domingo, 10 de dezembro de 2023

Famílias acampam no canteiro da avenida das Alagoas por doações

 


Tribuna do Norte

Famílias de Natal e do interior do Rio Grande do Norte já estão acampadas no canteiro central da avenida da Alagoas, umas das vias mais movimentadas da zona Sul de Natal. A cena é recorrente ao longo dos anos durante o período natalino. Dezenas de pessoas ocupam a região contando com a solidariedade dos natalenses em busca de doações de roupas, cobertores, brinquedos e principalmente alimentos. Sob forte sol e expostos à chuva, as famílias dormem em barracas improvisadas e se alimentam no próprio local. Geralmente, as pessoas ficam acampadas até o réveillon.

Morando em Natal, no bairro Bom Pastor, zona Oeste, a desempregada Iris Raquel, de 47 anos, conta que tem moradia fixa, mas vê no canteiro uma oportunidade de levar comida para casa. “A gente vem por necessidade, não é porque quer, até porque quem gostaria de estar aqui? A gente vem principalmente por alimentos e roupas, contando que nesse período as pessoas ficam mais generosas, então a gente vem para cá pensando em garantir o pão, um fim de ano menos difícil”, relata Iris Raquel, que trabalhava como diarista.

Raquel diz ainda que pretende permanecer no local até a virada de ano. “Chegamos aqui na terça-feira, eu e meu esposo. Tenho sete filhos e, infelizmente, o auxílio que recebo não é suficiente, só dá praticamente para pagar o aluguel, então a gente precisa fazer isso aqui. Até agora só consegui uma fubá, um macarrão e um pacote de arroz. É torcer que com o Natal se aproximando, as pessoas possam ajudar mais porque a necessidade é grande, ainda mais para mim que tenho asma e problema de coluna”, desabafa.

A Secretaria Municipal de Assistência Social de Natal (Semtas) diz que as famílias são monitoradas pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), que realiza acolhida, orientações e encaminhamentos para os serviços executados pela Semtas e pelo Sistema de Garantia de Direitos. Em nota, a Semtas ressaltou que a intervenção da pasta é restrita ao campo orientativo. “A Semtas não trabalha com a retirada das pessoas das ruas, mas, desenvolve um trabalho socioeducativo com estas famílias, destacando que às mesmas possuem lugar de moradia fixa e estão inseridas nos serviços executados pela secretaria”.

A secretaria reforça também uma preocupação para coibir práticas de crimes no local. “O Seas tem como objetivo assegurar o trabalho social de abordagem e busca ativa, para identificar a ocorrência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, e outras situações de risco e violações de direitos. O público-alvo do Seas são crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência, o qual encaminha essas pessoas para os serviços ofertados no município”.

Há também quem veio de mais longe. A família da faxineira Samanta dos Santos, 37, chegou há uma semana no canteiro, vinda de São Tomé, município distante 112 quilômetros da capital. A família vem para o local todos os anos em busca de alimentos. “Por enquanto está ruim, mas a gente espera que melhore porque a situação está muito difícil. Não tem comida, não tem emprego, a gente vem para cá no desespero mesmo”, destaca Samanta, que está acampada com a mãe e o esposo.

 

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