O Ibovespa, principal índice da bolsa
brasileira, recuava -2,29% nesta terça-feira (19), aos 134.173 pontos por volta
das 15h45. O dólar avançava 1,06%, cotado a R$ 5,4918.
O mercado observa com atenção a decisão do ministro
do STF, Flávio Dino, que proibiu restrições “decorrentes de atos
unilaterais estrangeiros” por parte de empresas ou instituições que atuam
no Brasil.
Dino destacou ainda que bloqueio de ativos,
cancelamento de contratos ou outras medidas “dependem de autorização expressa”
do STF. Para os investidores, a decisão pode suspender os efeitos da Lei
Magnitsky, imposta pelas autoridades dos Estados Unidos ao ministro
Alexandre de Moraes.
Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, explica
que, diante do impasse entre o Brasil e os EUA, investidores estão se
“protegendo” e movendo os recursos do setor bancário para o dólar.
“A valorização do dólar, que também
subiu ontem, reflete essa postura de precaução. Os investidores tendem a
buscar refúgio em ativos considerados mais seguros, como o dólar e o ouro.”
Com a percepção de maior risco,
o dólar subia e as ações dos principais bancos brasileiros recuavam em
conjunto, pressionando o Ibovespa.
Confira as quedas:
- Banco
do Brasil (BBAS3): –6,07%
- Bradesco
(BBDC4): -3,49%;
- BTG
(BPAC11): -3,39%
- Itaú
(ITUB4): -3,71%
- Santander
(SANB11): -3,48%
Quando as ações dos bancos caem juntas,
o Ibovespa costuma cair também. Isso acontece porque o setor financeiro tem
muito peso no índice e está entre os mais negociados da bolsa.
Os investidores também analisam os
primeiros resultados da reunião do presidente dos
EUA, Donald Trump, com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, e aliados
europeus, na Casa Branca.
Trump afirmou estar preparando um encontro
trilateral com Zelensky e Vladimir Putin, em data e local ainda indefinidos.
Enquanto o americano demonstrou otimismo sobre o fim da guerra na Ucrânia,
Zelensky e os líderes europeus pediram garantias firmes de que a Rússia não
volte a invadir o país no futuro.
Nesta terça, a Rússia sinalizou pela primeira vez
que pode aceitar um encontro com Zelensky. O chanceler Sergei Lavrov afirmou
nesta manhã que “a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir o
processo de paz na Ucrânia”.
Ainda com os EUA no foco, os
investidores acompanham o discurso de Michelle W. Bowman,
integrante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que comentará as
projeções do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, para a economia
do país.
Veja a seguir como esses fatores
influenciam o mercado.
Dólar
- Acumulado
da semana:+0,68%;
- Acumulado
do mês: -2,96%;
- Acumulado
do ano: -12,05%.
Ibovespa
- Acumulado
da semana: +0,72%;
- Acumulado
do mês: +3,19%;
- Acumulado
do ano: +14,17%.
STF impede restrições estrangeiras
Sem citar a Lei Magnitsky, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino proibiu na segunda-feira (18)
restrições “decorrentes de atos unilaterais estrangeiros” por parte de
empresas ou outros órgãos que operam no Brasil.
A determinação consta de uma ação movida pelo
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) contra ações judiciais movidas por
municípios brasileiros na Inglaterra.
O ministro, entretanto, estabeleceu que esse
impedimento vale, também, para “leis estrangeiras, atos administrativos, ordens
executivas e diplomas similares.”
A Magnitsky é uma lei dos Estados Unidos que permite
punir financeiramente cidadãos estrangeiros. Ela permite, por exemplo, impedir
que uma pessoa tenha cartão de crédito de grandes bandeiras que operam nos
Estados Unidos ou que contrate serviços de empresas que atuem no país.
Seu uso contra o ministro Alexandre de Moraes foi
imposto no dia 30 de julho por um ato administrativo do Departamento do Tesouro
dos EUA com base numa ordem executiva de 2017 de Trump.
Na decisão desta segunda, Dino afirmou ainda que
qualquer bloqueio de ativos, cancelamento de contratos ou outras operações
“dependem de expressa autorização” do STF.
Trump se encontra com Zelensky
Na segunda-feira (18), Donald Trump recebeu em
Washington o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky — que foi acompanhado
por sete líderes europeus.
Em entrevista a jornalistas após o encontro, Trump
firmou que acredita que um acordo para o final da guerra entre a Ucrânia e a
Rússia pode sair ainda nesta segunda-feira (18), destacando que busca “o quanto
antes” uma reunião trilateral com os líderes russo e ucraniano para alinhar os
termos de um acordo.
“Tivemos um dia de muito sucesso até o momento”,
afirmou Trump no início da reunião com os líderes europeus e Zelensky, sem dar
mais detalhes.
A reunião com Zelensky aconteceu apenas dois dias
após o norte-americano se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, no
Alasca. Naquele momento, Trump também declarou ter visto “grande progresso” em
direção ao fim da guerra.
A reunião foi vista pelo mercado como um grande
teste para medir até onde Trump está disposto a pressionar Zelensky e se a
Ucrânia aceitará discutir pontos que até agora tratava como inegociáveis.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta
manhã que”a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir a po processo de
paz na Ucrânia”.
Bolsas globais
Os mercados de Nova York abriram a terça-feira em
direções opostas, com futuros do Dow Jones em alta de 0,24%, do S&P 500 em
leve queda de 0,02% e do Nasdaq 100 em baixa de 0,11%, refletindo cautela dos
investidores diante do balanço da Home Depot e da expectativa pelo simpósio do
Federal Reserve em Jackson Hole, que pode indicar os próximos passos da
política monetária.
As ações europeias fecharam em seu nível mais alto
em mais de cinco meses nesta terça-feira, com investidores avaliando as chances
de um fim da guerra na Ucrânia, após as negociações de segunda-feira em
Washington entre líderes dos Estados Unidos, Ucrânia e Europa.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de
0,69%, a 557,81 pontos. Em Londres, o índice Financial Times avançou 0,34%, a
9.189,22 pontos; em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,45%, a 24.423,07 pontos; e
em Paris, o índice CAC-40 ganhou 1,21%, a 7.979,08 pontos.
Na Ásia, os índices acionários da China e de Hong
Kong fecharam em baixa nesta terça-feira, com os investidores realizando lucros
e antes de uma reunião do banco central dos Estados Unidos nesta semana, que
poderá fornecer pistas sobre a trajetória de sua política monetária.o
A única alta foi em Cingapura, onde o índice Straits
Times avançou 0,69%, a 4.216 pontos.
Já entre as quedas, o índice Kospi de SEUL registrou
a maior desvalorização do dia, com baixa de 0,81%, a 3.151 pontos.
Em Tóquio, o Nikkei perdeu 0,38%, a 43.546 pontos,
mesma variação registrada pelo CSI300, que reúne as maiores companhias listadas
em Xangai e Shenzhen, aos 4.223 pontos. Em Hong Kkong, o Hang Seng recuou
0,21%, a 25.122 pontos.
Fonte: g1
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