O Ministério Público Federal entrou com ações civis
públicas pedindo a anulação da licença ambiental concedida à Petrobras em
setembro, que autoriza ampliar a exploração de petróleo e gás na Etapa 4 do
pré-sal, na Bacia de Santos. O MPF acusa a empresa e o Ibama de conduzirem o
processo “sigiloso e às pressas”, sem transparência e sem consultar as
comunidades tradicionais afetadas no litoral norte de São Paulo e sul do Rio de
Janeiro.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, a licença
foi emitida em apenas 11 dias, sem qualquer aviso ao Ministério Público ou às
comunidades. O MPF quer que União, Ibama, Funai e Incra realizem reuniões de
consulta com pescadores, caiçaras, quilombolas e indígenas antes de qualquer
novo ato administrativo, e cobra R$ 5 milhões de indenização por danos morais
coletivos.
O pedido inclui ainda um Estudo de Impacto Ambiental
complementar, considerando os danos sociais e ambientais do projeto, segundo
informações da Agência Brasil.
O MPF ressalta que impactos já acontecem, como
mudanças nas rotas de peixes e aumento de embarcações, afetando diretamente o
“maretório” — conceito que descreve o território de uso das comunidades
tradicionais, base para seus costumes e existência.
Para Schneider, a falta de consulta prévia demonstra
má-fé de Petrobras e Ibama, que ignoraram acordos feitos desde a primeira etapa
do projeto, incluindo estudos do Projeto Povos junto à Fundação Oswaldo Cruz.
A Petrobras defende a legalidade da licença e diz
cumprir todas as normas ambientais e de segurança. Em nota, afirmou que o
projeto da Etapa 4 é “essencial para a segurança energética do país” e que
seguirá investindo até 2030, com pico de produção de 2,7 milhões de barris de
óleo por dia em 2028. O Ibama ainda não se manifestou sobre o caso.

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