O governo Lula e os jornalistas amigos do governo
Lula estão animadíssimos porque milhões de brasileiros já se endividaram por
meio da nova modalidade de empréstimo consignado, que leva o nome eleitoreiro
(e perverso) de Crédito do Trabalhador.
É o mais novo conto do vigário a chegar na praça:
para tomar um empréstimo com juros mais baixos do que os usuais causados pelo
governo perdulário, empréstimo a ser quitado em parcelas mensais que lhe serão
subtraídas diretamente da folha de pagamento, o pobre dá como garantia extra,
além de até 35% do seu salário, o seu saldo de FGTS, no limite de 10%, como vem
escrito na tela do celular.
Já que mais de 70% dos brasileiros estão
endividados, muita gente achará um bom negócio fazer o papagaio vendido pelo
governo como ararinha azul: o de pagar um credor que cobra 100% de juros ao ano
com o dinheiro tomado de outro credor que faz o precinho camarada de 40% de
juros anuais, por aí.
É uma conquista social: o papagaio
de Lula enforca o pobre com um nó menos apertado, entende?
Depois de esganar o pobre, mas com carinho, afinal o
governo é de esquerda, e educação financeira, afinal somos capitalistas
responsáveis, o carrasco do banco vai matar também a esperança espírita do
pobre — o FGTS, aquela poupança forçada que, apesar de render no máximo a
inflação do período (e por decisão do STF, antes não era nem isso), é vendida
pelo governo como a garantia de uma feliz reencarnação pós-aposentadoria.
Não vai sobrar nem lembrança da esperança espírita.
O novo papagaio de Lula pode se estender por até 96 meses, o que encarece ainda
mais o crédito, enquanto o tempo médio de permanência do trabalhador brasileiro
em uma empresa é de apenas 24 meses. Ou seja, boa parte dos endividados terá de
usar o saldo do FGTS ou as mixarias rescisórias para pagar o que falta ao
carrasco que o matou uma vez. Se o saldo do FGTS e as mixarias não forem
suficientes, você carrega a sua dívida para o novo emprego (se encontrar um). É
a morte e a morte de Quincas Berro d’Água.
A receita de Lula para movimentar a economia sempre
foi dar dinheiro a pobre sem emprego ou endividar pobre com emprego — antes,
para o pobre com emprego comprar eletrodomésticos em 36 prestações e achar que
chegou à classe C; agora, para o pobre com emprego fazer papagaio sem
medo de ser feliz. Tudo sob a fanfarra dos jornalistas amigos. A gente
morre é de felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário