Com queda na geração de empregos registrada no
primeiro semestre deste ano, o setor produtivo do Rio Grande do Norte aponta
que o cenário para o segundo semestre de 2025 será ainda mais desafiador no
tocante a criação de novos postos de trabalho no Estado. As conclusões de
entidades ligadas ao setor têm como base as taxações dos Estados Unidos ao
Brasil e as dinâmicas de mercado. Neste ano, segundo dados do Novo Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o RN contabiliza um saldo positivo
de 6.974 novos postos de trabalho com carteira assinada no acumulado do ano.
Apesar de positivo, o número é 47,4% menor em relação ao acumulado do mesmo
período do ano passado, quando o estado criou 13.272 empregos formais no
semestre.
Segundo dados mais recentes do Caged, o Rio Grande
do Norte teve 20.245 admissões e 18.482 demissões, finalizando o mês de junho
com um saldo positivo de 1.763 empregos. Quando comparado a junho de 2024,
quando o saldo foi de 4.568 empregos, há uma variação negativa de 2.805
empregos, o que representa uma redução de 61,4% no saldo nesses dois períodos.
O segmento de Construção foi um dos mais afetados em
2025. No mesmo mês em 2024, o saldo positivo era de 397 empregos, caindo para
um déficit de 329 neste ano. Na avaliação de Sérgio Azevedo, presidente do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon-RN), o saldo
negativo em junho pode ser atribuído à conclusão de grandes obras de
infraestrutura, como parques eólicos e solares. “A ausência imediata de novos
empreendimentos de igual porte, reflexo de entraves regulatórios e limitações
no setor de energia — como o curtailment [corte de geração] —, também
contribuiu para o resultado. Além disso, o término de contratos e os ajustes
característicos do período do meio do ano impactaram o quadro de funcionários”,
analisa o presidente.
Para Pedro Albuquerque, assessor técnico do
Observatório da Indústria Mais RN, ligado à Federação das Indústrias do Estado,
a avaliação do saldo mensal de empregos formais na Construção Civil ao longo do
ano de 2025 revela uma tendência de desaceleração contínua no setor. Em
janeiro, o saldo foi de 876 postos de trabalho, mas esse número vem diminuindo
progressivamente nos meses seguintes, chegando a apenas 39 novas vagas em maio.
“Essa retração pode ser explicada, em parte, pelos
juros elevados; a taxa Selic está em 15%, o que desestimula financiamentos
voltados à compra, reforma ou construção de imóveis. Soma-se a isso o
prolongamento do período chuvoso, um fator sazonal que costuma impactar
negativamente o setor nesta época do ano”, cita Albuquerque.
Apesar dos números, o presidente do Sinduscon-RN diz
que o setor permanece resiliente impulsionado pelo mercado imobiliário, que
segue aquecido e deve continuar gerando empregos e renda ao longo do segundo
semestre. “A expectativa é positiva, com previsão de novos lançamentos
imobiliários e a retomada de projetos habitacionais e comerciais, fatores que
tendem a sustentar o dinamismo da construção civil nos próximos meses”, diz
Sérgio Azevedo.
O setor de Comércio e Serviços, apesar de terminar
junho e o semestre positivos, também apresentou reduções em relação ao ano
passado. O Comércio registrou saldo de 952 empregos ante 1.850 no primeiro
semestre de 2024 (queda de 48%). O setor de Serviços registrou 4.181 postos de
trabalho no primeiro semestre de 2025, contra 10.720 em relação ao ano
anterior. A queda foi de 60%.
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomercio), Marcelo Queiroz, a queda no
número de empregos registrados em junho acende o sinal de alerta “diante de um
cenário macroeconômico e local de incertezas”. Ele cita ainda o clima instável
entre os poderes no País, juros ainda elevados, inadimplência recorde no varejo
e redução no consumo das famílias.
“A tendência para o segundo semestre é de desaceleração
na geração de vagas, com maior impacto sobre o Comércio e os Serviços. A
esperada redução da Selic a partir de setembro poderá atenuar os efeitos da
contração do crédito. A reoneração gradual da folha de pagamento, em debate no
Congresso, também poderá influenciar decisões de contratação. Porém, eventos
como o Natal em Natal e festivais regionais, que movimentam turismo e comércio.
Ainda assim, o estado deve encerrar 2025 com um saldo positivo, porém inferior
ao de 2024, estimado entre 11 mil e 14 mil vagas no acumulado do ano,
dependendo do comportamento da economia nacional no último trimestre”, aponta.
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