A Câmara Municipal de Natal (CMN) vai apreciar, no
prazo de 45 dias, os três projetos de lei sobre isenção de ISS, subsídios às
empresas operadoras do serviço e revogação da lei que criou, em 1997, o sistema
opcional de transportes na cidade, que deverão viabilizar a abertura da
licitação para operacionalização do sistema de transporte público do Município.
O prefeito Paulinho Freire (União Brasil) foi
pessoalmente ao gabinete do presidente da Casa, vereador Ériko Jácome (PP),
entregar as propostas de leis: “Fizemos questão de entregar os projetos de
fundamental importância para lançarmos o edital do transporte coletivo,
acredito até o começo de novembro, para começarmos a melhorar o nosso
transporte público”.
Paulinho Freire afirmou que os projetos “formam a
base legal necessária para o avanço da licitação do transporte público, que
está entre as principais demandas da sociedade natalense”.
“A expectativa é de que, com o novo marco, o sistema
passe a operar com maior segurança jurídica, eficiência e qualidade”, otimizou
o chefe do Executivo.
Já o presidente da CMN, Eriko Jácome, destacou como
essencial o diálogo entre os Poderes Executivo e Legislativo. “Agradecemos a
sensibilidade do prefeito em vir pessoalmente, mantendo esse contato direto com
os vereadores. Vemos nas comunidades o desejo e o pedido da população pela
melhoria do transporte público e agora foi dado um grande passo para
melhorarmos e trazermos mais qualidade ao sistema”, disse.
Para Jácome a apresentação dos projetos por Paulinho
Freire “é um passo importante para destravar um tema que há anos precisa de uma
solução definitiva em Natal”.
Jácome acrescentou que “a Câmara vai analisar com
responsabilidade e celeridade, porque entendemos a urgência que o sistema de
transporte público exige. Nosso compromisso é garantir um debate transparente,
ouvindo todos os setores, para que essa licitação traga um serviço mais
eficiente e acessível para a população”.
O líder do prefeito na Casa, vereador Aldo Clemente
(PSDB), disse que “com espírito público, pede à bancada que dê celeridade na
aprovação desses projetos para agilizarmos essa licitação. Com certeza é um
grande passo que o prefeito está dando e que conta agora com a nossa
colaboração”.
Aldo Clemente declara que “isso é um pontapé para
que a licitação seja colocada, seja publicada, as empresas participem e nós
tenhamos no futuro de pequeno, médio e longo prazo uma melhora significativa
nas linhas, nos anos dos ônibus, na melhoria do conforto da população”.
Clemente explicou que as matérias foram lidas já no
expediente da sessão da terça-feira (14) e agora serão distribuídas às
comissões temáticas: “Nossa previsão é que as matérias tramitem de forma rápida
nas comissões da Casa e tenhamos uma votação final do plenário até o final
deste mês”.
Os projetos vão tramitar ppor três Comissões –
Legislação, Justiça e Redação Final; Finanças, Orçamento, Controle e
Fiscalização e na de Transportes, Legislação Participativa e Assuntos
Metropolitanos.
Presidente da Comissão de Transportes, o vereador
Léo Souza (Republicanos), vai avocar para si a relatoria dos três projetos por
estarem interrelacionados e dar agilidade a sua tramitação. “Já me antecipei,
inclusive pedi vista já aos projetos, mas é bem verdade que já estava em
diálogo com a Prefeitura desde o início, falando que precisava adequar essa
lei, principalmente o projeto da lei do subsídio, que é diferente dessa lei do
subsídio de agora, pois está prevendo uma porcentagem”.
Léo Souza pondera que uma lei tende a ficar defasada
com o passar dos anos. “O combustível que a gente coloca hoje, infelizmente, é
mais caro do que o de ontem. E isso vale para muita coisa. Então, como é um
processo que não vai resolver à medida que a licitação acontecer, essa lei
precisava estar atualizada”, explicou.
Souza chama a atenção que mesmo com subsídio atual,
defasado, “que é o que a população vai cobrar, é que estamos subsidiando um
serviço ruim. A gente quer, de fato, a melhor. Então, eu acho que o que eu
espero agora, e é o que eu venho cobrando, é que a gente tem que dê qualidade
para as pessoas. Eu costumo dizer lá na comissão de transporte que só usa o
ônibus hoje aqui em Natal quem é excluído. Quem ou não tem dinheiro para um
transporte individual ou que não tem outro meio”.
Prefeitura cumpre recomendações do TCE
A secretária municipal de Mobilidade Urbana, Jódia
Melo, disse que os projetos de lei “são necessários e condicionantes para que a
licitação de fato seja publicada, porque inclusive foram apontamentos que o
próprio TCE indicou”.
Jódia Melo explicou que em Natal já vem praticando
subsídio dos transportes coletivos desde pandemia (2020) com a isenção do ISS:
“Isso já é um tipo de subsídio, além disso foi adotado, de 2023 para cá uma
tarifa chamada tarifa técnica, que é a tarifa que de fato remunera o sistema,
que paga o sistema de transporte, mas não é 100% transferida para a população”.
A informação de Jódia Melo é de que a tarifa técnica
é de R$ 5,14 – valor que poderia ser todo bancado pelos usuários do sistema
público de transportes. “No entanto, a nossa tarifa que a gente chama de
pública, que é quanto as pessoas pagam, é de R$ 4,90. Então essa diferença de
R$ 5,14 menos R$ 4,90 dá R$ 0,24. Esses R$ 0,24 é pago pelo poder público, pela
gestão municipal”, explicou.
“O que se pratica hoje já estava autorizado, de
forma compensatória, mas agora vai realmente remunerar o sistema, esse projeto
de lei autoriza esse subsídio, o que se paga hoje é uma determinação judicial”,
acrescentou.
Seturn
O coordenador jurídico do Sindicato das Empresas de
Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn), Augusto Costa Maranhão
Valle, disse que já no primeiro semestre o Tribunal de Contas do Estado fez
essas recomendações “para poder viabilizar a questão da licitação dos
transportes e o custo do serviço, o prefeito está dando sequência à tramitação
burocrático o que o TCE indicou”.
Augusto Maranhão Valle acredita que “se tudo correr
bem, é possível que se tenha um edital de licitação ainda esse ano”, tendo
exposto que o subsídio hoje “é uma renúncia de compensação de débito”, mas com
a lei a ser aprovada na Câmara, passa a ser pago.
“A gente tem um subsídio de compensação tributária
de débitos. Agora vai ser um subsídio para custear o serviço. E aí a
autorização que a prefeitura pede é para fazer esse custeio, a forma que ela
não disciplinou ainda e como é que vai fazer esse custeio”, continuou.
Mesmo entendo que as regras para a licitação do
transporte público só serão conhecidas após publicação do edital, Maranhão
salienta que a apresentação dos projetos de lei na Câmara “dão uma certa
sensação de que as coisas estão andando”.
Nova política busca modernizar
transporte
A política de incentivos fiscais da Prefeitura de
Natal para os operadores do sistema público de transporte coletivo tem algumas
condicionantes.
No caso da isenção do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN), em caráter transitório, sua validade vai de 1º de
janeiro de 2025 a 30 de junho de 2026.
O Executivo destaca que se trata de renúncia já
praticada em s exercícios anteriores, devidamente registrada na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025 e na Lei Orçamentária Anual LOA vigente,
não comprometendo as metas fiscais estabelecidas.
A isenção será aplicável durante toda a vigência dos
contratos de concessão do transporte público coletivo de caráter urbano do
Município do Natal firmados até 30 de junho de 2026, podendo ser renovado o
benefício até 31 de dezembro de 2026 em caso de intercorrência.
Para usufruir do benefício, os operadores deverão
atender condições, como conceder acesso integral aos sistemas de bilhetagem
eletrônica, incluindo os dados em tempo real do quantitativo de passageiros
transportados por categoria, linha, empresa, veículo e outros solicitados pelo
Órgão Gestor, além de estoques de crédito, além de Sistema de Posicionamento Global
(GPS) e manter as gratuidades estabelecidas na legislação vigente.
Também devem manter a aplicação da tarifa social nos
feriados nacionais, estaduais e municipais. O benefício desta Lei não se aplica
aos serviços de transporte público coletivo classificados como de caráter
especial, conforme ato expedido pelo Poder Executivo.
Já a chamada Lei do Subsídio tarifário aos usuários
do transporte coletivo, é condicionada à existência de dotação orçamentária
específica.
A proposta permite que a licitação preveja recursos
públicos para manter a tarifa acessível, garantindo o equilíbrio financeiro
entre Município e concessionárias, porém, os recursos não vinculados a impostos
e transferências excepcionais serão limitadas a 40% do custo operacional do
sistema.
Opcionais
O projeto de lei que que revoga a Lei n.º 4.8821997
do transporte opcional assegura regime transitório para as permissões e
autorizações atualmente em vigor, mas visa adequar o ordenamento jurídico
municipal à nova modelagem do Sistema de Transporte Público Coletivo Urbano de
Passageiros, que será implementada a partir de processo licitatório, em
conformidade com os princípios da legalidade, da eficiência, da isonomia e da
continuidade do serviço público.
A revogação da Lei nº 4.882/1997 não acarretará a
interrupção imediata do serviço atualmente prestado sob regime de permissão ou
autorização, que permanecerá regido pelas cláusulas e condições nelas
estipuladas, bem como pela legislação vigente.
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