Uma produtora ligada a um sócio do ministro da
Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, recebeu R$ 12
milhões em contratos com o governo federal nos últimos dois anos. Os pagamentos
vieram da Caixa Econômica Federal e da Embratur, estatais do governo Lula.
Quem é quem no caso
A produtora Macaco Gordo, do empresário Francisco
“Chico” Kertész, é parceira de Sidônio em outra empresa: a Nordx (antiga M4
Comunicação), criada em 2022 para trabalhar na campanha eleitoral de Lula e que
hoje presta serviços ao PT nacional.
Sidônio é sócio da Nordx, mas, por ser ministro, não
atua mais na gestão da empresa.
Chico Kertész, além de produtor, também é dono de
uma rádio em Salvador e frequenta eventos políticos. Segundo registros
oficiais, ele visitou o Palácio do Planalto 13 vezes em 2025 para se encontrar
com Sidônio. O empresário afirma que todos os encontros tiveram “motivos
pessoais”.
Como foram feitos os contratos
As contratações da Macaco Gordo foram indiretas,
feitas por meio de agências de publicidade que prestam serviço às estatais —
como Binder, Calia e Propeg.
Essas agências são contratadas via licitação, mas as
produtoras que executam os vídeos são escolhidas por cotação de preços, sem
necessidade de um novo processo licitatório.
Entre 2024 e 2025, a Macaco Gordo produziu oito
campanhas publicitárias: seis para a Caixa e duas para a Embratur. Entre elas,
estavam ações como Quina de São João, Mega da Virada, Poupançudos, Minha Casa
Minha Vida e uma campanha sobre afroturismo filmada em Salvador.
Valores e pagamentos
De acordo com dados obtidos pelo Estadão, a Macaco
Gordo recebeu R$ 3,6 milhões da Caixa em 2024 e R$ 4,3 milhões em 2025 — cerca
de 20% de tudo o que o banco gastou com produtoras no período.
A Embratur também contratou a produtora em duas campanhas no valor de R$ 1,9
milhão cada.
As agências e estatais afirmam que a produtora foi
escolhida pelo menor preço e que todo o processo seguiu as normas legais.
Dispensa de cotação e suspeitas
anteriores
Um dos maiores contratos da Macaco Gordo — uma
campanha sobre renegociação de dívidas da Caixa, no valor de R$ 2,3 milhões —
teve dispensa de pesquisa de preços após um aditamento contratual.
A agência Calia, responsável pela ação, alegou que se tratava apenas de um
complemento de serviço já aprovado.
No passado, o Tribunal de Contas da Bahia já havia
apontado falta de transparência em contratos da produtora com a agência
Leiaute, de Sidônio, durante o governo estadual do PT. O caso foi encerrado
após um acordo com o Ministério Público da Bahia para reforçar controles
internos.
O que dizem os envolvidos
O ministro Sidônio Palmeira afirmou que “jamais
indicou” a Macaco Gordo ou qualquer fornecedor e que está afastado da
administração das empresas das quais é sócio.
A Secom também declarou que não interfere nas
escolhas das agências de publicidade contratadas pelo governo.
Já Chico Kertész disse que sua produtora foi
contratada por “qualificação técnica e menor preço”, sem qualquer envolvimento
da Secom.
A Caixa e a Embratur confirmaram que as contratações
seguiram os critérios legais e de custo mais baixo. As agências Binder e Calia
reforçaram a mesma justificativa. A Propeg não respondeu.
Com informações de Estadão
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