No hotel onde Clécio Costa trabalha, em Ponta Negra,
as reservas para hóspedes que vinham de outros países caiu em cerca de 70% com
a pandemia: “Depois da pandemia a gente teve uma diminuição muito grande, em
mais de 70%. Da Argentina caiu a quase zero e o europeu começou a voltar e está
em 15%”, disse ele. Para reverter esse quadro, é necessário ter um produto
estruturado, com infraestrutura turística de qualidade, rotas temáticas
integradas e um planejamento estratégico, contando com capacitação nacional e
internacional dos players.
Essas foram algumas orientações repassadas pela
técnica da Gerência de Promoção Internacional de Turismo Cultural da Embratur
(Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), Angela Baltazar, que
ministrou nesta terça-feira (6) o Workshop Inteligência de Mercado, promovido
pelo Sebrae/RN em parceria com a Embratur e apoio da Secretaria Estadual de
Turismo (Setur) e da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur).
“Para atrair o mercado internacional, tem que
cuidar, sim, da infraestrutura turística porque não adianta ter uma baita
campanha publicitária de marketing para o turista chegar aqui e o lugar estar
depredado ou não ter hotel ou restaurante bom”, disse ela, apresentando os
números do Ministério do Turismo que apontam para uma aprovação da estrutura de
hospedagem, bares e restaurantes do RN.
Segundo mostrou, o turista busca conhecer o destino
por fotos, jornal, souvenirs, histórias de amigos, redes sociais e cria
sentimentos e emoções. Por isso a necessidade de não decepcioná-lo quando esse
chegar ao destino. “Acredito que, com certeza, investindo em promoção
internacional, investindo em presença digital, investindo em participação nos
principais eventos internacionais, para se promover, se consegue se vender mais
lá fora”, disse.
Angela mostrou que em 2019 chegavam ao Brasil 6,3
milhões de turistas e que caiu para 4,2 milhões neste ano. Eles continuam sendo
da Argentina, em maior número, Estados Unidos e países que fazem fronteira com
o Brasil. A expectativa é que o faturamento total no setor no País se equipare
a 2019 (R$ 201,2 bilhões), ou seja, se recupere.
Até 2020, o Rio Grande do Norte era a 13ª porta de
entrada dos visitantes internacionais. Os dados apresentados mostram que são os
turistas latino-americanos os que mais procuram o turismo de sol e mar, mas
também há grande parcela de portugueses, holandeses, americanos e canadenses no
ranking dos dez mercados emissores.
“Então, primeiramente, eu acho que sempre tem que
estar revitalizando a infraestrutura turística do que é ofertado para o
turista. Acredito que tem que melhorar a malha aérea, principalmente
internacional, porque a logística é o modo como se chega aqui”, analisa Angela
Baltazar.
No workshop, Clécio, personagem que abre essa
matéria, e outros representantes do trade turístico corroboraram com ela.
“Temos poucos voos e muito caros. Isso já deixa outros destinos mais em conta
na frente. Então, se o aéreo baixar um pouquinho, eu acho que atrairia mais
gente”, avalia o gerente comercial de hotel.
É a mesma visão que o gerente comercial e marketing
de receptivo, Wendell Lopes, diz ter, porém, ele aponta que a infraestrutura da
cidade também precisa estar preparada para receber os visitantes. “As vias
estão precisando de melhorias, a sinalização da nossa orla deixa muita desejar.
Sentimos uma necessidade muito grande de placas de sinalização turística. Um
workshop como esse ajuda muito porque faz com que a gente absorva informações
para correr atrás do turista certo”, ressaltou.
Contribuições vão servir para definir
estratégias
De acordo com o gestor do Projeto de Turismo do
Sebrae-RN, Yves Guerra, as contribuições oferecidas devem servir para os
participantes, que incluía também gestores públicos, desenvolverem
estratégias.
“Não só relacionados ao turismo diretamente, como à
linguagem, sinalização, questão de infraestrutura de acesso, de educação,
estrutura de saúde mesmo, porque o turista acaba utilizando desses serviços que
a população local também utiliza e quando o destino é bom para a população
local, é bom também para o turista”, explicou.
Ele ressalta que o turismo está concentrado no
litoral, mas também despontando para o interior com novos destinos, como o
Geoparque Seridó; as serras, como em Serra de São Bento, Monte das Gameleiras,
Martins, Portalegre, que têm um clima diferenciado; o turismo
religioso na região Trairi; Mossoró com o polo Costa Branca.
“O Sebrae já vem há alguns anos fomentando e
estimulando esse turismo no interior e precisa dos outros entes, como a
secretaria de Turismo do Estado, que faz o trabalho de promoção, de capacitação
e fortalecimento das governanças, que é o entrosamento com o setor privado. As
prefeituras municipais, estruturando desde o básico, com os acessos,
sinalização”, pontua o gestor do Sebrae.
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