Cinco policiais militares investigados pela morte de
cinco jovens no município do Conde, na Região Metropolitana de João Pessoa,
divulgaram uma carta pública nesta quarta-feira (10) na qual afirmam que
preferem continuar presos a utilizar tornozeleira eletrônica, medida imposta
pela Justiça como condição para que respondam ao processo em liberdade.
Na carta, os militares alegam que a tornozeleira os
rebaixa a uma condição de criminosos, o que consideram uma “humilhação”. Eles
defendem que sempre atuaram em defesa da sociedade, destacam o histórico
profissional e afirmam que a medida cautelar ignora o princípio da presunção de
inocência. “Colocar uma tornozeleira em nossos pés é nos igualar àqueles que
combatemos”, escreveram.
O documento é assinado por Mikhaelson Shankley
Ferreira, Edvaldo Monteval Alves, Wellyson Luiz de Paula, Marcos Alberto de Sá
e Kobosque Imperiano, todos alvos de investigação pela Polícia Civil e
Ministério Público da Paraíba. A Justiça concedeu liberdade mediante
restrições, como o uso da tornozeleira, proibição de contato com familiares das
vítimas e recolhimento domiciliar noturno.
A decisão também converteu a prisão temporária em
prisão preventiva para o sexto investigado, o tenente Álex William de Lira
Oliveira, que está nos Estados Unidos e não teria colaborado com a
investigação.
Os policiais são suspeitos de envolvimento na morte
de cinco jovens, entre eles três adolescentes, durante uma abordagem policial
no dia 15 de fevereiro deste ano. A defesa sustenta que houve legítima defesa.
Confira, abaixo, a nota na íntegra
Carta ao Povo Paraibano
Povo da Paraíba
Vimos a público, como homens, cidadãos e policiais militares, falar com o
coração aberto e com a dignidade que sempre nos guiou.
Saímos de nossas casas não para buscar
vantagens pessoais, mas para cumprir o juramento que fizemos: defender os
homens e mulheres de bem, proteger a sociedade mesmo que isso custe a nossa
própria vida. Foi assim que sempre vivemos. Foi assim que agimos no dia dos
fatos que nos trouxe até aqui.
Reagimos a uma injusta agressão, não por
escolha, mas dever. E, por termos treinamento e equipamentos adequados,
conseguimos sobreviver. Saímos com vida de uma situação em que muitos não
sairiam. Cumprimos nosso papel, não como agressores, mas como defensores da
ordem, da paz e da sociedade.
Jamais ameaçamos testemunhas ou
atrapalhamos as investigações. Pelo contrário, sempre estivemos à disposição
das autoridades, colaborando e respeitando cada decisão. Essa é a nossa
verdade.
Hoje, impõe-se a nós o uso de
tornozeleiras eletrônicas. Não aceitamos. Não por rebeldia, mas por
consciência. Colocar uma tornozeleira em nossos pés e nos igualar àqueles que
combatemos é nos rebaixar de uma condição de soldados a criminosos comuns. É
uma humilhação que preferimos não carregar.
Não somos milicianos. Não somos
traficantes. Somos pais de família. Somos profissionais reconhecidos pela nossa
corporação e por diferentes setores da sociedade. Recebemos medalhas, elogios,
homenagens. E tudo isso não se apaga com acusações que ainda estão em
julgamento. Se a escolha que nos resta é permanecer presos ou carregar a marca
da tornozeleira, preferimos a prisão. Porque queremos sair daqui absolvidos, de
cabeça erguida, pelo mesmo povo que juramos defender.
Seguiremos firmes, confiantes na Justiça
e na verdade. Porque sabemos que a sociedade que defendemos há de reconhecer,
no fim, que lutamos por ela — sempre.
A quem Deus deu o dom da honra, a
desonra é pior do que a morte!
As informações são do Blog do BG.
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