Apenas seis dias depois da volta dos impostos
federais (PIS/Confins) sobre combustíveis, o preço médio da gasolina já subiu
nos postos de abastecimento do País. O litro do insumo fechou a semana com alta
de 3,3%, saltando para R$ 5,25 entre 26 de fevereiro e 4 de março. Na semana
anterior, o preço nacional médio do litro da gasolina ao consumidor era de R$
5,08. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). Foi a primeira vez em quatro semanas que o preço da
gasolina ao consumidor final sofreu alteração relevante, desta vez para cima.
No Rio Grande do Norte, a ANP encontrou o preço médio
de R$ 5,54 considerando 51 postos pesquisados, uma variação de 0,91%. Na semana
de 19 a 25/02, o preço médio era de R$ 5,49 . O valor mínimo foi de R$ 5,19 e o
máximo de R$ 6,18. Na semana passada, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE já tinha
identificado a cobrança de R$ 6,390 por litro da gasolina comum em posto
localizado na avenida Moema Tinoco, na zona Norte de Natal.
Para o sócio e diretor da consultoria Centro
Brasileiro de Infraestrutura e Energia, Bruno Pascon, não há dúvidas de que o
aumento é um desdobramento da volta dos impostos, mesmo que antecipando sua
incidência sobre a cadeia.
"Os preços no varejo (postos) são livres.
Quando a reoneração é anunciada a partir do dia 1º de março, os postos ganham o
direito de repassar o aumento no preço do produto que revendem. Isso é comum e,
normalmente, gera questionamentos do Cade a respeito da motivação do repasse:
se é uma antecipação indevida ou movimento em cima de novas cargas adquiridas,
o que é difícil descobrir", diz Pascon.
Outras fontes do setor ouvidas anonimamente
acreditam tratar-se de antecipação do repasse dos novos impostos por parte de
distribuidores ou lojistas, com maior chance para uma ação destes últimos.
De fato, ainda é difícil precisar o efeito exato do
anúncio no preço médio da gasolina, porque essa reoneração vigorou apenas
quatro dias da semana e sua incidência ainda varia de acordo com a dinâmica de
estoque de cada lojista.
"Só vamos ter uma leitura mais fidedigna do
impacto da volta dos impostos sobre a gasolina e o etanol na medição da ANP da
semana que vem, quando o efeito da reoneração na semana vai ser cheio",
diz Pascon.
Segundo o governo, a volta dos impostos federais
sozinha acrescentaria R$ 0,47 ao preço do litro de gasolina vendido nas
refinarias do País. Mas como a Petrobras, refinadora dominante no mercado,
reduziu seus preços em R$ 0,13 por litro no mesmo dia, o saldo esperado das
mudanças é uma alta próxima a R$ 0,34 no preço de refinarias. Nas bombas, para
o consumidor, o efeito é menor, porque a gasolina A vendida nas refinarias
compõe apenas 73% da mistura da gasolina C, aquela usada nos carros - os outros
27% são etanol anidro.
Segundo cálculo da Associação Brasileira de
Importadores de Combustíveis (Abicom), noticiado pelo Broadcast, o carregamento
do saldo das mudanças para as bombas é um aumento de R$ 0,25 por litro vendido
nos postos. Considerando esse acréscimo, o preço médio do litro da gasolina
deveria ter ido para a casa dos R$ 5,33, valor acima do verificado na realidade
(R$ 5,25).
Na semana em questão (de 26 de fevereiro a 4 de
março) o preço do litro de etanol anidro, que também influencia no preço da
gasolina, apresentou leve alta de 1,67% para R$ 3,11 por litro, o que ajuda a
explicar o aumento de 0,2% no preço da mistura nos postos. O movimento do
etanol anidro recompõe o preço do insumo, que havia caído 2% na semana
imediatamente anterior. A medição é do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada da Escola Superior de Agricultura da USP (Cepea/Esalq-USP).
Diesel
Livre da reoneração até 1º de janeiro de 2024, por
decisão do governo, o diesel S-10 viu o preço médio cair 0,5% esta semana nos
postos de todo o País, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP).
O litro do insumo custou, em média, R$ 6,02 entre 26
de fevereiro e 4 de março, ante os R$ 6,05 registrados nos sete dias
anteriores. Essa nova queda do preço do diesel S-10 ao consumidor é efeito
direto da redução de 1,95% ou R$ 0,08 no preço praticado em refinarias da
Petrobras a partir da última quarta-feira (1).
Embora pequeno, esse desconto da Petrobras se junta
com o anterior, de 8,9%, ou R$ 0,40, válido desde 8 de fevereiro, e que ainda é
residualmente repassado às bombas.

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