domingo, 19 de outubro de 2025

Gastos no escuro: 80% dos projetos de governo e Congresso ignoram impacto nos cofres públicos

 


Oito em cada dez propostas com efeito direto nas contas públicas são apresentadas sem estimativa de despesas, descumprindo regras da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O dado é de um levantamento do Movimento Orçamento Bem Gasto, que analisou 496 projetos protocolados no Congresso entre 2011 e 2025 — com foco especial nas proposições feitas desde 2023 até agosto deste ano. Apenas 21% dos textos vieram acompanhados de cálculo de impacto financeiro no momento da apresentação.

Segundo o estudo, há um “apetite” crescente de parlamentares e do próprio Executivo por medidas que criam ou ampliam benefícios, auxílios e isenções, sobretudo em períodos eleitorais, sem demonstrar como essas iniciativas serão custeadas. A prática contraria a LRF, a Constituição e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que exigem que qualquer aumento de gasto ou renúncia fiscal seja acompanhado de previsão de impacto e medidas de compensação.

A falta dessas estimativas tem levado muitos projetos a serem vetados na reta final, após tramitarem por longos períodos. Foi o caso da proposta que aumentava o número de deputados na Câmara, aprovada sem cálculo prévio e vetada pelo presidente Lula. A própria Câmara estimou um impacto anual de R$ 64,8 milhões apenas com a criação das novas cadeiras, valor que poderia ser maior com auxílios e emendas. Outras iniciativas, como a criação do Pronamc e descontos no IR para famílias que cuidam de idosos, seguem em tramitação sem estimativas financeiras.

Para especialistas, a regra precisa mudar. O coordenador do movimento, Marcelo Issa, defende que o cálculo de impacto seja obrigatório e feito por uma instituição independente. “Assim, o conflito distributivo não desapareceria, mas deixaria de ser travado no escuro. Se queremos gastar melhor, precisamos decidir com base no impacto orçamentário previsto — e antes das votações”, afirmou.

Com informações do Estadão

 

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