Tribuna do Norte
Caso a alíquota modal do ICMS no Rio Grande do Norte
fique acima dos 18% em 2024, a expectativa é de que as vendas nos supermercados
reduzam, o que significa queda no consumo das famílias potiguares. A previsão é
do presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn),
Gilvan Mikelyson. Segundo ele, depois do reajuste de 18% para 20% neste ano,
foi observada queda no poder de compra dos consumidores, mesmo com a deflação
dos alimentos.
“A gente tem notado uma perda do poder de compra por
parte do consumidor e isso ocorreu agora praticamente no segundo semestre,
depois de estabelecer o ICMS em 20%. A gente notou uma venda menor, tanto em
volume, quanto em faturamento, embora alguns preços tiveram uma deflação”,
conta o empresário.
O índice de 20% está previsto para vigorar somente até o próximo dia 31 de
dezembro. Contudo, o Governo do Estado tenta evitar que a alíquota retorne aos
18%. Inicialmente, encaminhou à Assembleia Legislativa do Estado um projeto
para manter definitivamente em 20%, mas enfrentou rejeição dos deputados e do
setor produtivo. Num recuo, o líder do Governo apresentou uma proposta para
fixar em 19%.
Apesar disso, as entidades mantêm posicionamentos
inalterados contra o aumento da carga tributária no Estado, como é o caso da
Assurn.
“O aumento não é a solução para as dificuldades que
o nosso Estado passa. Permanecer nos 18% seria o viável para que a economia se
fortaleça, para que a gente possa vender mais”, afirma Mikelyson.
Ele diz que, apesar de alguns gêneros alimentícios
estarem com preços inferiores e, em alguns casos, pela metade do que era
praticado há um ano, o setor não está conseguindo vender como antes e associa,
entre outras questões, ao aumento do imposto.
“A questão do ICMS é uma questão global, não envolve
só o setor de supermercados porque é um aumento feito em cadeia. Os serviços
ficam mais caros, os produtos ficam mais caros, e tudo isso é repassado”,
aponta o presidente da Assurn.
Ele explica que, além da deflação de alguns
produtos, há algumas questões de acomodação do mercado local, disputa de
mercado por perda de venda e isso também ajudou na redução dos preços para
tentar vender. O efeito é que essa queda nos preços estaria mascarando o efeito
do aumento do ICMS no RN. “Então, isso mascara um pouco esse aumento. A gente
está com essa situação mascarada, mas quando finalizar o ano, a gente vai poder
realmente fazer uma apuração do quanto isso foi prejudicial, em relação ao ano
passado”.
Não há, portanto, como a Assurn mensurar o quanto
esse contexto estaria mascarando os efeitos do ICMS em 20% no setor, segundo
Gilvan Mikelyson. Em todo o país, a projeção é de fechar o ano com um
crescimento entre 2% e 2,5%, mas ele pondera que essa estimativa não considera
a inflação.
“É um crescimento que não vai nem superar o número
da inflação. Então, a gente acredita que, se houver crescimento, vai ser um
crescimento mínimo. Mas há perda de venda de volume, não se vende mais o mesmo
volume que se vendia e nem se fatura mais como se faturava. Isso dificulta o
planejamento, a execução das nossas divisões de departamentos comerciais”,
aponta o empresário.
Na quinta-feira (07), pela terceira vez consecutiva,
a Assembleia Legislativa não obteve quórum, que é o número mínimo exigido de
oito deputados, para abrir a sessão ordinária, adiando mais uma vez a votação
do recurso do PT contra o ICMS e de outras matérias de interesse dos
parlamentares.
Deputados que já tinham votado contra a aprovação da
alíquota de 20%, conforme lei sancionada em dezembro de 2022, continuam
irredutíveis na defesa da volta da alíquota de 18% a partir de janeiro de 2024,
mesmo com o Governo do Estado baixando em 1 ponto percentual a proposta sobre a
adoção de uma nova alíquota.
Outras críticas
Outras
entidades também mantêm posicionamentos críticos contra o aumento da carga
tributária no Estado. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte
(Fiern). “A posição da indústria permanece a favor do retorno da alíquota do
ICMS aos 18%, conforme deliberado pela Assembleia Legislativa em 2022. É o que
sugerimos ao parlamento”, disse o presidente da instituição, Roberto Serquiz.
O presidente da Fiern afirmou que “a indústria do
Rio Grande do Norte está em fase de recuperação, buscando o retorno a um patamar
em que estava ainda em 2011”. Para Serquiz, aumentar impostos “é sacrificar
ainda mais a fonte de recursos e empregos, colocando um freio nessa
recuperação. Para o RN, qualquer aumento nesse momento impactará
negativamente”. Roberto Serquiz disse, ainda, que “está claro que não basta
pensar em aumentar a arrecadação, se não houver, por outro lado, um plano de
contingência para o equilíbrio fiscal do Estado”.
A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do RN
(Faern), na qualidade de entidade representativa do setor agropecuário
potiguar, é contra o aumento de impostos, pois entende que o setor produtivo e
a sociedade potiguar como um todo não suportam mais o peso da carga tributária,
que dificulta a geração de empregos e o crescimento da economia. O presidente
da Faern, José Álvares Vieira, manifestou que o Estado “precisa buscar
alternativas que promovam uma sustentabilidade financeira sem que para isso os
produtores e o povo precisem pagar mais impostos”.

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