A estimativa de cura para pacientes com câncer de próstata pode chegar a até 98%. A avaliação é do supervisor de robótica do Departamento de Terapia Minimamente Invasiva da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Gilberto Laurino Almeida.
Segundo o médico, o resultado depende do
estágio da doença, do tipo de câncer e do momento em que o paciente foi
tratado. “No início da doença, a chance de cura é alta. Se foi tratado com
a doença em estágio mais avançado, a chance é menor”, afirmou o urologista.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima para
este ano 71.730 novos casos de câncer de próstata no Brasil. Depois do câncer
não cutâneo, este tipo de câncer é o que apresenta maior frequência e
impacto na população masculina. Dados do sistema de informações sobre
mortalidade do Ministério da Saúde revelam que, em 2023, ocorreram 17.093
óbitos em decorrência da doença, o que significa 47 mortes por dia.
Campanha
Almeida destacou que os homens precisam se
cuidar. Este é o mote da Campanha Novembro Azul 2025, que a instituição está
prestes a lançar. “Não é só a próstata. Tem todo um conceito de saúde por trás
disso tudo. É a saúde do homem que está em jogo; não só a saúde da próstata.
Para viver mais, o homem precisa se cuidar mais”. Ele reforçou que, hoje, as
pessoas vivem mais e melhor.
“E se o homem não estiver inserido nesse contexto,
claramente ele vai perder anos de vida por algumas doenças que são evitáveis,
como o câncer de próstata. A cura, como falei, chega a até 98% mas, para isso,
tem que ser diagnosticado no estágio inicial”.
A Campanha Novembro Azul entra para fazer com
que os homens se lembrem dessas informações e procurem um médico
urologista. Uma das dificuldades apontadas pelo especialista da SBU é que
o homem não tem o hábito de visitar o médico com frequência, como ocorre com as
mulheres em relação ao ginecologista.
Inserido na Campanha Novembro Azul deste ano, a SBU
fará um mutirão de atendimentos em Florianópolis (SC), no próximo dia 12,
dentro do 40º Congresso Brasileiro de Urologia, que ocorrerá no período
de 15 a 18 daquele mês. O mutirão vai alertar sobre o câncer de próstata e
submeter muitos homens à avaliação sobre esse tipo de doença. Caso
alguns tenham suspeita de câncer de próstata, serão encaminhados para
biópsia. Caso a biópsia confirme o câncer, os homens serão direcionados
para o melhor tratamento.
Segundo o médico, entre 85% e 90% dos casos de
câncer de próstata são esporádicos, isto é, não têm origem familiar. O que
se chama de preventivo do câncer de próstata é o homem consultar seu
urologista, pelo menos uma vez por ano. “Ele está fazendo a prevenção de
um diagnóstico tardio para obter cura. É uma doença extremamente curável, desde
que seja tratada no momento certo, na fase inicial. A gente, pegando um tumor
na fase inicial, cura a maioria deles”.
SUS
Atualmente, a cirurgia robótica é a mais adotada
pelos urologistas para a retirada de tumores da próstata. Almeida celebrou
a decisão do Ministério da Saúde de incorporar a prostatectomia radical
assistida por robô para o tratamento de pacientes com câncer de próstata
clinicamente avançado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com
a portaria ministerial, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 dias para
efetivar a oferta no SUS.
Almeida afirmou, entretanto, que “embora todos nós
tenhamos consciência de que essa tecnologia é excelente e que deva entrar no
SUS para acesso dos pacientes e benefício deles, a gente entende claramente que
o momento foi um pouco no atropelo para isso acontecer porque não existe robô
no SUS para atender esses pacientes. Ou existem poucos”.
Segundo explicou, trata-se de uma tecnologia muito
cara. “Até os hospitais poderem comprar (os equipamentos), instalar,
treinar as equipes, isso demora muito. Então, hoje existe esse gap (lacuna)
entre o que foi aprovado e o que, realmente, vai acontecer e que nós, de fato,
não sabemos”.
De acordo com o especialista, de modo geral,
os hospitais não têm condições financeiras para adquirir uma plataforma
robótica no momento. Ele acredita que a preparação da rede hospitalar do SUS
vai demorar a se tornar realidade muito mais tempo do que os 180 dias
estabelecidos pelo Ministério da Saúde para efetivação da oferta aos pacientes
pelas áreas técnicas. “E nem todos vão ter acesso”, salientou.
Indagado se os pacientes com câncer de próstata
poderiam fazer esse procedimento com robô nos hospitais privados conveniados do
SUS, o médico informou que isso vai depender muito da dinâmica em que esse
processo será implementado.
“Existem outras cirurgias que foram introduzidas no
âmbito do SUS e até hoje não ocorreram porque essas cirurgias demandam equipamentos,
demandam materiais que são descartáveis. Tudo isso ainda não foi normatizado,
nem regularizado.”
Citou como exemplo a ureteroscopia, que é uma
cirurgia endoscópica que serve para tirar pedras nos rins. “É um procedimento
também de alto custo. Ele entrou no âmbito do SUS mas, até hoje, a gente não
faz porque não estão regularizados todos os processos para se usar materiais
descartáveis e tudo o mais”. No caso do câncer de próstata no SUS, reafirmou
que não há robôs suficientes no Brasil para todos os hospitais, nem equipes
treinadas. “Não estava tudo pronto”.
Robótica
A cirurgia de câncer de próstata por robótica é como
se fosse uma cirurgia laparoscópica. O procedimento inclui portais que são
colocados no abdomen ou no tórax do paciente, dependendo de onde será a
cirurgia, por onde entram equipamentos chamados pinças. As pinças são acopladas
aos braços robóticos que são manipulados ou coordenados pelo cirurgião, que se
encontra sentado fora do acesso ao paciente, em um local chamado console.
Contudo, sempre junto ao paciente tem outro cirurgião que auxilia no
procedimento. A cirurgia robótica permite que o cirurgião tenha uma visão
3D ampliada e um controle mais preciso dos movimentos.
A cirurgia laparoscópica difere da cirurgia
endoscópica, em que o equipamento (pinça) entra no paciente pela uretra, para
raspagem da próstata, quando não há câncer no local. Almeida reafirmou que
os pacientes com câncer de próstata localizado submetidos à cirurgia têm
estimativa de cura, em tumores sem metástese, que chega até a 98% da doença.

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