O ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal
Federal), criticou o “ativismo judicial” e cobrou compromisso do Judiciário com
a Constituição. Segundo ele, a Corte e os magistrados não podem atuar como
criadores de leis.
“Eu tenho meus valores, minhas pré-compreensões, mas
devo servir a lei e a constituição. O que significa que o Judiciário não pode
ser o fator de criação e inovação legislativa. O Estado de Direito impõe a alta
contenção, o que se contrapõe o ativismo judicial”, destacou Mendonça em evento
do 24º Fórum Empresarial do Lide, no Rio de Janeiro.
Para o ministro, o Estado de Direito deve ser
concebido como um sistema de freios e contrapesos, no qual a lei e a
racionalidade funcionam como fatores de estabilidade e não de crise.“Esse
Estado é onde as leis governam, não a vontade ou os interesses pessoais. O
arbítrio deve ser contido e a Justiça, presente.”
“Liberdade de expressão não é apenas uma dimensão de
um direito individual, tem uma dimensão pública, porque sem liberdade de
expressão e opinião, não há democracia”, enfatizou o magistrado.
Citando o jurista italiano Luigi Ferrajoli, Mendonça
apontou que há um “colapso da capacidade reguladora da lei” e uma crise no
respeito entre os Poderes. Nesse contexto, defendeu que cabe ao Judiciário atuar
com responsabilidade e autocontenção.
“O ativismo suprime, desconsidera e supera os
consensos sociais pelos representantes eleitos, implica na superação da vontade
democrática, implica no enfraquecimento do Estado Democrático e dos demais
poderes”, disse.
Mendonça acrescentou que, em um Estado de Direito
sólido, o Judiciário não deve ter a prerrogativa de dar nem “a primeira nem a
última” palavra. Para ele, decisões judiciais precisam gerar paz social,
segurança e estabilidade, e não medo ou incerteza.
“Precisamos fazer um compromisso público de que o
bom juiz tem que ser reconhecido pelo respeito, não pelo medo. Que suas
decisões gerem paz social. E que o bom político viva para servir, e não para se
servir”, concluiu.
CNN
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