O terceiro mandato de Lula, uma obra ainda em
construção, deixará aos historiadores uma incrível coleção de frases do
mandatário no exercício dos poderes no Planalto.
Nesta sexta, Lula disse, em Jacarta, que traficantes
são “vítimas” dos usuários de drogas e defendeu um combate “aos usuários”.
“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais
fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são
responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Você tem
uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra
porque tem gente que vende”, disse Lula.
A asneira, claro, deu muita munição para a oposição
nas redes. Janja, que vinha batendo ponto em cultos para conquistar uns votos
evangélicos ao marido em 2026, já pode tirar um período de folga. Ficou feio,
bem feio. Tão feio que o próprio Lula já correu para tentar reparar o estrago:
“Fiz uma frase mal colocada nesta quinta e quero
dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime
organizado”, disse o petista nas redes, há pouco.
Lula vive um ótimo momento no Planalto, mas não se
ajuda. A guerra na oposição para saber quem assumirá o capital político de Jair
Bolsonaro deixou a direita sem discurso, sem unidade e completamente refém do
clã Bolsonaro.
O petista poderia tirar vantagem disso, mas decidiu
falar de improviso sobre política internacional, justamente na véspera de um
encontro importante com Donald Trump, dos Estados Unidos, que está combatendo o
tráfico internacional — e não defendendo traficante coitadinho e explorado por
usuário.
Em julho de 2024, numa entrevista para a CBN, Lula,
ao falar da gravidez de mulheres vítimas de estupro, questionou: “Que monstro
vai sair do ventre dessa menina?”
Naqueles dias, na posse da nova presidente da
Petrobras, o petista sugeriu que a histórica derrota de 7 a 1 da seleção
brasileira para a Alemanha, na Copa de 2014, foi “castigo” de Deus contra quem
denunciou a corrupção petista nas obras dos estádios e a péssima qualidade dos
serviços públicos nas gestões de Dilma Rousseff.
“Vocês estão lembrados de quando nós começamos a
fazer a Copa do Mundo, a quantidade de denúncias de corrupção nos estádios. E
muita gente inventou aí – da direita mesmo – ‘tudo tem que ser padrão FIFA’… na
tentativa de desmoralizar a Copa do Mundo. E Deus é justo, nós tomamos de 7 a 1
naquela copa do mundo da Alemanha. Já que é para castigar, vamos castigar”,
disse Lula.
Ainda naquela semana de meados de 2024, o petista
anunciou investimentos no setor audiovisual e se meteu a definir o que era arte
e o que, segundo ele, é “putaria”.
“Artista, cinema e novela não são para ensinar
putaria, são para ensinar cultura, contar história. Não é para dizerem que nós
queremos ensinar coisas erradas às crianças. Queremos fazer arte. Quem não
quiser entender o que é arte, dane-se”, disse o petista.
Voltando um pouco mais no tempo, numa outra viagem
internacional, o petista já havia dito coisas sobre a guerra na Ucrânia que
despertaram a ira da Europa e dos Estados Unidos. Lula também cavou um atrito
com Israel por uma fala sobre os holocausto.
Num surto de grandeza, o petista já se declarou
herói nacional durante um evento oficial em São Paulo.
Ao abordar a discussão sobre uma possível venda da
Embraer, o petista revelou satisfação com os desastres aéreos da Boeing que
mataram 346 pessoas em 2018 e 2019: “Ainda bem que a Boeing teve um desastre e
não quis a Embraer”.
Em 2023, o presidente disse que, apesar de toda
“desgraça” da escravidão, a vinda forçada de africanos para Brasil “causou uma
coisa boa: que foi a mistura, a miscigenação”. Disse isso na África, durante
uma cerimônia ao lado do presidente de Cabo Verde, José Maria Neves.
Em franca campanha antecipada pela reeleição —
tratada com leniência pela Justiça Eleitoral –, Lula, como se vê, é seu maior
opositor quando decide falar de improviso.
Em tempo, a coleção de frases de Lula é uma obra em
permanente atualização.
Radar - VEJA

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