Por Tribuna do Norte.
O deputado estadual, Gustavo Carvalho (PSDB)
ironizou a decisão do governo de aumentar impostos: “Parece que o Governo do RN
está querendo comemorar o Dia da Mentira. Porque ao final do ano votamos uma
mensagem governamental sugerindo a partir do dia 1º de abril, um aumento na
taxação de ICMS”, disse. “Eu votei contra, mas os governistas votaram a favor e
saíram vitoriosos”. Gustavo lembra que a Lei Nº 11.314/22 tem um condicionamento
que só teria aumento caso não tivesse compensação por parte do Governo Federal
para recompor as perdas com a redução de ICMS em 2022.
“Mesmo tendo a compensação financeira pelo Governo
Federal e não podendo mostrar à população a perda de arrecadação; mesmo assim
implanta, indiferentemente do acordo que foi feito na Casa Legislativa, junto
às lideranças e a sua própria bancada. Eu considero um desrespeito a
governadora usar colegas parlamentares, que fazem parte da bancada, para
votarem uma matéria com um condicionamento e, após esse prazo, aplicá-la sem
condicionamento algum. Isso é crime”, definiu o deputado.
Ao citar informações do Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz), Gustavo Carvalho disse que a arrecadação
tributária do RN alcançou R$ 1,27 bilhão em 2022 e este ano será de R$ 1,32
bilhão, uma variação de 4,23%. “O que o Governo tem de fazer é não enganar a
população e o seu contribuinte”, disse o deputado, salientando que em 10 de
março, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Estado vai
receber R$ 277 milhões pelas perdas em 2022, mas que não cobrem as perdas, de
acordo com a Secretaria de Tributação, embora dados do Banco do Brasil já
projetem um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do RN de 0,80% em 2023.
“Índice superior ao do Nordeste, que é de 0,30%, portanto 0,50% a mais do que é
a media para a região”.
O deputado disse que o Governo do RN vai descumprir
um acordo firmado com entidades do setor produtivo ao aumentar o ICMS a partir
de 1º de abril, mesmo contendo uma cláusula na lei aprovada em dezembro de
2022, de que em caso do Rio Grande do Norte receber do Governo Federal a
garantia de compensação por perdas de arrecadação no ano passado, não ocorreria
majoração de ICMS.
“A bancada do governo votou a favor (do aumento do
ICMS), mas com o compromisso de que, se houvesse a compensação, o governo não
implantaria o aumento. Mas o governo vai implantar. Quero saber se não vamos
ter a contestação sobre esse acordo feito”, destacou Carvalho.
Segundo Carvalho, entidades de classe participaram
dessas negociações com o governo. “Mas será que os órgãos não merecem o
respeito das pessoas que, naquela ocasião, representavam o governo e fizeram o
acordo da não implementação da alíquota se houvesse compensação federal?”,
questionou.
Carvalho disse que a alíquota do ICMS do combustível
no RN só volta ao patamar de 18% em janeiro de 2024: “O que o governo quer a
mais do contribuinte? Quer perder ainda mais a competitividade que estamos
perdendo ao longo de anos? O que é que o governo busca esperar para que o
Estado possa voltar aos trilhos do desenvolvimento? Só estamos vendo
comparações que nos deixam atrás no Nordeste. Onde nós vamos parar, onde nós
queremos chegar?”.
Repercussão
O deputado Nelter Queiroz (PSDB)entrou no debate
questionando por que a governadora Fátima Bezerra (PT) não seguiu o exemplo do
Governo da Paraíba – tema de reportagem da Tribuna do Norte de quarta-feira
(29) – que recentemente anunciou um pacote de incentivos fiscais como maneira
de aumentar a arrecadação de tributos naquele vizinho Estado: “Por que a equipe
de tributação do Rio Grande do Norte não visita o governo paraibano para
desenvolver a mesma ação? Como membro da Comissão de Finanças e Fiscalização da
Casa, irei propor uma visita do colegiado à equipe técnica da Paraíba para
conhecermos de perto esses pacotes de incentivo”, disse.
Queiroz arguiu que o reajuste da alíquota do ICMS
estava condicionado a não recomposição por parte do Governo Federal, decorrente
da frustração de receitas, apesar de o governo Lula já ter anunciado essa
compensação, mas não formalizada, no valor de R$ 277 milhões, para o Rio Grande
do Norte, e que “estão bem abaixo dos R$ 420 milhões perdidos no segundo
semestre de 2022”.
Segundo Queiroz, ao contrário do Governo do Estado,
os governos da Paraíba, Minas Gerais e São Paulo já anunciaram pacotes fiscais
de estímulo ao desenvolvimento econômico com redução de ICMS. “Dessa forma o
Governo vai desempregar os trabalhadores, fechando mais empresas”, disse ele.
Paraíba
Na sequência, o deputado Tomba Farias (PSDB) disse
que visitou a Assembleia Legislativa da Paraíba na terça-feira (28), onde teve
a oportunidade de conhecer o projeto de lei sobre a diminuição de impostos no
estado vizinho.
Tomba Farias também lembrou que o Executivo Estadual
havia exposto que se “acontecesse por parte do Governo Federal a compensação do
ICMS, não faria esse aumento”.
Prejuízos
Já o deputado Adjuto Dias havia encaminhado projeto
de lei para postergar a entrada em vigor das novas alíquotas de ICMS no RN,
prevista para o dia 1º de abril.
De acordo com o parlamentar, a onda de ataques
criminosos impactou significativamente a economia estadual e a matéria busca
evitar prejuízos decorrentes da medida prevista em lei.
“Diante deste cenário, é necessário que sejam
tomadas medidas para evitar que os empresários sejam ainda mais prejudicados e
para garantir o desenvolvimento econômico do Estado”, justificou Adjuto,
destacando os prejuízos ao setor turístico e sugeriu ao Governo do Estado a
elaboração de um plano de recuperação em favor das empresas impactadas em razão
dos ataques terroristas. “Infelizmente, a situação acabou por atingir
fortemente uma das molas propulsoras da economia estadual: o segmento do
turismo. É salutar socorrer as empresas”, observou.
Para líder do Governo não se governa sem
dinheiro
O líder do Governo na Assembleia Legislativa,
deputado Francisco do PT, defendeu a alteração a maior da alíquota de ICMS,
porque “não se governa sem dinheiro”.
Francisco do PT declarou que a a medida é necessária
em virude da perda de arrecadação tida pelo governo estadual em 2022, por causa
da diminuição do imposto sobre combustíveis, energia elétrica e
telecomunicações.
“Estados e municípios não têm máquina de fazer
dinheiro. Os estados são administrados a partir dos recursos que arrecada, e
arrecada a partir de impostos. Não tem outro modelo. É muito simples cobrar que
faça tudo sem dizer de onde vem o dinheiro”, afirmou o parlamentar.
Francisco rebateu, também, o deputado Gustavo
Carvalho, que em outro pronunciamento disse que o governo estadual está
descumprindo um acordo com entidades do setor produtivo. Gustavo lembrou que a
lei que autorizou o aumento do ICMS, aprovada em dezembro de 2022, contém uma
cláusula prevendo a anulação do reajuste caso o Rio Grande do Norte recebesse
do Governo Federal a garantia de compensação por perdas de arrecadação no ano
passado.
O líder do governo enfatiza que a compensação ainda
não foi paga e que o valor, quando entrar, não cobrirá as perdas do ICMS: ““É
preciso entender que essa medida excepcional e temporária da elevação da
alíquota do ICMS é até quando a compensação entrar. Ainda não entrou”.
Segundo o deputado petista, “há m acordo que vai
compensar, mas ainda não entrou. Temos que dizer isso ao povo do Rio Grande do
Norte. A compensação ainda não existiu”.
Também membro da bancada da situação, o deputado
Hermano Morais (PV) disse que por conta do pouco tempo, na sessão ordinária de
ontem, somente se pronunciaria hoje sobre “a questão do ICMS majorado, que tem
causado muita repercussão e aflição aos pagadores de impostos”.

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