terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Tesouro Nacional diz que Estado voltou a descumprir metas fiscais

 


A Secretaria do Tesouro Nacional publicou uma portaria onde conclui que o Rio Grande do Norte descumpriu as metas do Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal. A Portaria STN/MF nº 2.980/2025 concluiu que o Estado descumpriu, ao longo de 2024, três metas estabelecidas do PEF, programa federal criado para permitir que entes com baixa capacidade de pagamento retomem o acesso a operações de crédito com garantia da União. A Secretaria da Fazenda Estadual (SEFAZ) foi procurada para esclarecer o assunto, mas não respondeu os questionamentos.

De acordo com a avaliação da Secretaria do Tesouro Nacional, o Rio Grande do Norte não atingiu as três metas centrais do PEF no exercício analisado: a geração de poupança corrente, a manutenção de disponibilidade líquida de caixa e o controle da despesa com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida. Esses indicadores são considerados essenciais para demonstrar equilíbrio fiscal e sustentabilidade das contas públicas, objetivo principal do plano instituído pela Lei Complementar nº 178/2021.

Apesar do descumprimento das metas, o Estado não ficou automaticamente impedido de contratar novos empréstimos. No fim de novembro, Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo do RN com a União, que estabeleceu um conjunto de exigências e compromissos a serem cumpridos pelo governo estadual como condição para a continuidade do acesso ao crédito. O entendimento é considerado inédito por consolidar, em um mesmo instrumento, ajustes fiscais, regras de governança e garantias jurídicas para operações de financiamento.

O Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal foi criado para atender estados e municípios com dificuldades fiscais estruturais, classificados com baixa capacidade de pagamento. Antes da sua criação, apenas entes avaliados com nota A ou B pela União conseguiam contratar empréstimos com garantia federal. Com o PEF, passou a ser possível retomar investimentos desde que o ente federativo aceitasse cumprir metas fiscais e adotasse medidas de ajuste ao longo de um período determinado. No caso do Rio Grande do Norte, o plano tem vigência até 2026.

A adesão do Estado ao PEF ocorreu em setembro de 2023, quando o governo anunciou oficialmente a entrada no programa e a expectativa de acesso a até R$ 1,6 bilhão em financiamentos ao longo de quatro anos. À época, o plano previa que os primeiros R$ 480 milhões seriam destinados à recuperação da malha rodoviária estadual. A promessa era que, com a garantia da União, o Rio Grande do Norte pudesse contratar crédito em condições mais favoráveis, com juros menores e prazos mais longos.

Como contrapartida, o Estado assumiu o compromisso de implementar medidas de esforço fiscal. O regramento do PEF exige que o ente adote ao menos três entre oito medidas estruturais possíveis, como ajustes na legislação de pessoal, mudanças previdenciárias, revisão de incentivos fiscais ou aprimoramento da gestão orçamentária. Além disso, o plano estabelece metas anuais para que, ao final de sua vigência, o Estado alcance uma capacidade de pagamento suficiente para voltar a operar normalmente no mercado de crédito com garantia da União.

A avaliação negativa de 2024, formalizada agora pela portaria do Tesouro Nacional, indica que esse processo de ajuste não ocorreu no ritmo esperado. Ainda assim, o próprio documento reconhece que o RN cumpriu os compromissos assumidos no âmbito do Programa de Acompanhamento Fiscal associado ao PEF, o que abriu espaço para a negociação de soluções alternativas.

O acordo homologado pelo STF surge, nesse contexto, como uma tentativa de evitar um bloqueio abrupto de investimentos e de dar previsibilidade às contas estaduais. Ao aceitar novas exigências e reforçar compromissos de ajuste, o governo buscou preservar a possibilidade de contratar operações de crédito, mesmo sem ter atingido as metas.

 

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