Os principais produtos exportados do Rio Grande do
Norte para os Estados Unidos seguem fora da lista de exceções ao tarifaço
imposto pelo presidente Donald Trump. Com isso, pesca, sal e confeitaria seguem
sujeitos à sobretaxa, o que diminui a competividade dos produtos potiguares no
mercado americano.
Na quinta-feira 20, o presidente dos Estados Unidos
assinou uma ordem executiva que remove a tarifa adicional de 40% aplicada a
diversos produtos brasileiros, em meio ao avanço das negociações entre os dois
países.
No fim de julho, Donald Trump havia imposto uma
tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros – medida que, somada à
alíquota recíproca de 10% válida globalmente, elevou a taxação total a 50%. O
decreto, porém, incluiu uma lista com quase 700 exceções, entre elas suco de
laranja e itens do setor de aviação. A nova tabela divulgada pela Casa Branca
amplia esse conjunto de exceções, que agora conta com mais de 900 produtos.
A carne bovina de alta qualidade e o café estão
entre as novas isenções tarifárias. Castanhas-do-pará, caju, coco, laranja,
tomate, banana e outras frutas tropicais também estão excluídas da tarifa de
10%.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio
Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, afirma que apenas dois produtos
potiguares estão contemplados na nova decisão do governo americano: a
castanha-de-caju e a manga. “Enquanto isso, os produtos mais afetados pelo
tarifaço — como pescados (atum), produtos de confeitaria e sal — permanecem
sujeitos à tarifa de 40%”, afirmou o industrial.
Ele observa que, portanto, “o recente benefício tem
efeito limitado sobre a pauta exportadora do Rio Grande do Norte”.
A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio
Grande do Norte (Faern) destaca que o maior impacto da medida deve ser na
fruticultura. “Ainda assim, a medida contribui para melhorar o ambiente de
negócios e pode abrir oportunidades futuras, caso haja investimentos e
ampliação da base produtiva, em cadeias nas quais o RN tem produção, mas não é
protagonista e possui pouca inserção exportadora”, pondera.
A indústria de pescados ficou de fora da isenção e
fala em “frustração”. “Estamos obviamente felizes pelos setores que avançaram,
mas frustrados por não vermos evolução e priorização do pescado pelo governo
brasileiro”, afirmou, em nota, o presidente da Associação Brasileira das
Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo.
O café solúvel também não teve alívio tarifário,
assim como o mel e diversos produtos industriais, como máquinas e calçados.
Entre os produtos totalmente isentos do tarifaço na
quinta-feira está o café, um dos setores mais afetados pela medida em todo o País.
Aproximadamente 16% do café brasileiro é destinado aos EUA, um dos principais
mercados para o grão. Os embarques ao país caíram de forma expressiva desde
agosto, quando o tarifaço entrou em vigor.
A carne bovina, outro item relevante da pauta
exportadora brasileira aos EUA, também foi isenta, assim como frutas como
abacate, goiaba, manga, banana, açaí e cacau, além de nozes, água de coco,
açaí, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos.
Exportações em queda
Entre agosto e outubro, as exportações do Rio Grande
do Norte para os EUA somaram US$ 9 milhões, o que representa uma redução de US$
3 milhões (25%) frente ao mesmo período de 2024. Apesar da queda no trimestre,
o resultado acumulado de janeiro a outubro de 2025 ainda é positivo: US$ 38
milhões a mais do que em igual período do ano anterior.
Estudo da Fiern aponta que a retração foi ainda mais
intensa entre os produtos de maior peso na pauta potiguar, com um déficit de
US$ 4,2 milhões (-40,8%) nas exportações dos principais itens. O pescado (atum)
teve o pior desempenho, com queda de 72% e frustração de US$ 2,4 milhões em
vendas externas. Em seguida aparecem o sal (-46%), as frutas (-29%), as pedras
para construção (-29%) e os produtos de confeitaria (-27%).

Nenhum comentário:
Postar um comentário