O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA),
afirmou na sexta-feira que não há decisão sobre sua saída do governo, mesmo com
o aumento da pressão da cúpula da sigla para desembarcar da gestão petista. A
relação do partido com o Planalto piorou ainda mais após críticas do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente do União, Antonio Rueda, em
reunião ministerial.
— Nada foi decidido, nenhuma saída foi conversada.
Inclusive, estou hoje (ontem) inaugurando obras relativas à COP 30, continuando
meus trabalhos — afirmou o ministro.
Segundo dirigentes do partido, Sabino procurou Rueda
na quinta-feira, para tentar convencê-lo a dar aval para a permanência no
governo. O presidente do partido não atendeu o pedido do ministro e disse que,
se ele não sair do governo, será expulso da sigla.
A aliados, o ministro reafirma a intenção de
permanecer tanto no governo quanto no partido e que acredita ainda ser possível
reverter o ultimato recebido do presidente do União Brasil.
‘Cota Alcolumbre’
A Executiva Nacional do União tem reunião marcada
para a próxima quarta-feira, quando pretende aprovar uma resolução para impedir
que filiados ocupem cargos no governo Lula. A decisão pouparia as principais
indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que apadrinhou
os ministros Frederico Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Integração
Nacional), mas que não são filiados ao partido.
A cúpula do União Brasil considera que ter um
filiado como ministro é insustentável após ele deixar claro a indisposição
pessoal com Rueda. Já havia uma movimentação para desembarcar da Esplanada até
o fim do ano, após a federação com o PP ser aprovada pela Justiça Eleitoral,
mas a decisão deve ser adiantada para semana que vem depois da fala do
presidente na reunião ministerial.
A pressão de Lula para que os ministros do Centrão
defendam mais o governo das críticas dos dirigentes de seus partidos provocou
insatisfação em parte das legendas. A decisão do União Brasil vai ser centrada
no ministro do Turismo, Celso Sabino, que é o único formalmente filiado à
legenda no primeiro escalão.
Segundo relatos de integrantes do partido, o assunto
ganhou força com cobranças dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, e de Mato
Grosso, Mauro Mendes, em um grupo de WhatsApp do partido após as falas de Lula.
Ainda de acordo com integrantes da legenda, Sabino mandou diversas mensagens no
grupo reclamando da pressão pela saída e defendendo o governo, mas estava em
minoria.
Com exceção dos votos contrários de Sabino e de
outros poucos nomes da Executiva, como Alcolumbre e o ex-ministro das
Comunicações Juscelino Filho, o União espera amplo apoio para aprovar o
desembarque.
Na reunião ministerial de terça-feira, além de
cobrar uma defesa mais contundente do governo aos ministros, Lula disse
acreditar que não vai ter o apoio do União Brasil em 2026 e que não gosta
pessoalmente do presidente do partido, Antonio Rueda. Em resposta, o dirigente
afirmou nas redes sociais que “na democracia, o convívio institucional não se
mede por afinidades pessoais, mas pelo respeito às instituições e às
responsabilidades de cada um”.
O Globo
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