A alta no preço dos alimentos pode ter reduzido o
poder de compra das famílias ainda mais do que o medido pelo Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação brasileira, de
acordo com economista consultado pela CNN.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) é focado na variação do custo de vida de famílias com renda mais
baixa, até cinco salários mínimos e cuja principal fonte de renda é o trabalho
assalariado.
Em 2024, o grupo de alimentos e bebidas do INPC
fechou com alta de 7,60%. Em comparação, IPCA, que leva em consideração a renda
até 40 salários, acelerou 7,69%.
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explica que a alta dos
alimentos no INPC têm um peso maior do que no IPCA, representando um
comprometimento maior da renda para alimentação.
“O resultado do IPCA está mais próximo de famílias
de alta renda, uma vez que dá peso maior para grupos, como serviços, que as de
baixa renda não consomem tanto. Em orçamentos mais restritos, o peso da
alimentação é maior”.
Braz destaca que, considerando o subgrupo de alimentação
no domicílio, capaz de refletir melhor a realidade de famílias com renda de até
cinco salários, é possível ter uma ideia mais palpável do efeito da inflação.
No acumulado dos últimos 12 meses, o INPC para
alimentação em domicílio encerrou o ano com avanço de 8,02%. Em 2023, o
subgrupo fechou o ano em queda de -1,05%.
“Isso traduz bem a angústia de muitas famílias.
Quando o item mais pesado dobra mais do que a inflação média, e o salário é
corrigido na média de todas as despesas, o poder de compra não numa magnitude
que cobre todos os gastos com alimentos.
No ano, o INPC geral de 2024 encerrou em 4,77%.
Braz explica que a alta no preço dos alimentos vem
da pressão causada pelo aumento de exportação, impulsionada pela alta do dólar.
“Quando nossa moeda desvaloriza, parece que tudo no
Brasil entra em promoção, exportamos mais. Apesar de ser bom para a balança
comercial, isso cria um desafio a mais para a inflação”.
A divisa dos EUA guinou para cima a partir de
novembro de 2024, se mantendo majoritariamente acima de R$ 6. O movimento
perdeu força nas últimas sessões, com dólar encerrando a semana passada a R$
5,91, com queda acumulada de 2,4%.
Braz explica que, ao favorecer o mercado externo, o
preço no Brasil aumenta devido a um desabastecimento pelo “benefício” cambial
para os produtores.
CNN Brasil
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