O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) elaborado
pelo Governo do Estado para 2024 vai à votação possivelmente no dia 13, na
Assembleia Legislativa, baseada numa alíquota de 20%, mesmo sem ter projeto
deliberado no plenário da Casa, onde a maioria dos deputados (14) já se
pronunciou contra a substituição da alíquota de 18% a vigorar em janeiro do
próximo ano.
Parlamentar da própria base governista, o deputado
George Soares (PV) chamou a atenção para o fato, depois confirmado pela
secretária estadual do Planejamento, economista Virgínia Ferreira, por ocasião
da reunião da Comissão de Finanças e Fiscalização (CFF), na quarta-feira (6),
quando foi lido e aprovado o relatório do deputado estadual Tomba Farias (PSDB)
sobre o PLOA-2024.
George Soares ressaltou que o projeto de aumento da
alíquota ainda está sendo discutido na Casa, admitindo que se não for mantido a
alíquota de 20% e baixar para 18%, conforme lei sancionada em dezembro de 2022,
“vai ter uma descompensação fiscal e financeira e de ordem da receita corrente
líquida do ICMS com relação ao projeto original”.
O deputado estadual José Dias (PSDB) criticou o
governo “por mandar uma proposta de orçamento baseado numa coisa que não
existe, uma lei que não foi votada”.
José Dias ponderou que o Executivo “tinha a
obrigação” de propor uma lei orçamentária “baseada em lei, não pode se basear
no futuro”, achando que a Assembleia “é um puxadinho do governo” e a Comissão
de Finanças aprovar uma proposta de orçamento com imposto modal de 20%, quando
existe uma lei aprovada pela Casa e sancionada pela governadora Fátima Bezerra
(PT) determinando um percentual de 18% para a alíquota de ICMS a partir de
2024.
Então, segundo Dias, o orçamento para o próximo
exercício financeiro “deve ser baseada nessa lei, não no que o governo imagina,
mas não posso acreditar que tenha mandado um negócio que não existe, porque 20%
para 2024 não existe”.
Quanto a preocupação do deputado George Soares de
que uma eventual descompensação da arrecadação de ICMS pode comprometer o
comportamento da receita corrente líquida do Estado, que serve de cálculo para
remanejamento de recursos, o deputado José Dias argumentou que esse não é o
problema para definição do percentual previsto para abertura de crédito
suplementar, mas sim o desempenho da atividade econômica.
“Eu entendo que não é aumentar a alíquota que vai
aumentar a receita, a minha experiência também mostra isso, e o que eu leio
também demonstra isso, então não existe essa relação linear, aumenta a
alíquota, aumenta a receita”, disse José Dias.
Além disso, Dias arquiu que “só há aumento de
receita, quando à incremento da atividade econômica e desenvolvimento, que o
Estado não está fazendo, nunca fez e o que está fazendo é puxar pra baixo”.
O relator do projeto de lei referente ao Orçamento
Geral do Estado (OGE) para 2024, deputado Tomba Farias, esclareceu que esse
também não é problema para o Estado com relação a abertura de crédito
suplementar, porque mesmo sendo aprovado o limite de 10% e se não passar o
aumento de 20% de ICMS, e o governo precisar, manda outra lei para a
Assembleia, que autoriza mais abertura de suplementação de crédito: “Não somos
irresponsáveis de não autorizar e não resolver o problema do governo, não
estamos aqui pelo quanto pior, melhor…”.
Já o deputado estadual Coronel Azevedo (PL), que
presidente a Comissão de Finanças, citou que o governo encaminhou o projeto da
LOA-2024 em 15 de setembro, mas só enviou o projeto propondo aumento da
alíquota de ICMS em 17 de outubro, enquanto o substituto da LOA chegou em 6 de
novembro.
“Embora não se faça referência a alíquota de ICMS
para 2024 no projeto da LOA, ou seja, só se pediu aumento de alíquota um mês
depois”, destacou Azevedo, que acrescentou: “Quero crer que quando encaminharam
o projeto da LOA, sequer havia se decidido encaminhar novo pedido de aumento de
ICMS”.
A deputada Isolda Dantas (PT) chegou a dizer que
toda peça orçamentária é feita “com base de cálculo do ano, ou seja, com base
na receita de 2023, portanto, na base dos 20% de aliquota que estava sendo
cobrada desde abril: “É disso que estamos falando, acrescidos de inflação e
outros índices, as leis orçamentárias anuais são construídas e baseadas nas
receitas do ano, foi assim que aprendi, pode ser tenha mudado de alguns dias
pra cá”.
LOA prevê receita de R$ 20 bilhões em
2024
A previsão da peça orçamentária que irá à votação
dos deputados dia 13, segundo o relator deputado Tomba Farias (PSDB), é de uma
receita de R$ 20 bilhões em 2024. Conforme estimativa do próprio Governo do
Estado, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias, Bens e
Serviços (ICMS) deverá responder por uma receita de R$ 5,139 bilhões, atrás das
transferências correntes, que correspondem a cerca de R$ 8,489 bilhões.
Segundo a proposta orçamentária do Governo, a
receita de ICMS fica um pouco atrás do Fundo de Participação do Estado (FPE), a
ser repassado pela União, que é será da ordem de R$ 5,962 bilhões.
“O imposto representa uma base significativa no
financiamento do estado, em especial o ICMS”, disse o deputado Tomba Farias,
para informar que, segundo o substituto enviado em novembro, é estimado
superávit de R$ 6,997 bilhões.
O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê que,
dentre as receitas próprias, a arrecadação é do Imposto sobre Propriedade de
Veículos (IPVA), que deverá ser de cerca de R$ 255,38 milhões, seguida do ITCD,
o chamado imposto sobre transmissões de imóveis, estrimado em R$ 24,192
milhões.
Já a arrecadação de contribuições previdenciárias
devem chegar a R$ 1,055 bilhão. No entanto, segundo o relatório lido na CFF, é
estimado um déficit de R$ 5,27 bilhões.

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