O número de audiências de custódia de casos que
envolvem violência doméstica aumentou 75% em
2023 em Natal e
em outras 29 cidades do estado, incluindo todas as da Região Metropolitana, em
comparação com o ano anterior.
Os dados são da Coordenadoria Estadual da Mulher em
Situação de Violência Doméstica e Familiar (CE-Mulher), núcleo que integra o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
O relatório foi apresentado nesta semana e é o mais
atualizado em relação ao ano de 2023 pelo Poder Judiciário. A audiência de
custódia ocorre logo após a detenção para a Justiça determinar medidas, como
manutenção da prisão ou a soltura, para o suspeito preso em flagrante.
As cidades envolvidas nos dados são do Leste
potiguar, do Agreste e da região do Potengi. Cidades do Oeste, como Mossoró,
por exemplo, não constam nos dados.
O aumento, segundo a Coordenadoria, tem a ver com
dois motivos principais: a maior percepção na necessidade das denúncias,
e a antecipação dos encaminhamentos prestados pelas delegacias e pelo
judiciário.
As delegacias especializadas no atendimento à mulher
que mais registraram casos foram as de Natal, com a DEAM da Zona Norte com 323
atendimentos, e a DEAM da Zona Sul com 223. Paranamirim, com 90 atendimentos,
foi a segunda cidade com maior número de atendimentos.
Ao todo, 840 flagrantes foram registrados em 2023
nas 30 cidades contabilizadas contra 215 em 2022. De acordo com o TJRN, o
relatório foi elaborado em um cruzamento de dados dos casos de violência
doméstica - e das medidas tomadas - com as Delegacias da Mulher.
Criação de delegacias
A secretária executiva da CE-Mulher, Patrícia
Cabral, explicou que a criação de novas Delegacias Especializadas no
Atendimento à Mulher contribuíram para o aumento no registro.
“São Gonçalo e Macaíba registraram um aumento devido
à implantação das DEAM’s em ambas as cidades e também pela criação das chamadas
‘Salas Lilás’, que são de uso exclusivo para atendimento especializado e
humanizado às mulheres, crianças e adolescentes, vítimas de violência física,
sexual ou emocional”, explicou.
A Semana Nacional de Conscientização que conta com
palestras sobre o tema, com atuação de Ongs e de secretarias municipais, também
pode ter estimulado o maior número de denúncias, que antes estavam
subnotificadas, acredita Patrícia Cabral.
Cidades como Tangará, João Câmara e São Bento do
Norte não tiveram registros de atendimentos, de acordo com com o TJ.
Atendimento prévio
Para o juiz coordenador da CE-Mulher, o magistrado
Fábio Ataíde, ações do judiciário como o atendimento na porta da unidade de uma
equipe multidisciplinar as vítimas da violência contribuíram para o aumento no
número de registros.
“Esse projeto é fundamental, porque quando se trata
de prevenção ao ‘feminicídio’ é essencial que o atendimento aconteça o mais
rápido possível”, explicou o magistrado.
“Essa perspectiva mais tardia tem sido alterada,
mudada. Quando se trata de violência de gênero, violência doméstica, essa
política tem sofrido transformações e o ideal é que essa etapa já ocorra na
audiência de custódia”.

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