Pais e responsáveis denunciaram uma creche da rede
privada localizada no bairro Cidade Arvoredo, em São Gonçalo do Amarante, na
Região Metropolitana de Natal, por suposto uso de medicamentos para fazer
crianças dormirem durante o período em que estavam na instituição. Os relatos
indicam que crianças passaram a chegar em casa excessivamente sonolentas e com
comportamentos considerados incomuns para a rotina delas.
As suspeitas ganharam força após depoimentos de mães
e pais e relatos atribuídos às próprias crianças. Em um dos vídeos que circulam
nas redes sociais, uma criança pequena responde à mãe sobre um “docinho” dado
por uma professora e relata que o gosto era ruim, reforçando a preocupação dos
responsáveis. Segundo os pais, o termo “docinho” seria um apelido usado
internamente para se referir a supostas gotas de um medicamento. O assunto foi
debatido no programa Via Certa 96
De acordo com os relatos reunidos pela reportagem,
funcionários teriam sido orientados, de forma interna, a administrar as gotas
para induzir o sono das crianças, supostamente durante o banho. Ex-funcionários
afirmam que o espaço físico da creche era reduzido, com crianças de diferentes
idades no mesmo ambiente, e que não havia profissionais suficientes para
atender à demanda.
Mensagens, áudios e conversas que começaram a
circular após desligamentos de funcionários indicariam uma tentativa de
controlar a comunicação com os pais. Em um dos áudios, uma pessoa orienta
funcionárias a não comentar comportamentos das crianças com os responsáveis,
pedindo que qualquer questionamento fosse tratado diretamente pela coordenação.
Há ainda relatos de pedidos para que fotos das crianças fossem feitas sempre
sorrindo.
Outras denúncias apontam que adolescentes e até
crianças mais velhas teriam sido responsáveis por cuidar de bebês em
determinados momentos, o que aumentou a apreensão das famílias. Pais relataram
também que não tinham acesso às dependências internas da creche, ficando restritos
à entrega e retirada das crianças no portão.
Após a repercussão do caso em blogs locais, o perfil
da creche nas redes sociais foi colocado em modo privado e a logomarca
alterada. Em nota, a instituição afirmou que não reconhece a veracidade das
acusações, disse que adotou as medidas cabíveis e que está à disposição das
autoridades, informando ainda que não concederá entrevistas neste momento. A
Polícia Civil confirmou o recebimento da denúncia e informou que deve instaurar
investigação para apurar os fatos, incluindo qual substância teria sido usada,
se havia autorização dos pais e qual era a rotina adotada dentro da unidade.

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