quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Aumenta o número de acidentes com mortes causados por escorpião no Brasil: o que fazer em caso de picada?

 


O número de acidentes com escorpiões segue em crescimento no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, até setembro foram registrados mais de 126.637 mil casos no Brasil neste ano, com 148 mortes confirmadas.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou 28 mil casos de acidentes com escorpiões neste ano, liderando o ranking entre os estados brasileiros, seguido por Minas Gerais, com 21 mil casos, e Bahia, com 12 mil registros. Em julho do ano passado, a capital paulista havia registrado 2.639 ocorrências e neste ano, o valor subiu para 3.359, um aumento de 27,3%.

O Radar Whitebook, ferramenta da Afya que utiliza inteligência artificial para identificar possíveis surtos de saúde, registrou em setembro um aumento de 300% na procura de informações sobre picada de escorpião preto em relação aos meses de julho e agosto.

Esse crescimento não é sazonal, mas uma tendência histórica. Um estudo recente publicado na revista científica Frontiers in Public Health alertou que os casos de picadas no país cresceram 150% em menos de uma década (entre 2014 e 2023). Este cenário de “epidemia silenciosa” é impulsionado por uma complexa interação de fatores ambientais, sociais e biológicos.

Dayanna Palmer, especialista médica da Afya, ressalta que é fundamental redobrar os cuidados nesta época do ano, principalmente em áreas de maior risco, como terrenos baldios, pilhas de entulho e madeira acumulada, locais que favorecem a presença do escorpião.

— A atenção deve ser ainda maior com crianças e idosos, considerados mais vulneráveis aos efeitos do veneno. Em caso de picada de escorpião, a orientação é procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo, evitando medidas caseiras, já que o atendimento rápido faz toda a diferença — diz Palmer. Segundo ela, as regiões mais vulneráveis às picadas são dedos, mãos e pés.

Em qualquer pessoa, a picada de escorpião oferece riscos, mas em crianças, o perigo é ainda maior. Como elas são menores, o veneno age de forma mais intensa. Além disso, muitas vezes elas não conseguem descrever o que aconteceu, o que atrasa o diagnóstico e o atendimento.

De acordo com a dermatologista pediátrica Flavia Prevedello, do Hospital Pequeno Príncipe, que é o maior e mais completo hospital pediátrico do país, o risco de complicações e morte é maior nas faixas etárias mais jovens, especialmente nas menores de 5 anos.

A picada de escorpião gera dor intensa e localizada, e a área pode ficar vermelha e inchada. Segundo a médica, o quadro é bem diferente do apresentado em picadas de insetos comuns, como pernilongos ou formigas, que causam coceira leve e várias lesões pequenas.

“Em crianças pequenas, a dor é desproporcional ao tamanho da lesão, o que ajuda a suspeitar do acidente. A picada de escorpião costuma ser única e extremamente dolorosa”, explica Prevedello.

O que fazer em caso de picada de escorpião?

Dayanna Palmer, especialista médica da Afya, recomenda:

  • Lave cuidadosamente o local da picada com água e sabão.
  • Mantenha o acidentado em observação e o membro atingido em repouso, se possível evitando movimentá-lo muito.
  • Vá o mais rápido possível a um serviço de saúde (pronto-atendimento ou emergência) para avaliação médica, especialmente se for criança ou se surgirem sintomas além da dor local.
  • O atendimento médico, será feita a classificação da gravidade (“leve”, “moderado” ou “grave”) para orientar o tratamento adequado.

Sinais que exigem atendimento imediato

Além da dor intensa, podem surgir sintomas sistêmicos, que indicam a disseminação do veneno no corpo. Entre eles:

  • Agitação e irritabilidade;
  • Aumento da salivação;
  • Tremores e espasmos musculares;
  • Taquicardia (coração acelerado);
  • Dificuldade para respirar.

“Ao perceber esses sinais, os pais devem levar a criança imediatamente ao pronto-atendimento. Quanto mais rápido, menor o risco de complicações”, reforça a dermatologista.

Em caso de emergência, entre em contato com o SAMU (192) ou com o Corpo de Bombeiros (193). Além disso, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) dispõe de médicos e enfermeiros que prestam orientações em casos de acidentes com animais peçonhentos e outras intoxicações por meio do telefone: 0800 644 6774.

O que não fazer em caso de picada de escorpião?

É importante evitar medidas caseiras que possam agravar o quadro:

  • Não automedique a criança;
  • Não faça torniquete;
  • Não sugue o local da picada;
  • Não aplique pomadas, álcool, óleo ou outros produtos.

“Nada deve ser aplicado ou ingerido sem avaliação médica. A única medida que pode ajudar até chegar à unidade é colocar uma compressa fria sobre o local para aliviar a dor”, orienta Prevedello.
O Globo

 

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