Agência Brasil
O consumo de alimentos ultraprocessados pode
aumentar em 45% o risco de obesidade para adolescentes, segundo estudo de
pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the
Academy of Nutrition and Dietetics. A pesquisa apontou ainda que uma
alimentação com alto consumo desse tipo de produto aumenta em 52% o risco de
acúmulo de gordura abdominal e em 63% a chance para gordura visceral, entre os
órgãos internos. O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp).
Participaram do estudo 3.580 adolescentes com idade
entre 12 e 19 anos nos Estados Unidos. As entrevistas e exames foram conduzidos
entre 2011 e 2016. Os jovens foram entrevistados de forma qualitativa, em um
método que relembra toda a alimentação da pessoa nas últimas 24 horas.
Daniela Neri, uma das responsáveis pelo estudo,
disse que foram feitas duas entrevistas com cada adolescente, em geral, sendo
uma em um dia útil e outra no fim de semana. Dessa forma, de acordo com a
pesquisadora, é possível ter um panorama da alimentação no cotidiano do jovem.
“Um entrevistador treinado pergunta tudo o que ele consumiu nas últimas 24
horas por refeição, como foi preparado, horário consumido. É um dos métodos com
menor erro para avaliar consumo”, explicou.
Os adolescentes passaram também por exames que
mediram a massa corporal e o acúmulo de gordura no abdome e nos órgãos
internos. Daniela Neri enfatiza que a gordura visceral aumenta o risco para
diversas doenças.
A partir dos dados coletados, os jovens foram
distribuídos entre três grupos, dos que menos consumiam os ultraprocessados aos
que mais tinham esses alimentos na dieta. “A gente conseguiu observar que a
partir do aumento do consumo desse alimentos no peso da dieta, havia maior
risco de obesidade”, disse a pesquisadora.
Gordura e açúcar
Daniela Neri disse que os alimentos ultraprocessados
têm muito pouco conteúdo nutricional, mas são mais atrativos, especialmente
para crianças, por terem sabores, cores e texturas feitos para agradar. “São
formulações de substâncias obtidas a partir do fracionamento de alimentos
frescos”, disse dando como referência produtos como refrigerantes, biscoitos
recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos e alimentos congelados.
Apesar do uso de alimentos frescos na produção, a
pesquisadora alerta que o resultado final são produtos muito calóricos e com
quantidades altas de sal, gorduras e açúcar. “Muito pouco do alimento fresco
fica nessas formulações. Elas incluem açúcar, óleos e gorduras também. São
acrescidos de muitas substâncias que são de uso exclusivo industrial, como
concentrados de proteína, gordura hidrogenada e amidos modificados”, disse.
Para os jovens, os efeitos de um alto consumo desse
tipo de produto são, segundo a pesquisadora, ainda maiores do que em adultos.
“É uma fase de crescimento, desenvolvimento da criança. Então, o impacto é
muito grande”.
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