domingo, 1 de outubro de 2023

Para prefeitos potiguares, partilha tributária é injusta e deve mudar

 


O presidente da Associação dos Municípios do Oeste Potiguar, Rivelino Câmara, disse que há o entendimento de que a reforma tributária da forma como foi aprovada na Câmara dos Deputados, beneficia os municípios menores, “mas tem um movimento de municípios maiores para fazer alteração no Senado, que ai já prejudica os menores”.

Rivelino Câmara explica exemplifica o caso de pelo menos três municípios da Grande São Paulo, que sediam as operadores de cartão de créditos do país, e arrecadam todo o ISS de quem utiliza essa modalidade de crédito, e conseguiram uma liminar na Justiça para que a cobrança continue sendo feita por esse municípios “e não onde o é utilizado”, como foi aprovado no Congresso Nacional: “Até hoje essa lei não entrou em vigor”. 

Rivelino Câmara, que está no segundo mandato de prefeito em Patu (Oeste), chama a atenção para o fato de que a reforma tributária não  toca no ponto do subfinanciamento dos serviços públicos, comprometendo a equidade na repartição do  bolo tributário: ”Todos os programas federais são subfinanciados, os agentes de saúde aprovaram o piso de dois salários mínimos (R$ 2.640,00), mas insalubridade, tempo de serviços e obrigações sociais estão foram do piso, fora do valor que o governo repassa”.

O prefeito conta que Patu recebeu, por exemplo, cerca de R$ 87 mil para pagamento dos salários dos agentes de saúde em setembro, “mas tive que colocar mais R$ 58 mil para complementar a folha”. 

Mesma coisa vai valer para o piso salarial da enfermagem, que tem ajuda federal garantida só até dezembro e os municípios ainda terão de arcar com as obrigações sociais, da mesma forma que o CAPS custa R$ 68 mil, mas o governo federal só repassou R$ 28,3 mil para Patu.

“Recentemente foi sancionada uma lei que proíbe a criação de novas despesas sem a indicação da contrapartida do governo federal, mas tem todos os problemas para trás”.

Rivelino Câmara conta também que hoje a questão da segurança pública melhorou em Patu com a criação de uma Companhia Independente da Polícia Militar, mas entre 2018/2019, chegou a fazer concurso público para a contratação de 32 guardas municipais, porque o policiamento estadual era insuficiente. 

“O que provocou foi exatamente os problemas de segurança e que não tinham solução na época”, disse ele, que conta no município com três viaturas e duas motos para a guarda municipal.

Levantamento governista crê no crescimento econômico 

Estudo do Instituto de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que no escopo da reforma tributária – com  adoção de um modelo de IVA dual por meio da fusão de vários tributos federais, estaduais e municipais, recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados, concluiu que a reforma beneficiará 78% das 27 unidades federadas (incluindo todas as 12 de menor produto interno bruto per capita) e, individualmente, 60% dos estados e 82% dos municípios.

De acordo com o IPEA, no Rio Grande do Norte 90% dos municípios sairão ganhando com a reforma tributária. Ou seja, 150 serão beneficiados e 17 perderão recursos. Na lista das 32 cidades do país que correriam risco de queda de arrecadação no cenário mais pessimista, segundo IPEA, aparece apenas um município do Rio Grande do Norte – Guamaré, com uma taxa anual média de crescimento de -1,0%, no período de 50 anos após a reforma tributária entrar em vigor. 

Segundo nota técnica do IPEA, divulgada na segunda-feira (28), os municípios favorecidos concentram 67% da população brasileira e correspondem a 98% daqueles que possuem produto interno bruto per capita inferior à média brasileira. 

O estudo comparou as receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) obtidas em 2022 por todos os municípios e estados do país com as que teriam sido verificadas na vigência do novo modelo tributário, com um imposto sobre bens e serviços de base ampla e cobrado no destino, ou seja, no local de consumo.

A redistribuição de receitas prevista na esfera municipal reduziria em 21% o grau de desigualdade entre os municípios, medido pelo Índice de Gini. A grande diferença hoje existente entre os municípios mais ricos e mais pobres deve cair em todas as UFs. 

Segundo o estudo, a regra de transição de 50 anos aprovada junto do seguro constituído com 3% da receita do novo imposto garante que nenhum estado terá queda de arrecadação em relação aos valores atuais, mesmo sob cenários mais pessimistas de crescimento da economia. 

Caso o PIB cresça em média 1,5% ao ano, o estado com o pior desempenho arrecadatório terá crescimento de 0,9% ao ano – um diferencial de 0,6 ponto percentual a menos por ano, em decorrência da mudança gradual da tributação da origem para o destino.

No caso das cidades, nenhuma capital e no máximo 32 municípios muito ricos correm o risco de ter queda de arrecadação em algum momento da transição, considerando um cenário mais pessimista no que diz respeito ao crescimento da economia. 

Estão inclusos, neste caso, municípios que possuem receita per capita de ICMS e ISS três vezes maior do que a média nacional, como as sedes de refinarias de petróleo e hidrelétrica, mas mesmo para essas cidades a transição vai suavizar o impacto sobre suas receitas, permitindo que seus orçamentos sejam ajustados gradualmente à nova realidade.

 

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