Medicamentos injetáveis como Ozempic, Wegovy e
Mounjaro revolucionaram o tratamento da obesidade ao proporcionar efeitos de
perda peso semelhantes ao da cirurgia bariátrica. Agora, as empresas que
produzem esses medicamentos buscam desenvolver pílulas tão eficazes quanto e
dois estudos apresentados na última semana indicam que isso está prestes a se
tornar realidade.
A orforgliprona, medicamento oral da Eli Lilly
(mesmo fabricante do Mounjaro), proporcionou uma perda de peso de 20% ou mais
em uma em cada cinco pessoas que tomaram o comprimido uma vez ao dia, por 72
semanas. O fármaco tem como alvo os mesmos receptores GLP-1 que as injeções
para perda de peso, como Mounjaro e Wegovy.
Embora essa perda de peso não seja tão acentuada
quanto a dos pacientes que tomam tirzepatida injetável (Mounjaro),
especialistas acreditam que um comprimido para obesidade será mais acessível e
prático em comparação com as injeções.
A empresa publicou um resumo dos resultados em
agosto e o artigo completo detalhando as descobertas foi publicado recentemente
no New England Journal of Medicine e apresentado na reunião anual da Associação
Europeia para o Estudo do Diabetes, em Viena, Áustria.
No estudo, os 3.127 pacientes foram divididos em
grupos que tomaram comprimidos de orforgliprona de diferentes dosagens,
enquanto outros tomaram placebo, por 72 semanas. Todos os pacientes eram
obesos, ou seja, tinham um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a
30, mas não tinham diabetes. Participaram do estudo pacientes dos EUA, China,
Brasil, Índia, Japão, Coreia do Sul, Espanha, Eslováquia e Taiwan.
Os resultados mostraram que, após 72 semanas, as
pessoas que tomaram a menor dose de orforgliprona, comprimidos de 6 mg por dia,
perderam em média 7,5% do peso corporal. Aqueles que tomaram a dose mais alta,
36 mg, perderam em média 11,2% do peso corporal.
Entre os pacientes que tomaram as doses mais altas, 54,6%
tiveram uma redução de 10% ou mais do peso corporal, 36% tiveram uma redução de
15% ou mais e 18,4% tiveram uma redução de 20% ou mais.
Os pesquisadores afirmaram que outros indicadores de
saúde também melhoraram entre as pessoas que tomaram o medicamento, incluindo
melhora da pressão arterial, menor circunferência da cintura e redução dos
níveis de colesterol ruim. Os efeitos colaterais mais comuns foram
gastrointestinais, que foram considerados leves a moderados.
Outro estudo, publicado no The New England Journal
of Medicine e apresentado na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo
do Diabetes que avaliou a eficácia e a segurança da semaglutida oral 25 mg,
medicamento equivalente ao Wegovy em comprimido, mostrou que um em cada três
participantes do estudo perdeu 20% ou mais do peso corporal.
A perda média de peso do medicamento, administrado
em dose única diária, foi de 16,6% após 64 semanas. No estudo, os pesquisadores
compararam a eficácia da semaglutida oral 25 mg (associada a mudanças no estilo
de vida) ao placebo em 307 adultos com obesidade ou sobrepeso com uma ou mais
comorbidades relacionadas ao peso, sem diabetes.
Os resultados mostraram que, em um cenário de adesão
ideal ao tratamento, a perda de peso média foi de 16,6% para o grupo que
utilizou semaglutida oral 25 mg, em comparação com 2,7% no grupo placebo após
64 semanas. Mais de um terço (34,4%) dos participantes alcançou uma redução de
20% ou mais do peso corporal, contra apenas 2,9% no grupo placebo. De acordo
com a Novo Nordisk, fabricante do medicamento, esse resultado é comparável aos
obtidos em estudos anteriores com Wegovy injetável.
A semaglutida oral 25 mg também demonstrou melhorias
na capacidade de realizar atividades físicas diárias, como se levantar,
caminhar e ser fisicamente ativo, além de melhorias nos fatores de risco
cardiovascular.
A Lilly planeja submeter o comprimido diário GLP-1
para revisão regulatória ainda este ano e a Novo Nordisk informou que já
submeteu à FDA, agência que regula medicamentos nos EUA, um Pedido de Novo
Medicamento (NDA) para a formulação em comprimido de uso diário do Wegovy.
O Globo
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