A porta-voz do governo Trump, dos EUA, Karoline
Leavitt, disse nesta terça-feira (19) que vai usar “toda a força” contra o
regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
“Maduro não é um presidente legítimo. Ele é um
fugitivo e chefe de um cartel narcoterrorista acusado nos EUA de tráfico de
drogas. Trump está preparado para usar toda a força americana para deter o
tráfico de drogas”, disse Leavitt, a jornalistas, na Casa Branca.
O termo em inglês usado por Leavitt, “power”, pode
ser traduzido como “força” ou “poder”.
Nesta semana, os EUA deslocaram três navios de
guerra para o sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, sob a alegação de
conter ameaças de cartéis de tráfico de drogas. O presidente Trump afirmou que
iria usar forças militares para perseguir o tráfico organizado, cujos grupos
foram designados como organizações terroristas globais por Washington.
De acordo com a Reuters, os navios deslocados são
destróiers com sistemas de mísseis guiados Aegis: USS Gravely, USS Jason Dunham
e USS Sampson. A agência diz que mais de 4.000 militares serão posicionados na
região.
O Ministério das Comunicações da Venezuela não
respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters. Sem se referir
aos navios de guerra, o presidente venezuelano disse na segunda-feira (18), em
um discurso, que a Venezuela “defenderá nossos mares, nossos céus e nossas
terras”. Ele aludiu ao que chamou de “a ameaça bizarra e absurda de um império
em declínio”.
Recompensa
No último dia 7, os EUA anunciaram que irão
pagar até US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que
levem à prisão ou condenação de Maduro. O valor é maior do que o oferecido por
detalhes do paradeiro de Osama Bin Laden após os atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001.
Segundo a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi,
Maduro é um dos “maiores narcotraficantes do mundo” e representa uma ameaça à
segurança nacional dos Estados Unidos.
Acusação formal sob Trump
Os EUA acusam formalmente Maduro de narcoterrorismo
desde março de 2020, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Na época, o
governo passou a oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 75
milhões).
Esse valor foi aumentado para US$ 25 milhões em
janeiro de 2025, já sob o governo de Joe Biden, como retaliação à posse de
Maduro para um novo mandato como presidente. Agora, a recompensa foi dobrada e
chegou a US$ 50 milhões.
O novo montante ultrapassa o valor oferecido pelos
EUA por Osama Bin Laden logo após os atentados de 11 de setembro. À época, o
governo americano anunciou uma recompensa de US$ 25 milhões pelo líder da
Al-Qaeda, e ele passou a ser o homem mais procurado do planeta.
O Senado dos EUA chegou a aprovar a elevação desse
valor para US$ 50 milhões, em 2007, mas não há registros de que a mudança tenha
sido oficializada. Registros do Departamento de Estado indicam que a recompensa
ficou em US$ 25 milhões.
Bin Laden foi morto em maio de 2011, durante uma
operação da Marinha dos EUA no Paquistão. Segundo a imprensa americana, nenhuma
recompensa foi paga, já que o líder da Al-Qaeda foi localizado por meio de
dados da inteligência norte-americana.
Antes mesmo da morte de Bin Laden, em 2003, os
Estados Unidos já haviam pagado uma recompensa superior — mas referente a dois
alvos. Na ocasião, um homem recebeu US$ 30 milhões por fornecer informações
sobre o paradeiro de Uday e Qusay Hussein, filhos do então ditador iraquiano
Saddam Hussein.
Buscas por Maduro
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, Nicolás
Maduro é acusado de envolvimento em conspiração com o narcoterrorismo, tráfico
de drogas, importação de cocaína e uso de armas em apoio a crimes relacionados
ao tráfico.
Maduro também é apontado pelo governo americano como
líder do suposto Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelos EUA
como organização terrorista internacional.
Ao anunciar a recompensa de US$ 50 milhões, o
governo americano afirmou que já apreendeu mais de US$ 700 milhões em bens
ligados ao venezuelano, incluindo dois jatos particulares e nove veículos.
Ainda de acordo com o governo, as autoridades
interceptaram 30 toneladas de cocaína ligadas a Maduro e seus aliados — quase 7
toneladas diretamente relacionadas ao presidente.
Apesar disso, a recompensa oferecida pelos EUA tem
efeito prático limitado e é vista como gesto político. Maduro segue no comando
da Venezuela, e a medida não equivale a um pedido internacional de prisão.
Como estratégia, para se blindar, Maduro continua
mantendo relações diplomáticas com aliados estratégicos como Rússia, China e
Irã.
g1
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