A professora Natália Marques, do Instituto Educacional
Casa Escola, em Natal, precisou reinventar sua forma de ensinar em 2020. No início
do ano, as aulas de contação de histórias eram com livro na mão, crianças em
roda e muita interação.
A pandemia de Covid-19, sem as aulas presenciais, fez
ela e toda a categoria de profissionais de ensino, que comemoram o Dia dos
Professores nesta quinta-feira (15), arranjar novas formas de educar. Inclusive
com o retorno gradual das atividades.
Outras habilidades foram adquiridas pela professora,
como a performance em frente às telas para a interpretação das histórias e o
uso de ferramentas de edição de vídeos.
“As maiores diferenças percebidas entre o virtual e o
presencial estão relacionadas ao fato de não termos a interação contínua das
crianças durante o momento de contação de história, de sentir se estão
envolvidas, de observar suas expressões e olhares que são fundamentais para
nós, pois guiam a nossa ação, voz, expressão e dão sentido à história. Essas
trocas são fundamentais para mantermos o vínculo afetivo entre nós e a
literatura”, falou a professora.
A professora conta que para interagir com os alunos,
contou com recursos tecnológicos, como os comentários mediados pelos pais na
plataforma de transmissão, além de vídeos e fotografias compartilhadas.
Mesmo familiarizada com os recursos digitais, ela se
capacitou e viu isso como essencial. Ela também precisou ter desenvoltura
diante de uma câmera, de forma a naturalizar o momento.
"Foi preciso atentar para alguns detalhes que
passavam despercebidos, como o enquadramento de imagem, o plano de fundo,
cenário utilizado, iluminação, som e o posicionamento da câmera”, falou.
Outro cenário bastante desafiador foi o das aulas de
Educação Física à distância. Para isso, os professores criaram dinâmicas para
promover o movimento do corpo das crianças usando o espaço e objetos que
possuíam em casa.
Com o retorno gradual ao ensino presencial, passam por
uma nova adaptação, com a criação de exercícios que sigam as regras de
distanciamento social, mas continuem sendo divertidos.
Modalidades do atletismo, como corrida, saltos,
arremessos e lançamentos, além de alongamentos com o apoio de objetos, como o
bambolê, são algumas das atividades desenvolvidas.
“Cada mudança é algo novo que tem de ser pensado e
produzido. Nós, professores, precisamos ir além da nossa própria zona de
conforto e ser ainda mais criativos e dinâmicos para incorporar o movimento
seguindo as regras do distanciamento”, conta João Maria, professor de Educação
Física da Casa Escola.
Saúde mental
Toda essa mudança afetou a rotina dos professores, que
passaram a ter novos desafios. “O novo sempre gera ansiedade e incertezas. No
começo, busquei aprender sobre as ferramentas digitais, adaptar-me às aulas
remotas, interagir com os alunos de outra forma. A adaptação foi difícil, mas
com o tempo, consegui me adequar para que tudo fluísse”, conta a professora
universitária e psicóloga Débora Leite.
Com essas mudanças, é preciso ter atenção à saúde
mental. "Devemos buscar o autoconhecimento, avaliar nossos comportamentos,
atitudes e emoções, e procurar entender nossos limites e vivências. Uma dica é
utilizar esse momento de reinvenção e dar novos sentidos e caminhos para a
profissão”, explicou Zacarias Ramalho, professor e psicólogo.
Elaborar uma rotina é fundamental, explica Ramalho, já
que isso ajuda no desenvolvimento das atividades diárias e no alívio da
ansiedade. "Não somos máquinas, possuímos demandas, anseios,
potencialidades e capacidades, com isso podemos nos adaptar às necessidades e
nos reinventarmos, mas é preciso metas, autocontrole e uma boa saúde mental”.

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