A retomada consistente do setor de bares e
restaurantes é ameaçada por fatores como a inflação e o endividamento dos
estabelecimentos no Rio Grande do Norte.
Isso o que aponta o mais recente levantamento
nacional da Abrasel, que ouviu empresários do RN entre os dias 26 de outubro e
5 de novembro.
Para 73% dos empresários ainda é impossível repassar
a inflação para os cardápios (40% fizeram aumentos abaixo da média nos últimos
12 meses e 33% não conseguiram realizar nenhum ajuste).
Outros 23% só repassaram a média de inflação –
somente 4% disseram ter conseguido aumentar o cardápio acima do índice
oficial).
O quadro é ainda mais complicado quando se analisa a
inflação dos principais insumos, os alimentos e bebidas, que subiram 11,21% nos
últimos 12 meses, enquanto a inflação no setor de alimentação fora do lar foi
de 7,30% (a média geral está em 6,47%).
“O aumento de preços dos alimentos é uma das ameaças
à recuperação do setor, pois a maioria dos empresários não consegue repassar o
reajuste real para os cardápios, o que impacta diretamente a saúde dos
negócios. A boa notícia é que a grande maioria dos donos de bares e
restaurantes apostam em melhora no faturamento com eventos no fim do ano como a
copa do mundo e também a chegada a alta estação”, afirma o presidente da
Abrasel no RN, Paolo Passarielo.
A pesquisa mostrou também que 29% das empresas
trabalharam com lucro, enquanto 41% ficaram em equilíbrio. Entre as empresas
que registraram prejuízo, a inflação dos alimentos e bebidas é apontada como
uma das razões por 49% das que responderam à pesquisa, só abaixo da queda nas
vendas (53%) e dívidas acumuladas (51%).
O endividamento também continua alto em relação aos
tributos do Simples Nacional, regime tributário onde 86% dos respondentes estão
enquadrados. Deste total, 57% já fizeram adesão ao Relp (programa de
recuperação, também conhecido como Novo Refis). Mesmo assim, 42% disse ter
parcelas em atraso.
“É urgente a permissão para que as empresas do
Simples possam usar os benefícios do Perse, programa de recuperação do setor de
eventos, que também incluiu parte dos bares e restaurantes. É uma questão de
justiça dar acesso a todos no programa. A grande maioria do nosso setor é de
micro e pequenos negócios, que têm dificuldade hoje para honrar os compromissos
e seriam muito beneficiados por essa inclusão”, explica Paulo Solmucci.
Ainda quanto ao Simples, 47% das empresas disseram
ter a perspectiva de se desenquadrar do regime fiscal diferenciado se não forem
aumentados os limites hoje em vigor. Uma proposta de lei no Congresso muda o
teto para as microempresas e para as empresas de pequeno porte.
Para microempresas, passaria de R$ 360 mil para R$
869 mil. E, para empresas de pequeno porte, de R$ 4,8 milhões para R$ 8,6
milhões. No entanto, a proposta precisa ser votada ainda este ano para que
possa valer já em 2023.
Eventos no fim do ano
A pesquisa também investigou os preparativos para a
Copa do Mundo e as festas de fim de ano. O mundial promete trazer aumento de
faturamento e alívio ao caixa dos estabelecimentos, na visão dos empresários.
Entre os consultados, quase metade (49%) disse que
irá passar os jogos da Copa do Mundo no estabelecimento. E 35% irão ambientar o
estabelecimento com o tema futebol. Entre as iniciativas previstas, 50%
disseram que irão realizar ações de marketing no período tendo a Copa como
tema, 20% terão promoções especiais e 31% pretendem criar pratos ou drinks
temáticos.
Nem mesmo delivery deve ficar de fora: 40% preveem
ações especiais para as entregas.
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