“As coisas estão todas
caras. Avisam que tem promoção, mas o preço não é de promoção nenhuma”, relata
Josefa Maria do Nascimento, 72 anos, vendedora de salgados, sobre o aumento da
cesta básica na capital Potiguar. De acordo com pesquisa realizada pelo
Instituto Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), o preço da
cesta básica em Natal teve um aumento de 4,56% nos últimos três meses. Tal fato
impactou no bolso dos potiguares, como o caso da Josefa, que lida com a
situação tendo que priorizar alguns itens e deixar de lado os menos essenciais.
“A gente tem que viver
a vida assim mesmo. Eu vejo o que está mais em conta para levar, mas é sempre a
mesma coisa: tudo caro!”, relata Josefa.
De acordo com o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o
preço da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais brasileiras, e Natal é uma
delas. A maior alta foi registrada no Rio de Janeiro, detentor da cesta básica
mais cara do País, com preço cotado a R$ 832,80.
Em janeiro, a equipe do
Núcleo de pesquisa do Procon Natal identificou um preço médio da cesta básica
de R$ 416,11 e um aumento de 1,35% com relação ao mês anterior; em fevereiro o
aumento foi de 2,58%, com um preço médio de R$ 427,13, e este mês de março o
preço médio encontrado foi de R$ 429,44, com variação de 0,54%.
Segundo o Procon Natal,
a categoria que mais contribuiu com o aumento registrado nesta última pesquisa
foi a de hortifrúti, com uma variação de 9,23% de um mês para o outro. Onze dos
total dos produtos que compõem a categoria estiveram mais caros nesse mês de
março, com destaque para o tomate e a cebola com variação de 36,82% e 19,62%.
“Já começou a aumentar
tudo, principalmente fruta e verdura. Eu sou especialista porque toda
quinta-feira eu estou aqui e está tudo caro. O que ainda não aumentou muito eu
estou levando, e o que aumentou muito infelizmente vou ter que deixar”, afirma
um comprador frequente que não quis se identificar.
A pesquisa realizada
pelo Procon Natal demonstrou que produtos que compõem a cesta básica e
contribuíram para o aumento de preço em março foram, por exemplo, o feijão
carioca kg, com preço médio de R$ 9,47, e no mês anterior era de R$ 9,37, representando
uma variação de 1,06%.
NUTRIÇÃO. O aumento nos
preços desses alimentos básicos gera sérias repercussões na saúde e na nutrição
da população. Segundo a nutricionista Karina Lélis, com o aumento do preço, o
consumidor acaba tendo que optar por produtos baixos em nutrientes, como os
ultra-processados, que acabam sendo mais baratos, mas, em consequência, não
trazem bons nutrientes ao nosso corpo.
“O maior risco é o
empobrecimento em nutrientes para o corpo, o que pode acarretar em surgimento
de doenças, como hipertensão e diabetes. Precisamos facilitar o acesso a uma
alimentação de qualidade para todos, porque uma alimentação de qualidade
representa ganho para a nossa saúde”, conta Karina.
A nutricionista afirma
que mesmo com o aumento do preço da cesta básica, há algumas saídas, como, por
exemplo, optar por comprar em dia de promoções do supermercado, como os feirões
de frutas e verduras. “Aqui no Nordeste, contamos com alguns produtos típicos,
que possuem um bom preço e que trazem bons nutrientes, como o cuscuz, a
macaxeira e a tapioca. Estes ainda conseguimos encontrar com um menor valor no
supermercado”, conclui Karina.
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