sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Wepink, empresa de Virgínia, é alvo do MP por atrasos e falhas em entregas

 


O Ministério Público de Goiás (MPGO) ajuizou uma Ação Civil Pública contra a Wepink – Savi Cosméticos Ltda, empresa da influenciadora Virgínia Fonseca, e seus sócios Thiago Stabile e Chaopeng Tan, por supostas práticas abusivas e descumprimento do Código de Defesa do Consumidor. O processo foi protocolado na quarta-feira (8), em Goiânia, pela 70ª Promotoria de Justiça do Consumidor.

Segundo o MP, a empresa, conhecida pelas transmissões ao vivo (lives) de venda de cosméticos, acumula mais de 90 mil reclamações no site Reclame Aqui apenas em 2024 e 340 denúncias formais no Procon Goiás entre 2024 e 2025. As queixas incluem atrasos, não entrega de produtos, dificuldade de reembolso e atendimento automatizado ineficiente.

Vendas sem estoque e atrasos de até sete meses

Durante uma live gravada e citada na ação, o sócio Thiago Stabile teria admitido que a empresa vendeu produtos sem ter estoque suficiente para atender à demanda. “De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido”, afirmou Stabile, segundo a transcrição.

Para o promotor Élvio Vicente da Silva, as declarações comprovam má-fé contratual e publicidade enganosa, uma vez que a Wepink continuou vendendo mesmo sem condições de entregar os pedidos no prazo prometido de 14 dias úteis.

A investigação identificou diversas práticas abusivas, como:

  • falta de entrega de produtos mesmo após meses de espera;
  • descumprimento de prazos (com casos que ultrapassaram sete meses);
  • resistência em reembolsar consumidores;
  • atendimento ineficiente, com 30% automatizado;
  • exclusão de comentários negativos nas redes sociais;
  • envio de produtos estragados ou diferentes do anunciado.

O Procon Goiás também lavrou Auto de Infração contra a empresa em agosto deste ano, após constatar irregularidades. Em um dos casos, uma cliente esperou sete meses por uma entrega que nunca ocorreu e teve o pedido de reembolso negado.

Medidas pedidas pelo MP

Na ação, o Ministério Público pede tutela de urgência para que a empresa adote uma série de medidas imediatas, incluindo:

  • suspensão de novas lives promocionais até regularizar as entregas pendentes;
  • criação de um canal de atendimento humano, com resposta inicial em até 24 horas;
  • reembolso simplificado em até 7 dias;
  • entrega imediata dos produtos já pagos;
  • multa diária de R$ 1 mil por descumprimento.

O MP também solicita indenização de R$ 5 milhões por dano moral coletivo, a ser revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, além de indenizações individuais a serem pleiteadas por clientes que comprovarem prejuízo.

Uso da imagem de Virgínia e “vulnerabilidade do consumidor”

A ação argumenta que os sócios, inclusive Virgínia Fonseca, devem responder solidariamente pelos danos, já que participaram ativamente das lives e tinham conhecimento das falhas operacionais.

Segundo o promotor, o uso da imagem da influenciadora agrava a vulnerabilidade dos consumidores: “Seduzidos pela confiança depositada em influenciadora de renome nacional, realizaram compras legítimas, mas depararam-se com realidade brutal de total descaso pós-venda”, afirmou Élvio Vicente da Silva.

O MP cita ainda que a estratégia de vendas rápidas — as chamadas flash sales — cria uma pressão psicológica artificial, levando consumidores, especialmente jovens, a compras impulsivas sem tempo adequado para avaliar as ofertas.

A ação aponta violação de oito artigos do Código de Defesa do Consumidor, entre eles os que tratam da responsabilidade objetiva do fornecedor, da publicidade enganosa e das práticas abusivas.

 

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