacto se sente
principalmente nas taxas extras e no uso de cartões de crédito, onde o valor é
convertido pela cotação do dia, com o adicional do IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras).
Outro reflexo é no tradicional hábito de compras
fora do Brasil, principalmente em países como os Estados Unidos, onde
brasileiros costumam adquirir eletrônicos, roupas e outros produtos. Com o
dólar em alta, os itens comprados no exterior se tornam menos atrativos, pois
os preços finais, após conversão, perdem a vantagem em relação aos valores
praticados no mercado nacional.
Reflexo nas exportações e importações
A valorização do dólar tem efeitos distintos para
quem exporta e importa. De um lado, os exportadores brasileiros se beneficiam,
já que ganham mais em reais ao venderem para o exterior.
O agronegócio e a indústria que comercializam
commodities, como soja e minério de ferro, são setores favorecidos. Por outro
lado, empresas que dependem de produtos importados — como peças automotivas,
eletrônicos e medicamentos — enfrentam custos maiores, que são repassados ao
consumidor final.
Juros mais altos
Com a alta do dólar, o Banco Central costuma adotar
medidas para conter os impactos sobre a economia, como elevar a taxa de juros.
A Selic, que é a taxa básica, já foi ajustada recentemente para 12,25% — maior
patamar do governo Lula —, e deve subir ainda mais, segundo sinalizações do BC.
Juros mais altos encarecem o crédito, afetando
financiamentos, empréstimos e o consumo das famílias. Para os investidores, a
medida pode atrair mais capital estrangeiro e ajudar a conter a disparada da
moeda, mas o efeito no bolso do brasileiro é um consumo mais caro e acesso
restrito a crédito.
E por que o dólar não para de subir?
O aumento do dólar está diretamente ligado à
desconfiança dos investidores em relação ao cenário fiscal brasileiro.
O pacote de cortes de gastos apresentado pelo
governo gerou dúvidas sobre sua eficácia no controle do endividamento público,
agravando a situação.
Ao mesmo tempo, as intervenções do Banco Central no
câmbio têm tentado reduzir a volatilidade da moeda, mas os efeitos permanecem
limitados frente à piora nas expectativas.
G1
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