Há políticos que enxergam
a traição como uma jogada de xadrez — uma manobra inteligente dentro do jogo
pelo poder. Enganam-se. A traição pode até render um cargo, uma vantagem
passageira ou alguns minutos de influência, mas deixa um rastro que o tempo não
apaga: o da desconfiança.
Quando um político quebra
a palavra, ele não trai apenas um aliado; trai a própria história, o eleitor
que acreditou e a esperança de que a política ainda possa ter decência e
caráter. Em um cenário repleto de acordos, a palavra continua sendo o bem mais
precioso. Sem ela, nenhum pacto se sustenta.
A política vive de
alianças, mas também de princípios. E aquele que transforma lealdade em moeda
de troca revela que não tem rumo nem raiz. Hoje se alia, amanhã renega; hoje
jura fidelidade, amanhã conspira. Pode até conquistar uma vitória momentânea,
mas o preço é alto: perde o respeito, destrói reputações e mancha para sempre a
própria biografia.
O dilema do traidor é
cruel: ele pode até vencer no presente, mas carrega para sempre a marca da
inconstância. Nenhum grupo confia, nenhum lado acolhe, nenhum eleitor esquece.
Afinal, quem trai uma vez, trai de novo — e todos sabem disso.
Na política, especialmente
no Olho D’Água do Borges, o poder muda de mãos, os cargos passam. O que
permanece é a reputação — e essa não se compra, não se negocia, nem se
recupera. O político que trai e quebra a palavra talvez alcance o topo por um
instante, mas logo descobre o peso do que se tornou: um homem sem palavra — e,
portanto, sem valor.
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