Pelo menos 172 pessoas morreram à
espera de um leito de UTI no Rio Grande do Norte apenas em março, que se tornou o
mês com mais mortes por falta de assistência adequada desde o início da
pandemia no estado. O dado está no Regula RN, plataforma que monitora em tempo
real as internações na rede de assistência para Covid-19 em todo o estado. A
consulta foi realizada às 8h desta quinta (1º).
Esse dado ainda pode aumentar, já que algumas mortes
são registradas no sistema pelas unidades de saúde dias depois do ocorrido.
Desde o início da pandemia, 634 pessoas já
morreram sem direito a um leito crítico no estado. Elas representam cerca
de 14% das mais de 4,5 mil mortes por Covid-19 em todo o RN.
E foi exatamente neste dia 16 de março, o maior em
número de mortes, que a babá Laisla Coutinho viu
o pai e o avô morrerem por Covid-19 em menos de 24 horas sem
conseguir leitos de UTI pela alta taxa de ocupação no estado. Luisvaldo
Bezerra, de 49 anos, e Clenide Cigósteno dos Santos, de 77, morreram na UPA
Cidade Satélite, na Zona Sul de Natal.
Números tão expressivos não aconteciam há oito
meses. O mês de junho tinha os maiores registros até então. Naquele mês,
morreram 168 pessoas. Os dias 7 de junho, com 12 óbitos, e
6 de junho, com 11, eram os mais fatais até a chegada de março.
Esses pacientes que morrem na fila são regulados com a
necessidade de uma UTI, mas não conseguem ser transferidos em função da alta
taxa de ocupação dos leitos críticos em todo o estado. Nesta quarta (31), 60
pessoas aguardavam na fila de transferência - esse número chegou a ser maior
que 140 em março, quando
o governo adotou medidas de isolamento social rígido. A taxa de
ocupação dos leitos críticos estava acima de 97%.
Além disso, março superou junho como o mês em que mais
morreram pessoas à espera de um leito de UTI mesmo com uma rede de
assistência ampliada.
Atualmente, o estado tem mais
de 1 mil pacientes internados com Covid-19 entre leitos
clínicos e críticos nos hospitais públicos e privados. O maior número atingido
em 2020 foi em 28 de junho, quando chegou a 692.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública
(Sesap), neste mês de março apenas os leitos públicos contabilizam 826,
sendo 386 críticos e 440 clínicos. Em 2020, o máximo atingido foi 676,
sendo 316 críticos e 360 clínicos.
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