O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte
(Sinmed-RN) e a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
(SBACV-RN) acionaram a Justiça para interromper o processo de transferência de
leitos e pacientes do Hospital Estadual Ruy Pereira para o Hospital da Polícia
Militar, que vai receber a partir deste mês os casos cirúrgicos e de UTI - o
Hospital João Machado receberá os casos clínicos.
Essa transferência acontece após decisão judicial,
resultado de um acordo entre a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap),
Ministério Público Estadual e Federal e Conselho Regional de Medicina.
Para o médico Gutenberg Gurgel, presidente da
Sociedade Brasileira de Angiologia, uma das autoras da ação, os outros
hospitais não têm a estrutura adequada para atender a demanda vascular e
ortopédica no Estado. Com a saída dos leitos, os médicos temem pelo fechamento
da unidade.
"A gente não pode pactuar com o fechamento de um
hospital desse porte, que tem três salas de cirurgia disponíveis para cirurgia
vascular e de repente você é encaminhado para um hospital com uma sala de
cirurgia disponível para cirurgia vascular e ainda vai desmobilizar toda a
equipe", falou Gutenberg Gurgel.
O hospital foi inaugurado em 2010 e é referência em
cirurgias vasculares e em tratamento para pessoas diabéticas. Desde o início do
ano, 20 dos 80 leitos clínicos e de UTI já foram transferidos para outras
unidades. De acordo com o secretário de saúde do estado, Cipriano Maia, o
prédio onde funciona hoje o Hospital Ruy Pereira foi condenado pelo Corpo de
Bombeiros e Vigilância Sanitária.
"Em novembro e dezembro do ano passado nós
recebemos uma notificação daVigilância Sanitária Municipal interditando o Ruy
Pereira, porque ele não tinha mais condições de funcionamento. É um prédio
construído nos anos 70 que não se adequa mais às exigências de funcionamento de
um hospital ao que hoje e exigido pelas normas sanitárias da Anvisa",
falou o titular da pasta.
Em janeiro deste ano, durante uma visita, o Sindicato
dos Médicos constatou carência de leitos no hospital, dificuldades no
abastecimento de medicamentos e materiais, além de problemas estruturais do
prédio. Eles alegam que por causa dessa falta de estrutura o hospital hoje não
consegue realizar todos os procedimentos que teria condições.
"Esse hospital, se der condições, tem condições
de tratar os pacientes. O que a gente vê é que nos últimos anos a unidade tem
sofrido uma desmobilização progressivamente", alegou o médico Gutenberg
Gurgel, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia
Vascular.
Pacientes se preocupam
Para quem depende desse serviço, a mudança gera
receios, como é o caso Carlos da Silva, que é diabético e precisa de uma
cirurgia no dedo do pé. O aposentado explicou que já passou por várias unidades
hospitalares até chegar no Ruy Pereira, onde ele tem esperança de realizar logo
o procedimento cirúrgico.
"Minha situação é crítica porque essa cirurgia
era pra ter sido feita há um mês atrás. Todos os médicos que eu fui disseram:
'É urgente!'. Fui para um canto e outro até chegar aqui. Vim ao médico para me
encaminhar pra fazer a cirurgia. Acho que as autoridades tem que se manifestar
e dar uma injeção de ânimo para essa saúde funcionar", disse.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia,
atualmente 120 pessoas aguardam por uma cirurgia vascular no estado. O
secretário de saúde do estado afirmou que a transferência de leitos não vai
prejudicar esse tipo de atendimento. O objetivo, segundo ele, é qualificar e
ampliar o serviço no estado.
"Reorganizar o cuidado ao paciente para que ele
seja atendido mais oportunamente e mais precocemente próximo a onde ele mora e
antes de ter complicações. Temos também nesse processo de reorganização, a
parceria com o Hospital Universitário Onofre Lopes, que faz a parte dos
diagnósticos de arteriografias e arterioplastias, que é de tratamento e a gente
quer qualificar isso pra aumentar essa oferta”, falou Cipriano.
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