A retirada das tarifas recíprocas de 10% pelos
Estados Unidos para 238 produtos agrícolas aumentou a pressão para que o Brasil
avance na negociação que busca eliminar a sobretaxa adicional de 40% aplicada
exclusivamente ao país.
Tanto a CNI (Confederação Nacional da Indústria)
quanto o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) avaliam que a
medida amplia vantagens para concorrentes brasileiros no principal destino das
exportações industriais nacionais.
Em nota divulgada neste sábado (15.nov.2025), o
presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que a permanência da tarifa de 40%
reduz a competitividade de itens relevantes da pauta comercial brasileira, como
carne bovina e café, enquanto países não sujeitos à sobretaxa passam a ter
melhores condições para acessar o mercado norte-americano.
Análise preliminar da CNI mostra que a retirada das
tarifas de 10% beneficia 80 produtos exportados pelo Brasil em 2024, que
somaram US$ 4,6 bilhões –cerca de 11% das vendas para os EUA. Só 4 itens,
porém, ficam totalmente livres de encargos: 3 categorias de suco de laranja e
castanha-do-pará. Outros 76 seguirão enfrentando a alíquota de 40%, entre eles
café não torrado, carne bovina e cera de carnaúba.
O setor de café também sinalizou preocupação. Em
nota, o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) afirmou que o país
segue submetido à tarifa base de 10% e à adicional de 40% prevista no Artigo
301. A entidade disse que ainda avalia se o novo ato do governo norte-americano
altera uma, outra ou ambas as cobranças.
“Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para
o Brasil”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, ao g1. O café
brasileiro estava sendo taxado em 50% nos EUA. Com o anúncio de 6ª feira, a
tarifa caiu para 40%, mas grandes concorrentes, como a Colômbia e o Vietnã,
tiveram a sua tarifa zerada.
Já a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carnes) adotou tom mais positivo. Em comunicado, a entidade classificou
a redução tarifária sobre a carne bovina brasileira como gesto que reforça
confiança no diálogo técnico entre os 2 países. Disse que a decisão devolve
previsibilidade ao setor e cria condições mais adequadas ao comércio, lembrando
que os EUA são o 2º maior mercado da carne bovina do Brasil.
Segundo a Abiec, a medida fortalece a relação
bilateral e abre espaço para retomada mais equilibrada e estável das vendas. A
entidade afirmou que seguirá trabalhando com autoridades dos 2 países para
ampliar oportunidades e consolidar o Brasil como fornecedor competitivo e
confiável.
Apesar do alívio parcial, a CNI ressaltou que o
ponto central permanece: a nova decisão norte-americana não altera a ordem
executiva que mantém o adicional de 40% específico ao Brasil. Para a entidade,
o governo brasileiro precisa negociar com urgência para restabelecer condições
equitativas de comércio e evitar perda de participação de mercado para rivais
internacionais.
Poder360

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