O número de casos de dengue no Rio Grande do Norte
teve crescimento alarmante em 2024. De acordo com o Painel de Monitoramento das
Arboviroses, do Ministério da Saúde, entre janeiro e agosto deste ano, foram
contabilizados 16.947 casos prováveis da doença, um aumento de 177,4% em
relação ao mesmo período de 2023, quando o estado registrou 6.109 casos. Além
disso, o Estado contabilizou três mortes por dengue e dois óbitos estão em
investigação. Os casos registrados até agosto deste ano já superam o total do
ano passado, que foi de 7.679.
Apesar desse aumento significativo, a adesão à
campanha de vacinação contra a dengue tem sido irrisória. A campanha de 2024,
que tinha como público-alvo 112.321 pessoas, alcançou apenas 7.212 indivíduos
com a primeira dose da vacina, representando 6,42% do total. A situação é ainda
mais preocupante com relação à segunda dose: somente 2.464 pessoas, ou 2,19% do
público-alvo, completaram o esquema vacinal.
A médica infectologista Marise Reis enfatiza que a
vacina é um dos meios mais eficazes de proteção contra a dengue, especialmente
em um cenário de aumento de casos. “Existia já uma expectativa de aumento
expressivo de casos, do final do ano passado para esse, ou seja, nós estamos de
acordo com o que é esperado pelos dados epidemiológicos, pela curva
epidemiológica, e nós temos um mecanismo de proteção a mais que é a vacina, que
está disponível, e que precisa ser utilizada como recurso de proteção”, aponta.
Além disso, Marise Reis explica que as chuvas
isoladas, que vêm ocorrendo fora do período tradicional de chuvas, podem estender
a janela de proliferação do mosquito transmissor. “O mosquito gosta de água. Em
qualquer momento que ela surja, então acho que esse é um ponto que traz para a
gente a preocupação de pensar que o nosso período chuvoso está estendido,
portanto a nossa exposição à dengue também vai se estender. Por isso, é
importante buscar a vacina e se proteger”, acrescenta.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) São João, em
Candelária, o aumento na demanda por atendimento de pessoas com sintomas de
dengue é perceptível, conforme relato de uma enfermeira da unidade. “A gente
percebe que os atendimentos continuam significativos, mesmo após o tempo
chuvoso, que é o período das arboviroses. Atendemos muitas pessoas aqui com
aqueles sintomas que todo mundo já conhece, como febre, dor do corpo, por
exemplo. Infelizmente, a procura pela vacina ainda é baixa”, diz.
Outra profissional da unidade, que atua na sala de
vacinação, ressalta a baixa procura. “A vacina está disponível, mas as pessoas
não têm vindo. Quando a gente vacina contra a dengue aqui são quatro, cinco
pessoas. É um número muito baixo ainda. É uma proteção muito importante, então
a gente sempre incentiva que as pessoas busquem. A gente percebe que as pessoas
tomam a primeira dose e não retornam para a segunda, talvez seja por causa das
reações, mas as reações são normais”, conta.
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