A deputada estadual Eudiane Macedo (PV) denunciou
veto à filiação do seu marido, Tárcio Macedo, ao Partido Verde (PV), legenda da
deputada. O partido faz parte da Federação Brasil da Esperança, ao lado dos
Partidos dos Trabalhadores (PT) e Comunista do Brasil (PCdoB). Na prática, o
veto de tira um concorrente direto dos vereadores do PT e PV dentro da
federação para as eleições para a Câmara de Natal em 2024.
Eudiane Macedo já havia colocado seu nome à
disposição do PV para se candidatar à Prefeitura de Natal, logo após episódio
que desagradou boa parte dos membros do PV, que foi a nomeação de José Clewton
do Nascimento para o comando do Iphan no Rio Grande do Norte. A vaga havia sido
prometida a Rivaldo Fernandes, membro histórico do PV no estado. A
pré-candidatura de Eudiane Macedo, estando em uma federação com o PT, levaria a
uma disputa interna no grupo que também conta com PT e PCdoB, já que a deputada
federal Natália Bonavides (PT) já se colocou como pré-candidata à Prefeitura. A
federação só pode ter um candidato à Prefeitura.
Na sessão de ontem, Eudiane disse não saber por qual
motivo ocorreu a desfiliação do marido, que sempre foi responsável por
coordenar e organizar suas campanhas para vereadora em Natal e depois deputada
estadual no Rio Grande do Norte. Ela cobrou posicionamentos do presidente
estadual do PV, vereador natalense Milklei Leite, e até mesmo do presidente do
diretório municipal, ex-vereador Maurício Gurgel.
“Por ter sido pega de surpresa, tem situações que
não dá pra gente. É importante que se manifestem, porque precisamos saber”,
disse Eudiane. “Agora não sei qual é a intenção e o jogo político que está por
atrás de toda essa situação”, continuou a deputada.
A parlamentar disse que o episódio vem chamando
atenção de toda sua base política, inclusive em relação ao comportamento do
vice-presidente estadual do PV, Edson Batista da Silva, que usou das redes
sociais, segundo ela, “desesperadamente” e enviando mensagens para diversos
blogs em Natal para comunicar a desfiliação de Tárcio Macedo, “porque quem
manda no partido é ele”, depois dele ter questionado o fato de a filiação do
marido vir de uma orientação da direção nacional do partido.
Eudiane Macedo disse que tem um perfil de diálogo e
não se utiliza de redes sociais para o entendimento, razão pela qual exige
respeito a ela e o marido. “Na minha vida prevalecem o diálogo e respeito, não
jogo sujo e não permito que ninguém jogue sujo comigo, pelo contrário, exijo
respeito do nosso partido”.
A parlamentar confirmou que o Tárcio Macedo pretende
concorrer a um mandado de vereador em Natal nas eleições municipais de 2024,
mas não soube dizer se isso está provocando ciumeira interna no PV e também nos
demais partidos federados, já que o PT também tem dois vereadores que são
candidatos à reeleição: Brisa Bracchi e Daniel Valença.
Em seu pronunciamento, ela disse que, da mesma forma
que em 2022, o PV conseguiu eleger três deputados estaduais e o PT três pela
Federação Brasil da Esperança, o PV que já tem um vereador juntamente com o
PCdoB, também possa ter direito a eleger dois vereadores, da mesma forma que o
PT que tem duas cadeiras na Câmara Municipal de Natal.
Para Eudiane Macedo, é natural que o marido concorra
pelo PV. “Sou do PV e o ideal é vir para o partido do qual faço parte. Qual o
problema de Tarcio Macedo ser filiado ao partido do qual faço parte?”, repetiu.
Segundo a deputada, tem de se pensar em nível
partidário, crescer o PV no Rio Grande do Norte e em Natal, onde o PV já teve a
segunda maior bancada de vereadores. “Só temos um vereador em Natal. Queremos a
reeleição de Milklei Leite e trazer outros nomes para o PV, como foi possível
fazer três deputados na Assembleia”, disse a deputada.
No entanto, a deputada Eudiane Macedo disse que hoje
o PV tem dirigentes estaduais que “se mostram como ditadores”, porque não
dialogam, embora reconheça que já em 2020, mesmo depois de aparar resistências
ao seu nome, partiu do vereador Milklei Leite o convite para que ingressasse no
Partido Verde.
“Quem me conhece sabe que não tenho um pingo de
vaidade, porque se tivesse tinha exigido a presidência do PV no Rio Grande do
Norte. Muito pelo contrário, não tenho tipo de vaidade, mas quero que o partido
cresça no Estado e não é possível crescer com pessoas que pensam pequeno e em
ter somente um mandato na CMN”, arguiu a deputada.
Federação
Como está em uma federação até 2026, o PV só poderá
disputar eleições junto ao PT e PCdoB. Apesar de ter uma direção própria, a
federação monta somente uma nominata para vereador e só poderá ter um candidato
à Prefeitura. De forma direta, a disputa por vagas na Câmara Municipal dentre
os candidatos da federação não será somente entre membros do PV, mas também do
PT e PCdoB.
Historicamente, em Natal, o PT evitou fazer
coligações em boa parte das disputas proporcionais, quando conseguiu ao longo
dos anos eleger vereadores na capital. Em 2008, porém, quando houve uma ampla
coligação em torno da candidatura de Fátima Bezerra para a Prefeitura, o PT
participou de coligação com o PSB e não conseguiu eleger nenhum vereador de
maneira direta.

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