domingo, 24 de agosto de 2025

Mapa aprova 1ª Estação de Pré-Embarque de gado vivo para exportação no RN

 


O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aprovou, com condicionantes, a primeira Estação de Pré-Embarque (EPE) de gado no Rio Grande do Norte. A unidade, que permitirá a exportação de animais vivos para abate, será um espaço localizado no Distrito de Irrigação do Baixo Açu (DIBA), em Alto do Rodrigues, destinado à realização da quarentena dos animais antes do envio para outros países. Nesse local, os rebanhos serão submetidos a procedimentos de controle sanitário que comprovam a ausência de doenças nos animais que serão comercializados. A instalação é considerada estratégica para a cadeia produtiva da carne bovina potiguar.

Atualmente, grande parte da carne consumida no RN é abastecida por frigoríficos de estados como Maranhão, Pará e Tocantins. A expectativa do Governo do Estado é que a EPE estimule a criação de gado localmente e abra novas possibilidades de comercialização. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Alan Silveira, a empresa NSL Confinamento e Estação de Pré-Embarque será responsável pela construção da EPE e assumiu o compromisso de adotar práticas inovadoras e sustentáveis na unidade.

Ainda conforme Silveira, a instalação contará com sistemas modernos de monitoramento e rastreabilidade, para garantir a integridade e bem-estar dos animais durante todo o processo de embarque, que será fiscalizado pelas autoridades competentes. “Com essa iniciativa, o Estado reforça sua competitividade no comércio exterior agropecuário, consolidando o Porto de Natal como ponto estratégico para novas oportunidades no mercado internacional”, avalia Silveira.

Sobre os prazos para o início e valores das obras a serem executadas pela empresa terceirizada, no entanto, a SEDEC informou que até o momento o Governo Federal ainda não estabeleceu estimativas oficiais para o começo dos trabalhos. A definição de datas para o início das intervenções depende de decisões e cronogramas a serem divulgados pela esfera federal, responsável pelo repasse de recursos e pela coordenação geral do projeto.

Para Guilherme Saldanha, secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (Sape), a medida abre um espaço estratégico para a pecuária potiguar. “É uma primeira semente que está sendo lançada e vamos torcer para que isso cresça e gere volume. E, quem sabe, do mesmo jeito que a gente é um grande exportador de fruta, se transforme em um grande exportador de gado vivo”, defendeu.

O secretário também destacou que o RN pode se beneficiar da localização geográfica. “O Brasil é o maior exportador de gado vivo para o mundo árabe. Essa exportação é feita no Pará, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Então a gente está muito mais próximo desses países, para chegar de rota marítima do que o Porto do Rio Grande do Sul, que demora sete dias a mais. Como o navio vai buscar e depois volta para deixar o gado vivo, são 14 dias a menos de viagem, de combustível e de alimentação para os animais. Então a vantagem competitiva do RN é muito maior”, disse.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira, a aprovação da EPE representa uma oportunidade de retomada das exportações de gado potiguar. “Esse embarque será realizado pelo Porto de Natal, após a quarentena dos animais no DIBA. É um ganho muito importante, uma retomada”, disse o presidente José Vieira.

Na avaliação da Faern, a abertura da estação também pode resultar em um aumento significativo na atração de investimentos para o setor. “O RN já realizou exportações de gado zebuíno para a África, por via aérea, em anos anteriores, e agora se abre a oportunidade de transporte marítimo”, acrescenta Vieira.

Ainda de acordo com a Faern, a tradição genética do Estado é um dos principais fatores que contribuem para a sua competitividade no mercado internacional, o que fortalece ainda mais a posição do RN como fornecedor de animais de alto padrão.

“O RN já foi campeão brasileiro de Nelore e hoje o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Sindi (ABCSindi) é potiguar, o Dr. Orlando Gadelha. Essa base genética fortalece o posicionamento do Estado como fornecedor de animais com alto padrão de qualidade para o mercado externo”, destacou Vieira.

Conforme dados do Beef Report 2025, divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, 1 a cada 5 quilos de carne bovina exportada no mundo em 2024 teve origem brasileira, consolidando o país como um dos principais exportadores de carne bovina.

Novo cenário para os produtores

De acordo com o secretário Guilherme Saldanha (Sape), a instalação da EPE representa um novo cenário para o setor. “Na hora que a gente abre uma EPE no Rio Grande do Norte, abre um mercado para criadores de gado terem mais uma porta de comercialização através da exportação. Então, se você criar boi hoje e não está tendo a quem vender seu boi porque a carne de fora está entrando muito barata no estado, na hora que se abre mais outro comércio, fica melhor para o criador do boi. Essa seria a grande vantagem”, avaliou.

José Vieira destacou que a Faern enxerga a iniciativa como um avanço para os produtores locais. Segundo ele, a aprovação da EPE cria mais uma alternativa de comercialização e abre novos mercados, o que pode estimular o aumento da produção.

O presidente também ressaltou que o projeto pode beneficiar não apenas os criadores do RN, mas atrair animais de outros estados, para serem embarcados a partir do porto potiguar. Para ele, a medida fortalece a pecuária local e amplia a competitividade. “A possibilidade de exportar gado vivo cria novas oportunidades de negócios para criadores, estimulando investimentos em genética, nutrição animal e infraestrutura das propriedades. Isso deve ampliar a renda dos produtores locais e atrair investidores interessados em atender à demanda internacional por animais de qualidade”, completou.

A Faern também avalia que a abertura da Estação de Pré-Embarque no Rio Grande do Norte pode gerar empregos diretos e indiretos, tanto nas operações da própria estação quanto em toda a cadeia logística, abrangendo transporte, alimentação, manejo e serviços veterinários. “A possibilidade de exportar gado vivo cria novas oportunidades de negócios para criadores, estimulando investimentos em genética, nutrição animal e infraestrutura das propriedades”, disse o presidente da Faern.

Fiscalização

O processo será acompanhado e fiscalizado pelo Ministério da Agricultura e pelo Idiarn, com foco no cumprimento das normas de sanidade animal, vacinação obrigatória e bem-estar dos animais. Todas as etapas – desde o manejo nos currais, a alimentação balanceada e o descanso, até o transporte até o porto – deverão seguir os protocolos internacionais, conforme informou a Faern.

O secretário de Agricultura e Pecuária do RN explica que as regras sanitárias rigorosas exigidas por determinados países serão cumpridas com a criação da EPE, aumentando o radar para países investidores. “Estaremos atendendo todas às exigências sanitárias rigorosas, garantindo que os animais cumpram todos os protocolos de saúde animal exigidos pelos países importadores, o que fortalece a confiança no nosso gado e amplia a competitividade do Estado”, explicou Guilherme Saldanha.

A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) disse que a companhia já ajustou a operação portuária para atender a essa nova demanda e está preparada para apoiar as operações portuárias necessárias, garantindo infraestrutura adequada, segurança e eficiência no embarque desses animais.

“Entendemos que essa iniciativa pode atrair novos investimentos, ampliar a competitividade do agronegócio potiguar e gerar impactos positivos para produtores rurais, transportadores e toda a cadeia logística”, disse a Codern, empresa que administra o Porto de Natal.

A reportagem tentou contato com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Ministério dos Portos e Aeroportos (MPOR) para saber mais detalhes do projeto, valores, prazos e condicionantes e como se darão os embarques, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

 

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