Os empréstimos consignados para servidores públicos
do Rio Grande do Norte voltaram a ficar suspensos em virtude de atrasos nos
repasses por parte do Governo do Estado para as instituições financeiras. A
suspensão foi iniciada no dia 20 de setembro deste ano. A informação foi
confirmada à TRIBUNA DO NORTE pelo secretário de Fazenda do RN, Carlos Eduardo
Xavier.
Segundo o titular da pasta, o governo pretende pagar
até o dia 30 de outubro o que está em atraso. O secretário não respondeu quais bancos
suspenderam os empréstimos. O gestor cita ainda que até dezembro haverá uma
recorrência de suspensões e retomadas dos empréstimos. “Há um mês de atraso. O
segundo mês vence no dia 30 e vamos pagar até lá. E até o dia 10 pagaremos esse
mês que vence agora no dia 30. Nisso, os consignados retornam”, disse Carlos
Eduardo Xavier.
Em setembro, o secretário de Fazenda do RN chegou a
ir na Assembleia Legislativa para explicar a situação dos consignados no
Estado. Na ocasião, Cadu Xavier garantiu o pagamento dos consignados, embora
com poucos dias de atraso. Além disso, o gestor aceitou uma possível
colaboração dos deputados estaduais, que se colocaram à disposição para
solicitar ao Banco do Brasil a extensão do prazo de pagamento por cerca de 10
dias.
“Desde junho os pagamentos estão sendo feitos
regularmente, mas o vencimento ocorre no dia 20 e estamos fazendo os repasses
entre os dias 5 e 8 seguintes. Não é uma apropriação do Estado, não há recursos
no dia 20, porém estamos fazendo com poucos dias de atraso. Mas, quando não faz
pagamento o sistema do banco bloqueia a permissão para os consignados”,
detalhou o secretário no dia 06 de setembro.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da
Administração Direta do RN (Sinsp-RN), Janeayre Souto, a falta do repasse dos
consignados para os bancos é uma “apropriação indébita” por parte do Governo.
“É um absurdo que denunciamos constantemente e que
pode ser caracterizar como apropriação indébita por parte dos gestores
públicos. Os órgãos de controle têm de dar um basta nessas ações tão danosas e
que prejudicam tanto os servidores, principalmente aqueles mais humildes, com
baixo salários e alta defasagem salarial”, disse Janeayre Souto.
Ainda segundo a presidente do Sinsp-RN, o governo
“faz caixa com o dinheiro dos servidores e essa política não se restringe aos
consignados, infelizmente”. “O Governo segura propositalmente as implantações
de direitos assegurados no Plano de Carreira, como quinquênio, progressões e
gratificações, utilizando esses recursos para ajudar a bancar a gestão
pública”, disse.
O atraso nos empréstimos consignados tem acontecido
com certa frequencia nos últimos 12 meses no Rio Grande do Norte. Em maio deste
ano, o secretário de Administração do Estado, Pedro Lopes, chegou a ir na
Assembleia Legislativa (ALRN) e disse que os valores integrais acordados com os
bancos deixaram de ser pagos desde agosto de 2022 e que o recurso passou a ser
utilizados para que não houvesse atraso nas folhas salariais do funcionalismo
público.
A situação chegou a ser contornada no primeiro
semestre com a venda da folha de pagamento do pessoal do RN para o Banco do
Brasil, por R$ 257 milhões. Na época, o Estado devia R$ 180 milhões com os
bancos, sendo a maior parte, R$ 150 milhões, devidos ao Banco do Brasil.
O uso de recursos oriundos da venda da operação para
o Banco do Brasil para quitar consignados também aconteceu no início da gestão
passada da governadora Fátima Bezerra (PT). Em agosto de 2019, a venda foi
consolidada em por R$ 251 milhões, sendo que R$ 102 milhões foram usados para
pagar uma dívida com o banco referente a consignados. O restante do dinheiro, à
época, foi utilizado para pagar parte dos salários atrasados.
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