As “bets”, conhecidas como
apostas esportivas, são um fenômeno no Brasil. Dados do Instituto Locomotiva
apontam que 86% dos apostadores ficam endividados após jogar e que o país vive
uma epidemia de bets. Em valores monetários, o levantamento do Banco do Itaú
indicou que, nos últimos 12 meses, os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em
casas de apostas online e acumularam um prejuízo total de R$ 23,9 bilhões
nessas plataformas. Esse cenário preocupa empresários que veem essa tendência
afetar psicologicamente e financeiramente os funcionários.
Apostar, que deveria ser
uma prática de entretenimento, termina por se tornar um vício. Jogadores que
adotaram as bets como uma forma de gerar renda extra, veem as jogatinas
comprometerem a renda e afetarem a rotina produtiva do trabalho. No Rio Grande
do Norte, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros
Alimentícios (Sincovaga), Geraldo Paiva Júnior, explicou que cerca de 70% dos
funcionários apostam e 20% possui problema de vício.
“Isso é um problema de
saúde pública que está tão sério. Você nem imagina como está sério. E eu tenho
um problema na empresa, nesse sentido. Muitos funcionários, cerca de 70% jogam
e tem uns 20% viciados”, esclareceu o empresário. Apenas nos primeiros sete
meses de 2024, mais de 25 milhões de brasileiros aderiram a essas plataformas
eletrônicas, o que corresponde a uma média mensal de 3,5 milhões de novos
apostadores.
O aumento exponencial de
números de apostadores acende um alerta para os problemas decorrentes das bets.
Além do comprometer a renda e adquirir dívidas, os jogadores podem desenvolver
problemas de saúde, como vício, dependência, tristeza, baixa autoestima e
mudanças no comportamento. No trabalho, esses jogos de azar interferem
diretamente no desempenho, na produtividade, ausência e falta de foco.
“O funcionário quando ele
fica endividado, ele fica desestimulado. O funcionário já não está mais fazendo
a feira que fazia antes, está deixando faltar alimento em casa, porque jogou,
perdeu o dinheiro e não teve como comprar alimento. E fica passa necessidade em
casa. Então o funcionário vem desmotivado, ele vem pra baixo”, explicou o
presidente do Sincovaga.
Apostar, que deveria ser
uma prática de entretenimento, termina por se tornar um vício. Jogadores que
adotaram as bets como uma forma de gerar renda extra, veem as jogatinas
comprometerem a renda e afetarem a rotina produtiva do trabalho. No Rio Grande
do Norte, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros
Alimentícios (Sincovaga), Geraldo Paiva Júnior, explicou que cerca de 70% dos
funcionários apostam e 20% possui problema de vício.
“Isso é um problema de
saúde pública que está tão sério. Você nem imagina como está sério. E eu tenho
um problema na empresa, nesse sentido. Muitos funcionários, cerca de 70% jogam
e tem uns 20% viciados”, esclareceu o empresário. Apenas nos primeiros sete
meses de 2024, mais de 25 milhões de brasileiros aderiram a essas plataformas
eletrônicas, o que corresponde a uma média mensal de 3,5 milhões de novos
apostadores.
O aumento exponencial de
números de apostadores acende um alerta para os problemas decorrentes das bets.
Além do comprometer a renda e adquirir dívidas, os jogadores podem desenvolver
problemas de saúde, como vício, dependência, tristeza, baixa autoestima e
mudanças no comportamento. No trabalho, esses jogos de azar interferem
diretamente no desempenho, na produtividade, ausência e falta de foco.
“O funcionário quando ele
fica endividado, ele fica desestimulado. O funcionário já não está mais fazendo
a feira que fazia antes, está deixando faltar alimento em casa, porque jogou,
perdeu o dinheiro e não teve como comprar alimento. E fica passa necessidade em
casa. Então o funcionário vem desmotivado, ele vem pra baixo”, explicou o
presidente do Sincovaga.
Geraldo Paiva Júnior
aponta queda na produtividade de empregados por causa de apostas online. Foto:
Magnus Nascimento
Um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a
AGP Pesquisas, revelou que 64% dos brasileiros que fazem apostas online já
comprometeram sua renda pelo menos uma vez devido às apostas e, entre esses,
49% também utilizam a renda extra para esse fim.
O vício em apostas é tão
sério que pode levar a demissão de funcionário. Paiva, que possui uma empresa
no ramo de supermercados, esclareceu que 4,5% dos funcionários saíram dos
trabalhos com problemas financeiros, endividados. “Gastaram o cartão de crédito
de pai, de mãe, na mão de agiota. É um problema sério. E estão procurando
psicólogo para resolver esse problema, tem um montão de gente que procura os
psicólogos da empresa”, relatou o empresário.
O problema se tornou tão
latente que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) decidiu alertar as
empresas do setor para que adotem uma política rigorosa na seleção de agências
de marketing e de influenciadores para suas campanhas publicitárias. A Abras
recomendou que as empresas evitem profissionais que tenham relação com os jogos
de apostas online.
“Vemos com muita
preocupação esse cenário, porque a gente se preocupa com o funcionário, pelo
bem-estar dele, se preocupa com o residente da empresa, que às vezes não rende
do jeito que era para render, porque ele está desmotivado, porque ele está
depressivo, porque ele está cheio de problemas, porque está endividado. Isso
causa um problema tanto no atendimento, no funcionamento da empresa, mas também
na vida pessoal da pessoa”, afirmou Geraldo Paiva, que também é representante
potiguar na Abras.
Para se ter uma ideia, em
cinco anos, o número de brasileiros que apostaram nas bets chegou a 52 milhões.
Do total, 48% são considerados novos jogadores. Os motivos que levam pessoas a
entrarem no ramo é o endividamento, a possibilidade de gerar uma renda extra e
por diversão. “Abras está tratando no Congresso e está levando isso para o
governo, para que tome atitudes, entendeu e buscar essa regulamentação. Isso
está afetando até a economia, porque esse dinheiro está saindo para fora do
país, a maioria desse dinheiro sai para os paraísos fiscais. Hoje, essas
apostas já representam 1% do PIB nacional, Isso é um absurdo”, explicou Paiva.
A pesquisa do Instituto
Locomotiva também aponta que a maior parte dos apostadores (86%) ficam
endividados após jogar. Diante deste cenário, Júnior ressaltou que tratar do
assunto, além de ser uma questão de saúde, é uma questão social, visto que
afeta os hábitos de consumo e o comportamento dos funcionários. “Isso causa um
mal comportamento dentro da empresa. Acabaram se desestimulando. O funcionário
produziria se tivesse bem, com a cabeça boa”, explicou o empresário.
Outro ponto é o prejuízo
causado pelas apostas fracassadas Com o dinheiro perdido, os jogadores
comprometem as finanças e precisam repor os valores perdidos. As previsões da
Strategy & Brasil, consultoria estratégica da PwC, apontam que, neste ano,
os gastos com jogos de apostas podem corresponder a quase 5% do total
despendido pelos brasileiros com alimentação. O Instituto Locomotiva também
mostrou que 64% estão negativados na Serasa e 31% jogam nas bets sendo
inadimplentes. “Esse é o problema maior, o problema mais grave, eles deixam de pagar
água, luz, feira. É porque joga, deixa de pagar água, luz, deixa de fazer isso
em casa, acaba o histórico do cartão de crédito, fica endividado do cartão de
crédito”, relata o presidente do Sincovaga.
Desde janeiro deste ano, o
número de apostadores aumentou significativamente, impulsionado pela sanção da
Lei 14.790/2023, que regulamentou as apostas no Brasil. Para combater o vício,
o governo prepara regulamentações e também há o objetivo de arrecadar cerca de
R$ 12 bilhões anuais com esses jogos.
Para evitar que essa
“pandemia” de bets se espalhe, Paiva explicou que a empresa está investindo em
treinamento, em capacitação, em cursos de educação financeira, de administração
de gastos e de inteligência emocional, além de palestras sobre a conscientização
do tema. “A gente está mostrando para eles o problema de se viciar, que o jogo
vicia. Então, treinamento, palestras educativas, é o que nós podemos fazer. A
palestra educativa é tentar treinar, capacitar, para que eles enxerguem que
isso é um mal e para eles pararem. E para quem não entrou ainda, para quem não
está viciado, não se viciar. Então, a gente está exatamente fazendo isso e
também dando apoio psicológico”, explicou Geraldo Paiva.
Ministério da Fazenda
aposta em ‘regulação forte’
O secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirma que o governo aposta na
regulamentação para enfrentar o risco de superendividamento das famílias com
apostas online. O número 2 de Fernando Haddad disse que a equipe econômica
espera pelo início da vigência das regras aplicadas ao setor, em janeiro, para
checar as informações que deverão ser prestadas pelas empresas.
“Nós temos que ver isso, eu não daria isso de barato”, disse ele sobre dados
atuais fornecidos por bancos e outras instituições financeiras sugerindo uma
explosão dos gastos das famílias com bets e cassinos online, como o “Jogo do
Tigrinho”.
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