sábado, 22 de novembro de 2025

“Agora é só esperar eles virem me pegar”, diz general Heleno

 


O general Augusto Heleno afirmou à CNN, nesta sexta-feira (21), que “agora é só esperar eles virem me pegar”, em referência à iminente execução da pena que pode levá-lo à prisão em uma unidade militar do Exército — instituição na qual sempre foi apontado como um dos oficiais mais respeitados do topo da carreira.

Aos 78 anos, o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Jair Bolsonaro (PL), condenado a 21 anos por participar de um plano de golpe de Estado, faz caminhadas e exercícios na quadra onde mora, em Brasília, enquanto aguarda o que considera inevitável.

Relatos de moradores da quadra indicam que Heleno é uma espécie de “celebridade” local. A área residencial, majoritariamente ocupada por militares, reúne oficiais e ex-integrantes das Forças Armadas que demonstram admiração pelo general. Eles costumam cumprimentá-lo durante as caminhadas, conversam com ele e, em algumas ocasiões, pedem fotos.

A conversa com a CNN nesta sexta-feira durou cerca de 10 minutos. 

Durante o diálogo, o general respondeu calmamente às perguntas sobre o processo. Disse que “não mandou fazer nada” e que não teve envolvimento com os fatos investigados.

Alegou ainda ter servido ao Exército por 50 anos, passando por diversas instâncias dentro da Força, e relatou que, no 8 de janeiro de 2023, quando houve a invasão dos prédios dos Três Poderes, estava em casa com a esposa. Segundo ele, “horrorizado” com o que aconteceu.

Heleno argumentou que, apesar de não poder comprovar, acredita que o movimento pode ter sido “orquestrado” por opositores ao governo da época. Além disso, negou qualquer participação ou conhecimento sobre eventuais irregularidades na Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

A agência era subordinada ao GSI e, portanto, ao ministro — mas, na prática, operacional, era comandada por Alexandre Ramagem, então diretor da Abin.

Na conversa, o general comentou que vê um ambiente de forte polarização no país e disse não enxergar “nenhuma coisa boa nisso”.

O ex-ministro também fez questão de ressaltar a atuação dos Kids pretos, militares da tropa de elite do Exército. Segundo ele, esses militares têm treinamento tático e estão preparados para “planejar e realizar”, mas reforçou que não têm ligação com o grupo.

Os Kids pretos foram condenados pelo STF sob acusação de serem responsáveis de planejar o assassinato de autoridades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes.

A condenação de Heleno e dos demais acusados foi definida em 11 de setembro. A Primeira Turma do STF fixou pena de 21 anos de prisão, em regime inicial fechado, além de 84 dias-multa no valor de um salário mínimo por dia. O julgamento faz parte do caso que apura a existência de uma trama para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula.

Por ser militar, Heleno também corre o risco de perder a patente, tema que será avaliado pelo STM (Superior Tribunal Militar).

A defesa de Heleno apresentou recursos, mas em 16 de novembro foram negados pelo STF. A defesa tem até a próxima semana para apresentar outros argumentos.

Questionado se vê chance de reverter o cenário, Heleno respondeu que não acredita nessa possibilidade e que, por ora, apenas acompanha o desenrolar do caso e aguarda o momento em que a decisão passará a ser cumprida.

“Agora é só esperar eles virem me pegar”, afirmou.

Com informações de CNN

 

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