As multinacionais ENGIE Brasil Energia e WEG
anunciaram neste mês a conclusão de um ensaio pioneiro no Brasil, conduzido
para analisar a estabilidade elétrica do primeiro aerogerador desenvolvido no
país com potência de 4,2 Megawatts (MW) e tecnologia nacional. O ensaio contou
com a participação do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis
(ISI-ER) – sediado no Rio Grande do Norte e principal referência do SENAI no
Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia
eólica, solar e sustentabilidade – e da empresa espanhola Barlovento.
Por meio da iniciativa, ENGIE e WEG, juntas,
realizaram pela primeira vez, no país, em uma turbina eólica, o chamado “ensaio
de afundamento de tensão” (Low Voltage Ride Through, LVRT, na sigla original em
inglês), para cumprir os procedimentos de rede do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), que são requisitos técnicos visando garantir segurança,
confiabilidade e eficiência do sistema.
O ensaio de Capacidade de Resposta do Aerogerador a
Afundamentos de tensão, como é oficialmente chamado, é um teste para verificar
a capacidade de o equipamento se manter em operação diante de eventuais
instabilidades do sistema, como apagões. O objetivo é verificar a resposta que
apresenta nesse tipo de contexto. O objetivo foi avaliar a capacidade da
turbina de permanecer conectada à rede na possibilidade de uma instabilidade.
Com o aumento expressivo das energias renováveis
variáveis no Brasil, como a eólica e solar, esse tipo de ensaio deve passar a
ser exigido pelo ONS, com vistas a mitigar riscos sistêmicos de blecautes.
O procedimento foi mais um dos pontos de inovação do
P&D Eólico desenvolvido pela ENGIE em parceria com a WEG e a CELESC,
estatal de energia de Santa Catarina, para se adiantar a essa futura demanda do
setor, além de garantir que o equipamento produzido pela WEG tenha a melhor
eficiência e desempenho, de forma a contribuir para a segurança energética
nacional.
“A WEG continua sua jornada de desenvolver
tecnologia nacional de ponta no mercado de eólica do Brasil. Os testes de
afundamento de tensão faziam parte desde o início do projeto e acabaram
acontecendo em um momento muito importante para o sistema elétrico brasileiro
que vem sofrendo com algumas instabilidades. Estes testes vêm para trazer
confiabilidade na performance durante transientes da rede”, explica João Paulo
Gualberto da Silva, Diretor Superintendente da WEG Energia.
O ensaio
Ao todo foram realizados 172 afundamentos que
serviram para a WEG alterar parâmetros, validar e otimizar o produto para
resistência a esse tipo de distúrbio do sistema. Os testes foram acompanhados
por um grupo do ONS, por técnicos e pesquisadores do Instituto SENAI de
Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), responsável pela UMGAT (Unidade Móvel
Geradora de Afundamento de Tensão) onde foram realizadas simulações reais de
curtos-circuitos para avaliações no aerogerador, integrante dos estudos prévios
necessários ao procedimento e executor da campanha de ensaios em conjunto com a
Barlovento.
Há mais de 12 anos o SENAI e a empresa espanhola
operam para o desenvolvimento de tecnologias de aerogeradores. “Dentro dessa
colaboração, houve transferência tecnológica de conhecimentos na área de
afundamento de tensão e qualidade de energia para que os aerogeradores que
serão desenvolvidos no Brasil possam atender às exigências do código de rede do
ONS e do mundo”, frisa o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento
(P&D) do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Antonio
Medeiros, ressaltando que “quando o aerogerador passa nesse tipo de ensaio
também demonstra que a tecnologia desenvolvida no Brasil tem capacidade de ser
comercializada em qualquer país do mundo, desde que atenda aos requisitos
técnicos de tensão e frequência para conexão, contidos nos procedimentos e/ou
código de rede de cada país”.
Hudson Resende, pesquisador do ISI-ER que atuou como
responsável técnico na execução das atividades pelo Instituto, avaliou o
projeto como “um marco significativo para o setor de energias renováveis”. “O
primeiro ensaio de LVRT no país, em um aerogerador desenvolvido com tecnologia
brasileira e equipamento de ensaio (UMGAT) de instituição brasileira (SENAI
ISI-ER). Sem dúvida uma experiência importante”, acrescentou ele, que participou
do planejamento, desenvolvimento e execução do trabalho com a equipe do ISI. A
UMGAT é uma subestação móvel – a única do tipo existente na América do Sul.
Com potência de 4,2 MW, o aerogerador desenvolvido
com a união de esforços da ENGIE Brasil Energia, WEG, e CELESC é o primeiro do
tipo criado e produzido no Brasil. Instalado no parque experimental de P&D
da ENGIE Brasil Energia, em Tubarão (SC), o equipamento foi projetado e
fabricado pela WEG, na sua planta de Jaraguá do Sul (SC). O projeto foi
realizado no âmbito do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI)
regulado pela ANEEL.
“Esse P&D comprova que a sinergia entre grandes
empresas é um importante acelerador do desenvolvimento do país. Os resultados
desse ensaio valorizam a cadeia como um todo, desde os desenvolvedores do
aerogerador até os geradores que aplicam a tecnologia em seus parques. Os
testes realizados também mostram como o aerogerador desenvolvido atende os
requisitos do Operador Nacional do Sistema em casos de distúrbios na rede, o
que fortalece a continuação da expansão dessa fonte na matriz energética do
país.” comenta Felipe Rejes de Simoni, Gerente de Performance e Inovação da
ENGIE Brasil Energia.
“A Celesc reconhece a importância estratégica desse
teste, antecipando as exigências do ONS e promovendo a segurança energética do
país. Este esforço colaborativo também é um resultado tangível do projeto de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) eólico, no qual a CELESC investiu R$
30 milhões no projeto, em conjunto com a ENGIE e a WEG, contribuindo para
impulsionar o avanço tecnológico e promover a eficiência na geração de energia
eólica.
Além disso, o aerogerador resultante desse esforço
representa não apenas uma conquista tecnológica, mas também um marco na
capacidade de inovação do setor energético brasileiro em um projeto complexo
que abarca quase todas as engenharias, contribuindo com o compromisso contínuo
da Celesc de apoiar iniciativas que impulsionem a transição para uma matriz
energética mais limpa e eficiente”, comenta Roberto Kinceler, Gerente de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Celesc.
Ao longo de seu desenvolvimento, o projeto se
consolidou como o maior P&D da ENGIE no Brasil, com mais de R$ 80 milhões
investidos.
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