Às vésperas do ano eleitoral, o presidente da Frente
Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion
(Republicanos-PR), vê “boa parte” do setor mantendo posicionamento diverso ao
atual governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no pleito
presidencial de 2026. “Buscamos, efetivamente, o consenso em relação ao
desenvolvimento do setor, quanto aos problemas de mão de obra, de logística, de
desenvolvimento interno do País. Isso tudo depende de alguém que tenha essa
agenda pró desenvolvimentista do País, e não uma agenda única, exclusivamente
assistencialista e de perpetuação do poder”, disse Lupion em entrevista
exclusiva ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
“Entendo que boa parte do setor continuará com um posicionamento diverso ao do
atual governo e que estaremos extremamente unidos numa próxima candidatura”,
projetou.
Lupion defende um projeto de unidade da centro-direita
para as eleições de 2026 em oposição ao governo Lula. “Todos que geram renda no
País e que fazem com que o Brasil desenvolva e cresça, para além do setor
agropecuário, estão em pauta contrária à do atual governo, que taxa tudo, que
busca arrecadar cada dia mais e que está numa agenda gigantesca eleitoral
pensando todo o tempo no assistencialismo. Isso tudo custa para o País e cria
uma geração que depende exclusivamente do Estado”, criticou.
Em 2022, a FPA apoiou publicamente a candidatura à
reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Questionado sobre eventual
apoio a candidato da família Bolsonaro ou a governador de direita, Lupion
defendeu a busca por um nome de consenso dentre o setor agropecuário e a
centro-direita. “Não é uma questão de apoiar ou não apoiar a família Bolsonaro.
O presidente Bolsonaro é o maior líder que a direita do Brasil já teve ou tem
com influência e relevância inegáveis”, disse.
O nome de consenso defendido por Lupion é, segundo
ele, um candidato com condições de vencer o pleito e disputar diante o projeto
de reeleição do atual governo. “Tem uma leva maravilhosa de governadores, com
índices altíssimos de aprovação, caso do governador Tarcísio, que tem condições
de ser um candidato viável, do governador Ratinho Júnior (PSD-PR), do
governador Ronaldo Caiado (União-GO), do governador Romeu Zema (Novo-MG), do
governador Eduardo Leite (PSD-RS), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Quero
uma chapa de unidade para vencermos as eleições”, apontou.
Entre os possíveis presidenciáveis da direita,
Lupion vê condições de apoio maciço do agronegócio a uma eventual candidatura
do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). “Ele significa justamente
o que a gente defende: a capacidade de trazer o empreendedorismo de volta para
a pauta, de diminuir o tamanho do Estado, de mostrar a competitividade através
da meritocracia, de investir no País, pensar em grandes soluções e
principalmente pensar a longo prazo. É um modelo econômico diverso ao que está
aí”, justificou Lupion.
Em meio ao amplo apelo da segurança pública como uma
das principais pautas da população no próximo ano, o líder da bancada
agropecuária aponta a segurança jurídica como uma agenda “extremamente
importante” para o setor.
Lupion vê também tendência de maior acirramento entre
Congresso e Executivo e maior travamento das pautas no próximo ano. “Por ser um
ano eleitoral, acho que as coisas ficarão um pouco mais complicadas. A reação
do presidente Davi Alcolumbre (União-AP) de respeito ao papel institucional do
Congresso Nacional precisa ser levada a sério, pois é extremamente
contundente”, avaliou o presidente da bancada agropecuária, citando um
documento enviado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado ao Supremo Tribunal
Federal pedindo respeito quanto à lei do marco temporal após novas demarcações
de terras indígenas feitas pelo Executivo. “Existe um consórcio com um líder do
governo no Supremo, o ministro Flávio Dino, que só faz pautas governistas. Tudo
o que o governo não consegue vencer, o governo judicializa”, argumenta
Para o líder ruralista, o tensionamento entre
Congresso e Judiciário também tende a persistir no próximo ano. “O Supremo está
voltado a uma briga política. Enquanto, eles personificarem a briga, não
conseguiremos avançar em nenhuma pauta”, disse.
Quanto ao futuro da própria frente, que se tornou a
maior bancada e uma das mais influentes do Congresso com 353 parlamentares,
Lupion acredita na ampliação da FPA, em especial no Senado, que renovará dois
terços do colégio de senadores. “O Senado tem um papel extremamente importante
para equilibrar os poderes na República, a independência dos poderes e a
moderação do papel de cada um. Temos todas as condições para ter a maioria
desses dois terços”, observou o presidente da FPA.
Estadão Conteudo

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