sábado, 20 de setembro de 2025

A péssima notícia da pesquisa Genial/Quaest para o governo Lula

 


A nova rodada de pesquisa de avaliação do presidente Lula divulgada nesta semana pela Genial/Quaest apontou uma estabilidade nos índices do petista, mas trouxe uma péssima notícia para o governo: a quase um ano da eleição, a comunicação segue entre seus principais desafios do Palácio do Planalto. De acordo com o levantamento, 43% dos entrevistados disseram não ter ouvido nenhuma notícia positiva relacionada à sua gestão.

O percentual se refere a respostas espontâneas ao questionamento sobre as informações mais positivas do governo Lula. O percentual está muito à frente dos outros temas que se destacaram, como a ampliação dos programas sociais (7%) e o enfrentamento ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (6%). O aumento do salário mínimo, que tem sido reajustado acima da inflação e é bandeira histórica do PT, só foi citado por 1% dos entrevistados.

Além disso, o índice dos que não souberam citar boas notícias relacionadas à gestão petista é o dobro daqueles que disseram não ter tido ciência de informações negativas sobre o governo (24%).

Quando os entrevistados foram questionados de forma estimulada se ouviram mais notícias boas ou ruins a respeito de Lula, as “mais negativas” (45%) também se sobrepuseram às ‘mais positivas” (27%). Logo atrás estão os que afirmaram não ter acompanhado notícias (23%).

Outro recorte da Genial/Quaest que chama atenção é o dos programas do governo do PT. Em relação ao Agora Tem Especialistas, carro-chefe do Ministério da Saúde que Lula espera apresentar como uma vitrine de seu terceiro mandato na campanha à reeleição, 80% disseram não conhecê-lo e, por isso, não podiam opinar sobre ele.

Como mostrou O GLOBO, as dificuldades na implementação do programa na gestão Nísia Trindade na pasta contribuíram para a demissão da então ministra em fevereiro passado pelo presidente. Pelo mesmo motivo, a bandeira foi abraçada como a principal prioridade de seu sucessor, Alexandre Padilha.

Para efeito de comparação, outra novidade do governo Lula, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, é desconhecida por apenas 30% dos entrevistados. Por outro lado, a taxa desaba no caso de programas consolidados desde as primeiras gestões do PT como o Bolsa Família (1%).

A comunicação tem sido um dos principais desafios do presidente no seu retorno ao Palácio do Planalto em um ambiente de polarização, notícias falsas e pulverização de conteúdos por diferentes redes sociais. Além disso, o domínio da direita bolsonarista nesta seara torna o processo ainda mais pedregoso para o presidente, pouco afeito às redes sociais antes de voltar ao poder.

Atribuir índices de popularidade abaixo do esperado à dificuldade em se comunicar com a população tornou-se um chavão entre ministros desde a posse de Lula, que aparentemente caminha rumo às eleições sem uma fórmula que solucione a questão.

Depois de dois anos com tropeços do governo, o presidente decidiu demitir o então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, e nomear o marqueteiro de sua campanha em 2022, Sidônio Palmeira, para o cargo com ares de “bala de prata”. A movimentação, inclusive, seria o prenúncio de uma ampla reforma ministerial que não se concretizou.

Passados nove meses desde a nomeação de Sidônio, os números da Genial/Quaest sugerem que o desafio está longe de ser superado – ainda que o titular da Secom tenha declarado na última quarta-feira não ter “absolutamente nenhuma preocupação” com os resultados da pesquisa.

A maior aposta do governo Lula para o setor segue sendo uma licitação de comunicação digital que se arrasta desde 2023. O edital foi finalmente aberto em 2024 projetando o contrato mais caro da história do Planalto no âmbito da comunicação, R$ 197,7 milhões.

O certame foi aberto na modalidade de melhor técnica no lugar da escolha pelo menor preço, como é de praxe na administração pública, mas acabou suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU) depois que a lista de agências vencedoras foi antecipada na véspera da divulgação do resultado pelo site O Antagonista.

A corte contábil posteriormente liberou a retomada da concorrência, mas, já empossado na Secom, Sidônio preferiu abrir uma nova licitação. Isso só ocorreu em julho passado, e o custo estimado agora é de R$ 98 milhões.

O processo ainda está em curso, sem previsão de conclusão. A julgar pelos números da Genial/Quaest e pela proximidade do período eleitoral, a missão de corrigir as falhas de Lula na comunicação se assemelha cada vez mais a uma corrida contra o relógio, apesar do favoritismo nos cenários eleitorais a mais de um ano da eleição em uma disputa sem candidatos definidos.

Malu Gaspar - O Globo

 

 

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