terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Servidores da saúde em greve ocupam prédio da Sead e reivindicam encontro com governo

 


Servidores administrativos da saúde do Rio Grande do Norte, em greve desde o dia 20 de outubro, ocuparam na manhã desta terça-feira (2) o prédio da Secretaria de Administração (Sead).

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde RN), a categoria vai permanecer no local até que o Governo do Estado receba o movimento em audiência e apresente uma resposta concreta às reivindicações, que são:

  • Gratificação com referência de 20% do vencimento básico;
  • Jornada de trabalho de 108h mensais (30h semanais) e 144h mensais (40h semanais);
  • Reajuste das gratificações de coordenação e chefia, congeladas há mais de 20 anos;
  • Pagamento das horas extras trabalhadas, conforme previsto no art. 30 da Lei 694/2022 (PCCR);
  • Auxílio alimentação

No mesmo local, ocorre também a Assembleia Estadual da Saúde do RN, que reúne tanto os servidores administrativos quanto os profissionais da assistência.

 

Marcos Valério, operador do 'Mensalão', é alvo de operação contra sonegação

 


Uma operação conjunta do Ministério Público, Receita e polícias de MG apura um esquema estruturado de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica envolvendo atacadistas, redes de supermercados e empresas do setor varejista no estado.

A noticia é de FERNANDO ZUBA. Entre os alvos está o publicitário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal como operador do Mensalão, apontado nas investigações como um dos articuladores do grupo.

A Operação Ambiente 186 foi deflagrada na manhã desta terça-feira (2) na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Centro-Oeste de Minas.

Segundo o Ministério Público, as empresas investigadas deixaram de recolher mais de R$ 215 milhões em ICMS ao longo dos últimos anos.

Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em sedes de companhias e residências de empresários e funcionários, além da apreensão de celulares, documentos, equipamentos eletrônicos e veículos de luxo usados na lavagem de dinheiro. Também houve a decretação de indisponibilidade de bens no valor de R$ 476 mil.

Segundo o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (Cira-MG), que reúne os diferentes órgãos e instituições envolvidos na operação, o esquema funcionava por meio da criação de “empresas de fachada”.

Conhecidas no jargão fiscal como “barrigas de aluguel”, essas empresas eram abertas exclusivamente para emitir notas fiscais falsas e simular operações interestaduais.

A prática permitia ocultar a circulação real das mercadorias e evitar o pagamento de impostos estaduais, incluindo o ICMS devido por substituição tributária.

Na prática, as notas simulavam vendas para fora de Minas para reduzir a tributação, mas os produtos eram encaminhados a redes como o Coelho Diniz e outros estabelecimentos no estado.

As investigações, conduzidas há mais de 18 meses, apontam que mais de 100 empresas são suspeitas de integrar o esquema, sendo cerca de 30 delas alvo das buscas desta terça-feira.

De acordo com o Ministério Público, o grupo reduzia artificialmente os preços das mercadorias, ampliava os lucros ilícitos e prejudicava a concorrência, apropriando-se indevidamente do imposto que deveria ser recolhido ao Estado.

As autoridades também analisam movimentações financeiras e irregularidades contábeis para comprovar lavagem de dinheiro e ampliar a responsabilização dos envolvidos.

 

Transparência no Rateio: PL de Gustavo Carvalho define parâmetros para repasse de impostos aos municípios

 


Com o objetivo de dar mais transparência no rateio de recursos de impostos municipais, o deputado estadual Gustavo Carvalho (PL), apresentou, nesta terça-feira (2), o projeto de Lei que estabelece critérios objetivos e prazos claros para a transferência das parcelas dos impostos estaduais pertencentes aos municípios, bem como dos valores destinados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Durante a sessão de hoje, o parlamentar usou a tribuna da Casa para defender a iniciativa, destacando que o PL determina, por exemplo, que os repasses provenientes do IPVA sejam transferidos de forma automática e diária, enquanto os repasses do ICMS ocorrerão em prazos fixos, a serem realizados diretamente pela instituição bancária responsável pela centralização da arrecadação.

De acordo com deputado Gustavo, o “Governo do Rio Grande do Norte está atrasando! Está atrasando o repasse de ICMS, está atrasando o repasse de Fundeb, está atrasando o repasse devido de IPVA às prefeituras. Está sem pagar os repasses de 25% devidos das multas. Está deixando de recolher os 25% referentes as negociações da dívida ativa e o nosso mandato segue vigilante a esta questão, propondo iniciativas para minimizar os danos aos municípios”, disse. 

Como exemplo o parlamentar citou Minas Gerais. Ressaltando que a dívida do governo Fernando Pimentel com os municípios chegou a R$ 12 bilhões, entre atrasos de ICMS, IPVA e Fundeb acumulados entre 2017 e 2018. O governo seguinte, de Romeu Zema, herdou R$ 6 bilhões dessa dívida e precisou ser parcelada. A resposta legislativa daquele estado foi a Lei 23.387, em 2019, que estabeleceu mecanismo semelhante ao que está sendo proposto no RN — e tem funcionado.

“Houve por parte da Assembleia daquele estado a sensibilidade de fazer com que os municípios recebam os valores que lhe são devidos de forma direta. Por que esses recursos precisam passar pelas contas do governo para serem distribuídos?! Com o nosso projeto, estamos nos antecipando ao caos fiscal que passa o nosso estado hoje e prevendo que amanhã, esses repasses que já estão atrasados, possam atrasar ao ponto de deixar os municípios pré-falimentares”, pontuou o deputado.

Gustavo Carvalho ressaltou, ainda, que busca garantia constitucional, de autonomia municipal, de justiça fiscal e de respeito aos entes federados, buscando também assegurar aos municípios do Rio Grande do Norte maior autonomia financeira, fluxo regular dos recursos e transparência na arrecadação. “Se outros estados já adotaram medidas semelhantes com sucesso, não há razão para que o nosso fique para trás”, acrescentou o deputado. Ainda segundo ele, o PL surge de “reiteradas reclamações de prefeitos e gestores municipais, que têm enfrentado atrasos frequentes e, em alguns casos, repasses inferiores aos valores constitucionais, comprometendo o planejamento das cidades, prejudica serviços públicos essenciais e fere diretamente o princípio da autonomia municipal”.

 

 

Atlas/Bloomberg: desaprovação de Lula volta a subir e chega a 50,7%

 


Levantamento da AtlasIntel divulgado nesta 3ª feira (2.dez.2025) mostra que a taxa de desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir em novembro. Agora, 50,7% dos eleitores se dizem insatisfeitos com o desempenho do petista. O percentual supera o dos que declaram aprovar (48,6%) a gestão petista.

Desde outubro, a taxa dos que dizem aprovar o governo oscilou 2,6 pontos percentuais para baixo e a dos que afirmam reprovar oscilou 2,6 pontos percentuais para cima. As variações superaram a margem de erro, de 1 ponto percentual. Em outubro, a aprovação era de 51,2% e a desaprovação, 48,1%.

As curvas do infográfico acima mostram que, depois de 2 meses de alta, a aprovação de Lula parou de melhorar e a desaprovação voltou a subir. Os números confirmam os dados publicados em meados de novembro por Quaest e Paraná Pesquisas, que indicavam essa tendência.

A AtlasIntel/Bloomberg entrevistou 5.510 eleitores em todo o Brasil de 22 a 27 de novembro de 2025. As entrevistas foram feitas on-line. A margem de erro é de 1 ponto percentual e o nível de confiança é de 95%.

Na pergunta sobre a avaliação do governo, 44,4% dos eleitores afirmam que a administração petista é “boa” ou “ótima”. Os que a avaliam como “ruim” ou “péssima” são 48,6%. Outros 7,0% entendem a gestão como “regular”. Os percentuais também oscilaram desfavoravelmente a Lula e a avaliação negativa voltou a superar a positiva.

Poder360

 

Ex-presidente hondurenho é libertado de prisão nos EUA após perdão de Trump

 


ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández foi libertado da prisão nos Estados Unidos nesta segunda-feira (1º), onde cumpria uma sentença de 45 anos por tráfico de drogas e acusações de armas de fogo, conforme registros do Federal Bureau of Prisons.

Segundo Ana Garcia, esposa de Hernández, ele foi libertado após receber um perdão do presidente Donald Trump. “Depois de quase quatro anos de dor, espera e julgamentos difíceis, meu marido Juan Orlando Hernández voltou a ser um homem livre, graças ao perdão presidencial concedido pelo presidente Donald Trump”, afirmou Garcia.

A libertação do ex-presidente hondurenho ocorre poucos dias após a eleição presidencial em Honduras, na qual Trump apoiou o candidato conservador Nasry Asfura, do Partido Nacional, que disputa voto a voto com o liberal Salvador Nasralla. A última apuração mostrou os dois candidatos praticamente empatados, com pouco menos de 40% dos votos.

Durante o governo de Hernández, de 2014 a 2022, o Partido Nacional manteve uma estreita parceria com Washington. Hernández foi preso logo após deixar o cargo e condenado em junho do ano passado, declarando que sua sentença foi injusta.

 

Em dificuldade financeira, Estado busca saídas para elevar receitas

 


Em dificuldade financeira, o Estado busca saídas para elevar a arrecadação. Agora, abriu prazo para a negociação de débitos inscritos na Divida Ativa oriundos de multas e taxas ambientais aplicadas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) até 31 de dezembro de 2021.

A Procuradoria Geral do Estado (PGE) recebeu pelo menos 301 processos de débitos ambientais, provenientes de autos de infração da parte do Idema, mas de acordo com a portaria conjunta de nº 7/2025, publicada no “Diário Oficial do Estado” do sábado (29/11), “a seleção dos débitos a serem transacionados é de livre escolha do devedor”.

O procurador-geral adjunto do Estado, José Duarte Santana, explica que desde o fim de abril, quando foi sancionada a Lei de Transação Tributária (12.145/2025), já foram publicados seis editais dessa natureza – esse é o sétimo, beneficiando inicialmente empresas em falências ou liquidação extrajudicial, depois MEIs e pessoas físicas, empresas “baixadas” e que não funcionam mais, que com isso “podem se regularizar e voltar a empreender”.

José Santana informou que desde abril, o “Regularize-RN”, como o governo convencionou o programa de regularização da Divida Ativa já negociou R$ 80 milhões, arrecadando efetivamente R$ 15 milhões.

Segundo o edital 7/2025, o contribuinte que quiser negociar dívidas junto ao Idema-RN, deverá realizar a adesão – o prazo começou na segunda-feira (1º) até 31 de janeiro de 2026.

O desconto a ser concedido ao devedor dependerá do número de parcelas escolhidas para fins de quitação, sendo que o valor da mensal será de, no mínimo, R$ 300,00 – com pagamento da parcela única ou da primeira parcela no prazo de seu vencimento.

O valor a ser transacionado será disponibilizado ao contribuinte pela PGE na página https://divida.pge.rn.gov.br/regularizemaisrn/, após o ingresso com login e senha.

Já o valor a ser transacionado, denominado crédito final líquido consolidado, será apurado pela aplicação do desconto de até 100% dos juros, multas e demais acréscimos.

A aplicação do desconto tem como limite o montante de 70% do valor total dos créditos e não poderá reduzir o montante principal. Na hipótese de os descontos de 100% nas multas, nos juros e nos demais acréscimos resultarem em um montante inferior ao limite máximo de redução do débito, serão recompostos proporcionalmente os valores das multas, juros e demais acréscimos até que o saldo da transação alcance o montante dentro dos limites fixados.

O parcelamento das divida pode ocorrer em quatro e em até 120, com o desconto chegando a 40% sobre o valor total do crédito transacionado, vedada a redução do crédito principal. O pagamento antecipado de parcelas vincendas será imputado, obrigatoriamente, nas últimas parcelas do ajuste, diz o edital.

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O valor a ser transacionado será disponibilizado ao contribuinte pela PGE na página https://divida.pge.rn.gov.br/regularizemaisrn/, após o ingresso com login e senha.

 

Nem água a governadora garante

 


A coveira do RN, Fátima Bezerra, conseguiu a proeza de transformar a governadoria num puxadinho sem água. Culpa direta do todo-poderoso Raimundo Alves, chefe do Gabinete Civil, que consegue comprar café que ninguém toma, mas não consegue pagar o fornecedor de água. Prioridades, né?

O vexame é tão grande que os próprios servidores estão levando água de casa para beber. Água de casa. Em pleno Palácio dos Despachos. Enquanto isso, a água “emprestada” de outras secretarias vai direto para o gabinete da governadora. O resto que se vire. Parece até piada, nem a água pagam. 

É a fotografia perfeita da gestão Fátima: propaganda gordurosa, realidade seca. Um governo que não paga fornecedores, que não planeja o básico e que ainda posa como modelo de administração pública.

Se nem água chega na governadoria, imagine o que sobra para a população. O RN virou um estado onde servidor vira caminhão-pipa de si mesmo. O governo da mentira, da propaganda enganosa. 

Esse texto foi copiado do Blog do Gustavo Negreiros

Manhã de protesto na ALRN contra atrasos de pagamentos do Governo

 


A manhã de terça-feira promete ser movimentada peloa lados da Assembleia Legislativa.

De acordo com o que foi divulgado, vai haver um pronunciamento para discutir a situação dos atrasos do pagamento e o descumprimento do calendário proposto pelo governo.

Esse texto foi copiado do Blog do Gustavo Negreiros

Pensionistas da PM fazem protesto contra atraso nos pagamentos do Governo

 



Os pensionistas da Polícia Militar vão às ruas na terça-feira em protesto contra os atrasos no pagamento dos aposentados.

Eles vão se reunir a partir das 15h na calçada do Midway.

Segundo os pensionistas, os atrasos estão "causando transtornos, instabilidade financeira e falta de respeito com a categoria". Esse povo precisa ir para a governadoria.

Esse texto foi copiado do Blog do Gustavo Negreiros

Opinião do Estadão: A república das sombras

 


O sigilo que o Itamaraty acaba de impor a seus telegramas diplomáticos não é detalhe burocrático: é um sintoma. A arquitetura criada pela chancelaria – com categorias de sigilo inventadas, presunção de reserva e discricionariedade sem freios – marca um retrocesso institucional. Mesmo admitindo o caráter sensível de certas comunicações, nada autoriza transformar exceções em regra. No caso recente dos telegramas sobre os negócios dos irmãos Wesley e Joesley Batista na Venezuela, o prazo de cinco anos de sigilo foi decretado de forma automática, sem qualquer esforço para divulgar trechos não sensíveis, como exige a Lei de Acesso à Informação (LAI). Quando despachos rotineiros passam a ser selados por 5, 15 ou 25 anos – ou até por prazo indefinido –, a sombra deixa de proteger o interesse nacional e passa a proteger o interesse do governante.

Numa democracia madura, a publicidade não é ornamento: é o primeiro princípio que sustenta os demais. Sem luz, não há como verificar a legalidade; sem legalidade, não há impessoalidade; sem impessoalidade, não há moralidade; sem moralidade, não há eficiência. A transparência é a ponte entre Estado e sociedade – e o antídoto contra a promiscuidade entre poder e interesses privados. Países mais íntegros tratam a abertura de dados como regra de civilização. Aqui, levam-se semanas para obter o básico – quando não se recebe uma negativa genérica, mal disfarçada de proteção de “dados pessoais”.

A opacidade também é um mau negócio econômico. Ela eleva prêmios de risco, afugenta investimentos, facilita cartéis e torna mais barato corromper do que competir. Onde não entra luz multiplicam-se intermediários, lobistas invisíveis, orçamentos inflados e contratos superfaturados.

A manobra do Itamaraty reflete uma doença sistêmica. Brasília tornou-se o epicentro de uma cultura de opacidade que atravessa Poderes, partidos e governos. O Supremo Tribunal Federal conduz inquéritos que nunca acabam, sob sigilos que nunca se justificam, e trata como segredo de Estado o algoritmo de distribuição de processos, recusando auditoria externa, ou a agenda de seus ministros. O Congresso transformou o Orçamento em mistério, interpondo sempre novos biombos para ocultar autores e apadrinhamentos – o “orçamento secreto” foi declarado inconstitucional, mas renasce em novos disfarces. O Executivo, em suas diversas encarnações, aprendeu a manipular a LAI com negativas por exaustão, jargão técnico e criatividade normativa.

Assembleias Legislativas por toda a Federação sonegam informações básicas sobre gastos e votações; governos estaduais e municipais enterram licitações em portais clandestinos e falham em divulgar obras e emendas; tribunais resistem a exibir contracheques e escondem supersalários atrás de tarjas pretas digitais. Juízes e procuradores pressionam por mudanças na Lei Geral de Proteção de Dados que lhes deem blindagens específicas. O País vai se habituando a viver num lusco-fusco administrativo, em que a sombra é regra e a luz, exceção.

Em campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu um “revogaço” dos sigilos de seu antecessor: “Não haverá sigilo de cem anos, nem de dez, nem de um”, bravateou, “afinal de contas, se é bom, não precisa esconder”. No poder, amplia os mesmos artifícios. Impôs sigilos a gastos de viagens e cartões; mantém na penumbra as operações do “Novo PAC”; blinda a agenda pública da primeira-dama, que representa o País em fóruns internacionais sem prestar contas; e, agora, instrumentaliza o Itamaraty para esconder negócios de aliados empresariais sob o pretexto de risco às negociações internacionais. A mesma Controladoria-Geral da União que deveria ser guardiã da LAI prefere atacar o Índice de Percepção da Corrupção como “conversa de boteco”, em vez de enfrentar as causas da desconfiança.

A contradição é flagrante: prega-se luz para governar na penumbra. O Brasil não está condenado a ser uma república das sombras. Mas nenhuma democracia sobrevive à opacidade como política de Estado. A luz é o primeiro teste de sinceridade de quem exerce o poder. E o último limite que separa o escrutínio republicano da arrogância do segredo.

Opinião do Estadão

 

 

Opinião do Estadão: O Pantagruel petista

 


A arrecadação do governo federal em outubro foi a mais alta para o mês em 30 anos e garantiu o recolhimento também recorde de R$ 2,3 trilhões em dez meses. Em condições normais, um desempenho assombroso desses deveria ser suficiente para assegurar o fechamento das contas públicas neste ano, trazendo mais tranquilidade para as expectativas de 2026. Mas vivemos sob um governo petista – que, associado a um Congresso fiscalmente irresponsável, transforma o Estado num Pantagruel de apetite insaciável, que arrecada muito e gasta muito mais. “Gasto é vida”, diria a inesquecível Dilma Rousseff.

Tome-se o exemplo das estatais. O déficit dessas empresas previsto para este ano aumentou de R$ 5,504 bilhões para R$ 9,208 bilhões. O rombo monstruoso dos Correios decerto ajuda a explicar esse resultado, mas o problema é mais, digamos, filosófico: sob o PT, estatais parecem ser administradas para dar prejuízo, de modo a provar que essas empresas só existem para atender à população em atividades pelas quais a iniciativa privada, que só visa ao lucro, não se interessa. Na prática, as estatais administradas pelo governo petista servem para acomodar apadrinhados políticos e para bancar projetos de interesse do Palácio do Planalto sem passar pelo crivo orçamentário.

Por tudo isso, não é possível imaginar que o atual governo (ou o próximo, caso haja um desastre e Luiz Inácio Lula da Silva seja reeleito) venha a tomar a única providência capaz de fechar o sorvedouro de dinheiro público em que se converteram as estatais, isto é, privatizá-las todas, em respeito ao artigo 173 da Constituição – aquele segundo o qual “a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo”.

Sendo assim, resta ao governo petista aumentar a arrecadação. A receita contou com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), alvo de queda de braço entre os Poderes. Como se sabe, o aumento das alíquotas fixado pelo Planalto em maio foi derrubado pelo Congresso em junho e restabelecido pelo STF em julho. A medida provisória perdeu a validade em outubro porque não houve votação pelos parlamentares. Mesmo assim, garantiu um reforço de caixa.

Somente em IOF, o governo arrecadou em outubro R$ 8,1 bilhões, quase 40% a mais do que no mesmo mês do ano passado, e demonstrou que manterá a disposição de usar o imposto – criado com a finalidade específica de regular o mercado de crédito – para fins arrecadatórios.

No esforço para aumentar as fontes de receita para o ano que vem, o governo conseguiu aprovar no Congresso a regra sobre a compensação tributária, que caiu com a MP do IOF e entrou como “jabuti” no projeto do Regime Especial de Atualização e Regularização Patrimonial. Com a medida, a previsão é elevar a arrecadação de 2026 em R$ 10 bilhões.

No lado das despesas, o governo, em vez de cortá-las, simplesmente deixa parte delas fora do arcabouço fiscal. O mais recente exemplo é a exclusão dos gastos de R$ 500 milhões com Defesa neste ano. E o governo já fala em tirar das amarras fiscais as despesas que tiver com segurança pública.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reconheceu recentemente que, em matéria de reformas fiscais, o governo “anda muito lentamente”, mas transferiu a responsabilidade maior para os “outros Poderes”. “O Poder Executivo tentou”, disse, afirmando que lobbies impediram os avanços fiscais.

Ora, partiram do próprio presidente Lula os primeiros obstáculos às propostas de redução de despesas e controle de gastos elaboradas por técnicos do ministério de Tebet. O pacote, que criou a expectativa inicial de mudanças em programas ineficientes, novas regras para concessão de benefícios e revisão da própria indexação do salário mínimo, saiu absolutamente tímido do Executivo antes de ser ainda mais desidratado no Congresso. Ficou o dito pelo não dito.

O impulso fiscal diminuiu nos últimos meses, resultado, talvez, da própria desaceleração da economia, mas o expansionismo dos gastos continua como grande marca deste governo – o que certamente vai piorar em 2026, diante dos imperativos eleitorais.

Opinião do Estadão

 

 

Servidores da saúde em greve ocupam prédio da Sead e reivindicam encontro com governo

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