quarta-feira, 24 de abril de 2024

Redução de dinheiro físico altera rotina do comércio

 


Resultado da maior movimentação de transações via Pix, a redução de dinheiro em espécie vem afetando o dia a dia do comércio e serviços. Lançado em 2020, o Pix é um projeto do Banco Central (BC) de digitalização da economia e feito para reduzir os custos do Banco Central com a produção e circulação da moeda física. Mas, se por um lado, o novo modelo de realizar transações agilizou e facilitou as operações, por outro, trouxe dificuldade quando se recorre à moeda física. Passar troco tem se tornado um desafio para os comerciantes que veem a situação sem otimismo.

Em lojas de Natal, é perceptível a preferência dos clientes pela modalidade digital, o Pix. A escolha preocupa os comerciantes que, pela ausência do dinheiro em espécie, sentem maior dificuldade para passar o troco para seus clientes. Há situações em que precisamrecorrer ao PIX para repassar troco, porque não dispõem da moeda em papel.

“Depois do Pix ficou difícil, o dinheiro miúdo no comércio ficou bem complicado. (…) A gente tem que passar até troco mesmo no Pix, porque muitas vezes a gente não tem para dar ao cliente e para não perder uma venda, a gente se habilita a fazer até mesmo isso”, contou a comerciante Graciana Oliveira.

Ela também relata que alguns hábitos dos clientes dificultam a circulação das moedas no comércio. “Tem clientes que ficam juntando moedas em minhaeiros, incentivam principalmente as crianças para juntarem e abrirem no final do ano e isso complica ainda mais. A nota nós até conseguimos, mas as moedas estão presas em cofrinhos”, explica.

A situação é semelhante para o comerciante Francisco dos Santos que, há 37 anos trabalhando no comércio do bairro do Alecrim. Ele levanta a preocupação sobre o futuro. “Eu vejo isso com muita preocupação. Porque o dia da manhã, no futuro, logo, logo o dinheiro desaparece. Então, imagine quantas pessoas vão ficar desempregadas, por exemplo, as casas lotéricas, os bancos, como é que vai ficar? Como é que vai ficar o futuro dos bancos? Hoje chegamos no banco e vemos eles vazios porque ninguém precisa mais de dinheiro em espécie”, declara.

Para Francisco, o público mais jovem é melhor favorecido com a digitalização da moeda, pela maior facilidade com as tecnologias. “Uma pessoa de idade geralmente vem pagar com a moeda. O público mais novo com a idade de 15 a 25 anos, ele não faz questão de pagar com a moeda. Ele faz questão de pagar com o cartão. Isso vai fazer a moeda desaparecer”, enfatiza.

Percebendo a mudança cercar o seu negócio, o comerciante conta que adotou uma estratégia para ter sempre dinheiro em espécie disponível. “Se eu apurar 500 reais, eu apuro 50 reais em espécie e o resto é cartão ou Pix, e isso atrapalha o troco. No meu caso, o meu comércio aqui não é pequeno, então graças a Deus eu me previno um pouco, geralmente tenho um fundo de reserva. Mas tem pessoas que não conseguem ter, então precisam procurar por aí pra dar o troco ao cliente, e isso atrapalha a venda”, revela Francisco.

A situação também é alvo de reclamações do comerciante José Assis de Lima, que percebe a menor movimentação do dinheiro em espécie afetando as contas gerais da sua loja. “A falta de dinheiro tem atrapalhado muito. Hoje, você mal consegue pegar dinheiro no comércio, tudo é Pix ou cartão. Isso é ruim porque na movimentação diária do caixa da loja, a gente se vê obrigado a passar Pix para o pagamento de contas básicas”, relata José Assis.

Ele diz ainda que as novas regras do PIX estão afetando o caixa da empresa. “Agora os bancos estão tomando taxa também. Às vezes a taxa é pequena, mas é acumulativa, porque tudo pesa no final. Porque você está pagando, está recebendo Pix e na hora que você vai sacar ou transferir, você está pagando do mesmo jeito e onerando a gente que é comerciante, afetando principalmente as nossas despesas diárias”, reclama.

O comerciante se refere à cobrança da taxa aplicada para transações via Pix feitas por contas bancárias de pessoas jurídicas, com exceção de microempreendedores individuais (MEIs) e empresários individuais (EIs). A taxa do Pix para pessoa jurídica depende da instituição bancária.

 

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